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Os 10 anos do PS4

A geração passada já tem uma década desde sua estreia - vamos relembrar a trajetória

por João Gabriel Nogueira
Os 10 anos do PS4

Parece que foi ontem que o PS4 fez sua estreia, trazendo um novo formato de controle e títulos como inFAMOUS Second Son e The Order 1886. Mas a realidade é que o console completa uma década agora em novembro de 2023, o que significa que tem jogadores de Fortnite que são mais novos que o videogame.

Neste artigo vamos relembrar a trajetória do PS4, desde sua estreia até os anos atuais, destacando alguns de seus momentos e jogos mais importantes!

2013: a estreia

O PS4 chegou oficialmente ao mercado no dia 15 de novembro de 2013, com a complicada missão de recuperar a imagem do PlayStation depois da geração conturbada do PS3. A lista de títulos de lançamento do videogame contava com jogos como Assassin’s Creed 4: Black Flag, Killzone Shadow Fall, CoD: Ghosts e Battlefield 4.

Expandindo a lista para a “janela de lançamento”, de alguns jogos que saíram um pouco depois da estreia do console, podemos incluir DriveClub, Outlast, Thief e inFAMOUS Second Son.

Um dos principais diferenciais percebidos pelo público logo no lançamento do PS4 foi o DualShock 4, a nova versão do controle. O acessório mudou um bom tanto em relação ao seu antecessor, introduzindo um touchpad e uma caixa de som diretamente no controle. Os clássicos botões “start” e “select” foram deixados de lado, sendo substituídos pelos novos “options” e “share”, respectivamente.

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DualShock 4. Fonte: reprodução.

Mas algumas das mudanças mais importantes que o PS4 fazia em relação ao PS3 não poderiam ser vistas imediatamente pelos jogadores, principalmente os mais leigos. Isso porque se tratam das novidades feitas para o hardware do console, resultado de políticas diferentes que a Sony implementou depois das críticas ao seu console anterior.

Como mencionado num artigo anterior, Mark Cerny foi contratado como chefe de arquitetura para o PS4, a fim de ajudar na criação de um console que não seja um desafio completo para o desenvolvimento de jogos – como tinha sido o PS3. Para fazer isso, a Sony trabalhou de maneira bem mais próxima aos desenvolvedores do que fez em sua geração passada.

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Mark Cerny, o arquiteto dos consoles PlayStation. Fonte: reprodução.

Cerny, por sua vez, aproveitava sua experiência com jogos que começou lá no Atari para encontrar sua filosofia para a criação da arquitetura do hardware do PS4. Falando sobre o desenvolvimento do console, o engenheiro afirma:

“Era como a famosa filosofia de Nolan Bushnell (fundador da Atari) para a criação de jogos arcade, que eles deveriam ser fáceis de aprender, mas difíceis de dominar. Minha versão disso era que o console deveria ter uma arquitetura familiar e ser fácil de desenvolver games nos primeiros anos do seu ciclo de vida, mas também é necessário ter um set rico de recursos que os criadores poderão explorar por anos.”

Essa mentalidade realmente pode ser vista refletida nos lançamentos do PS4, com alguns de seus melhores jogos saindo depois de alguns anos em que o videogame estava disponível no mercado. Mas, antes de trazer alguns desses destaques, vamos manter nosso foco no hardware, para relembrar outros importantes momentos da era PS4.

2016: PS4 Slim, PS4 Pro e o PS VR

Mantendo uma tradição estabelecida pelas gerações anteriores do PlayStation, a Sony criou uma versão slim do PS4 também. Mas, dessa vez, o videogame chegou de uma outra versão, mais “parruda” – o PS4 marcou a primeira vez que sua fabricante apostou num modelo Pro para o console.

Antes de mais nada, é interessante entender um pouco melhor porque essas novas versões dos consoles costumam aparecer. Sem se aprofundar muito nos detalhes, geralmente os avanços no desenvolvimento de processadores não demora muito para oferecer melhorias consideráveis na eficiência energética dos componentes, o que permite entregar produtos com a mesma performance, mas menores e/ou esquentando menos.

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PS4 e PS4 SLIM

As fabricantes, então, aproveitam para fazer consoles menores, o que costuma levar dois ou três anos em relação ao lançamento original. Para o caso do PS4, no entanto, havia um novo fator no mercado pressionando bastante a Sony: os famosos 4K.

Pelas voltas de 2015 e 2016, as fabricantes de TV estavam investindo pesado no marketing para convencer a população a trocarem seus televisores por novos aparelhos com muito mais resolução, numa configuração que ficou popularmente conhecida como 4K. A própria Sony, aliás, figura entre esses fabricantes.

O PS4 original, no entanto, não foi feito para aguentar jogos nessa resolução. Por isso, em 2016 a Sony decidiu não lançar apenas o PS4 Slim como normalmente já faria, marcando a estreia do PS4 Pro em conjunto.

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PS4 PRO

A versão Pro do videogame se vendeu muito na premissa de oferecer games em 4K para os jogadores aproveitarem suas enormes TVs, mas infelizmente nem todos os jogos da plataforma rodavam de maneira totalmente satisfatória nesta resolução.

Mas o PS4 Pro não seria a única novidade da geração. Apesar da sua dificuldade de segurar os famigerados 4K, o console ainda seria uma boa pedida para oferecer uma jogatina melhor em outro projeto inédito para o PlayStation: a realidade virtual.

Ainda em 2016, no terceiro aniversário do PS4, foi lançado oficialmente o PlayStation VR, ou PS VR, o headset de realidade virtual da Sony. Essa foi uma importante novidade introduzida na era do console passado, onde a Sony ainda investe atualmente, com o lançamento de uma nova versão do headset, o PS VR 2. Quem quiser se aprofundar mais no assunto pode conferir neste outro artigo totalmente dedicado à realidade virtual.

Logo em seu terceiro aniversário, então, o PS4 tinha um ecossistema respeitável. O console ainda vendia em sua versão original, oferecia a opção menor na forma do PS4 Slim e um hardware com mais capacidade, com o famoso PS4 Pro. Jogadores com o cofrinho mais rechonchudo podiam também experimentar uma maneira completamente nova de jogar no PlayStation, através da realidade virtual.

Mas tudo isso não significa nada sem os games, afinal de contas é para isso que um PlayStation serve, não é mesmo? Então finalmente chegou a hora de comentar alguns dos destaques da geração passada.

Jogos de destaque: GOW e seus amigos

Como já foi tratado em outras oportunidades, a geração passada certamente teve alguns jogos icônicos e inesquecíveis, que conquistaram imenso sucesso de vendas, de crítica ou das duas coisas ao mesmo tempo.

Confira abaixo a lista dos jogos mais vendidos no PS4, seguidos de seu número de unidades vendidas no console, segundo dados do VGChartz:

  1. Marvel’s Spider-Man (20 milhões)
  2. God of War (19,5 milhões)
  3. GTA V (19,39 milhões)
  4. Uncharted 4 (16,25 milhões)
  5. COD: Black Ops 3 (15,09 milhões)
  6. Red Dead Redemption 2 (13,94 milhões)
  7. COD: World War II (13,4 milhões)
  8. The Witcher 3: Wild Hunt (12,4 milhões)
  9. FIFA 18 (11,8 milhões)
  10. The Last of Us Remastered (11,78 milhões)
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Marvel’s Spider-Man. Fonte: reprodução.

Ver o Spider-Man no topo da lista ajuda a entender a decisão da Sony de comprar a Insomniac Studios, desenvolvedora do game, mesmo depois de trabalhar tantos anos com o estúdio de maneira independente. No fim, dos 10 jogos mais vendidos no PS4, quatro deles foram feitos especialmente para o videogame.

Mas é interessante ressaltar alguns outros títulos produzidos pela Sony que acabaram de fora do Top 10.

Horizon: Zero Dawn e The Last of Us Part II ficaram empatados, com 10 milhões de unidades vendidas, sendo colocados nos 12º e 13º lugar do ranking respectivamente, pela ordem alfabética.

Ghost of Tsushima, por mais que tenha conquistado muitos fãs, cai para a 20ª posição, com 8 milhões de unidades distribuídas. Também vale mencionar aqui o Days Gone, que seu diretor encontrou algumas fontes discutíveis para dizer que vendeu mais que o game de samurai.

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Ghost of Tsushima. Fonte: reprodução.

Mas o número de vendas dos jogos não é atestado direto da qualidade deles. Vale mencionar que muitos dos títulos que estavam disponíveis apenas no PS4 durante um bom tempo tiveram médias de notas superiores aos 90 pontos.

É o caso, por exemplo, de The Last of Us Remastered, que apareceu por último no Top 10, mas tem média de 95 no Metacritic, ficando abaixo somente dos títulos da Rockstar.

Também é interessante mencionar Persona 5, que hoje em dia é multiplataforma, mas começou sua “vida” no PS4 com uma média de 93 e depois teve sua versão Royal indo para os 95 pontos.

God of War conquistou 94 de média e Uncarted 4 foi para 93, mesma média obtida pela continuação de The Last of Us. O queridinho (e esquecidinho) Bloodborne ficou com respeitáveis 92 pontos em sua média. E ainda mostrando o poder de remasterizar jogos, a nova versão de Shadow of the Colossus emplacou a nota média de 91.

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Bloodborne: Fonte: reprodução.

A geração certamente não começou com seus melhores lançamentos, mas ao longo dos 10 anos de PS4, podemos dizer categoricamente que o console deixou um legado bem respeitável. E é óbvio que isso se refletiu no sucesso da plataforma em si, não apenas de seus títulos, e é isso que finalmente será discutido no próximo trecho do artigo.

2020 e além: PS5 e o começo do fim

Como explicado neste artigo (e também em outros) as mais importantes melhorias de hardware do PS4 em relação ao PS3 não foram apenas os avanços de performance tradicionais que se espera de uma geração para outra, mas principalmente melhorias técnicas que deixaram mais fácil para os desenvolvedores criarem jogos para o console e extraírem o melhor dele.

Essas mudanças ajudaram a resultar em títulos aclamados na geração, o que, por sua vez, impacta positivamente nas vendas. No fim das contas, o PS4 alcançou um total de 117,2 milhões de unidades distribuídas em março de 2022 – o dado oficial mais atualizado para a plataforma. O número coloca o console na quinta posição entre os mais vendidos do mundo.

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Números de vendas. Fonte: VGChartz

Infelizmente a Sony não divulga dados de números de unidades vendidas para cada modelo do PS4, então é difícil especular sobre o sucesso de sua estratégia de fazer um modelo Pro pela primeira vez na geração. Mas, com números assim, no geral o aniversariante do momento certamente fez muito sucesso.

Tudo na vida, entretanto, um dia acaba, e isso inclui as coisas boas. Em novembro de 2020 foi lançado o PS5, a geração mais recente dos consoles da Sony, o que coloca um “prazo de validade” no PS4. Só que o console ainda tem uma força considerável e conquistou uma longevidade acima da média através de seu sucesso.

Até o ano passado a Sony ainda fabricava novas unidades do PS4 no ocidente, e o suporte a novos jogos foi prometido até 2025, colocando ainda mais dois anos de garantia de novidades para quem ainda tem o console ou até mesmo está comprando somente agora.

Então será que ainda vale a pena comprar um console que já completa 10 anos de idade? Essa pergunta aparece bastante nos primeiros anos de uma nova geração, então vou aproveitar a conclusão deste artigo para deixar uma opinião.

É evidente que somente a própria pessoa pode decidir, afinal, o que “vale a pena” para ela ou não. O que posso afirmar é que, se a pessoa não teve um PS4 até agora e está pensando em comprar para economizar, pode ser uma boa sim.

É possível encontrar modelos por valores mais acessíveis e, já que o foco é economia, aproveitar para investir em games usados e antigos que aparecem por preços bem interessantes na PSN. Só os games listados no trecho de destaques deste artigo já compensam o investimento.