Temporada nova, polêmica antiga: as mudanças de The Last of Us
Ainda tem gente questionando o fato de a série de The Last of Us não ser exatamente uma cópia do que acontece nos jogos?!
Depois de todo esse tempo? Sempre.
A frase é de Harry Potter, e em um contexto bem mais legal do que o que será usado agora, mas vale a referência. Hoje já é segunda-feira, 28 de abril de 2025, e a série de The Last of Us da HBO acaba de ter seu décimo-segundo episódio exibido – somando os nove da primeira temporada e os três da segunda.
E ainda tem gente questionando o fato de ela não ser exatamente uma cópia do que acontece nos jogos?!
Tudo bem, dá para entender que ser fã é cobrar que aquilo que você mais ama seja exatamente do jeito que você quer. É compreensível que um grande número de jogadores/espectadores esteja reclamando que o seriado de The Last of Us deveria replicar cada detalhe dos games, mas essa cobrança se torna exaustiva à medida que todo desvio é imediatamente criticado, não?
Ajustar o roteiro original é necessário para construir um ritmo narrativo no formato televisivo – além de preencher possíveis lacunas e explorar momentos que não seriam possíveis no jogo, como explicou Neil Druckmann sobre seu mais recente capítulo, que vem gerando novas discussões sobre o mesmo tema.
A produção altera algumas sequências de ação e diversos outros fatos do game para focar no drama de personagens e incluir conteúdo extra – quem não lembra, por exemplo, da incrível história da mãe de Abby na Temporada 1, além do episódio de Bill e Frank, que apesar de mudanças polêmicas, expandiu a lore do casal na série de The Last of Us?
E naquela época, honestamente, até dava para achar alguns dos questionamentos mais razoáveis – afinal, era o começo da produção, cheio de expectativa, e ninguém sabia bem como tudo isso iria se desenrolar. Mas hoje, tanto tempo depois? Trazendo mais uma referência de outro filme, como diria o Capitão Nascimento em Tropa de Elite: não dava pra saber como a banda tocava por aqui?
The Last of Us é uma a-d-a-p-t-a-ç-ã-o!
O terceiro capítulo da segunda temporada, foco de hoje, serve como ponte entre a sede de vingança de Ellie e a exploração de outras facções. É uma clara transição da história de Joel e Ellie para a jornada de Ellie e Dina. Todo o caráter de “The Path” permite um respiro narrativo, preparando o terreno para os conflitos futuros em Seattle, aprofundando o relacionamento das duas e, obviamente, explorando o luto por Joel e a reconstrução de Jackson.
E está tudo bem gostar ou não das soluções encontradas por Neil Druckmann, Craig Mazin e companhia.
Mas sério que não dá para entender que elas serão realizadas e, em muitas vezes necessárias? Depois de 12 episódios? Essa pressão incessante por uma fidelidade absoluta não leva em consideração toda a natureza distinta da televisão, na qual o público assiste passivamente e não interage com o que está na tela diretamente.
Como bem disse Isabela Merced, em evento de Complex e Max (via Variety): “Não acho que os criadores do jogo queriam que a gente ficasse tentando ser melhor ou mais inteligente que eles. É pra sentir a frustração e a dor, sem pular etapas.”
Exigir que a série de The Last of Us seja uma cópia fiel dos jogos ignora as especificidades narrativas do formato para o qual ela foi produzida e diminui um trabalho excelente (e corajoso) de justamente pegar um material-fonte tão rico a amado e adaptá-lo.
Sim, adaptar. Transformar algo para que funcione melhor em um novo contexto, respeitando sua essência, mas sem medo de mudar o que for necessário. É isso o que significa essa palavra: aceitar que simplesmente “copiar e colar” nem sempre é a melhor forma de contar uma história.