2022 foi um ano fraco para jogos? O que diz a crítica

Conforme caminhamos para o fim de mais um ano existindo neste mundo, começa a aparecer todo tipo de lista. Melhores do ano, piores do ano, expectativas para 2023 e assim por diante. No meio desses compilados começa a surgir um questionamento: 2022 foi um ano fraco para jogos? Ou foi bom? Foi melhor ou pior do que o ano passado?

É evidente que declarar algo bom ou ruim, melhor ou pior, parte apenas das opiniões e dos gostos de cada um. Mas ainda é uma discussão interessante, então vamos aproveitar os sites agregadores de notas e reviews para tentar julgar o ano de 2022 nos games como um todo.

O que dizem os números?

É fato que cada pessoa tem sua própria opinião do que seria uma nota mínima para um jogo ser considerado bom ou excelente. Mas, apenas para os fins da discussão neste artigo, vamos alinhar como os números serão interpretados daqui pra frente no texto:

• Notas de 90 pra cima: ótimo
• Notas de 80 a 89: muito bom
• Notas de 70 a 79: bom
• Notas de 60 a 69: regular
• Notas de 59 pra baixo: ruim

A princípio pode parecer que o círculo do “ruim” engloba notas demais, mas jogos que giram em torno dos 50 pontos são poucos em agregadores de nota e, abaixo disso, raríssimos. Não é comum que games tão ruins sejam avaliados e recebam notas.

Com os critérios estabelecidos, vamos ver quantos jogos ficam em cada nível, de acordo com o site agregador de notas OpenCritic. É evidente que essa contagem é válida para o momento em que este artigo é escrito, e os números podem mudar um pouco antes de acabar o ano.

Entre os jogos avaliados, tivemos 10 lançamentos em 2022 que podemos considerar “ótimos”. Entre eles, obviamente, o GOTY Elden Ring, com 95 em média e o também premiadíssimo GOW Ragnarok, com 93 de média. Também é interessante notar que dois deles são relançamentos – Portal: Companion Collection e The Stanley Parable: Ultra Deluxe.

São poucos jogos levando o selo de “ótimo” que estabelecemos para este artigo, mas quando baixamos o nível para “muito bom”, o número salta bastante, indo para 70 jogos. Indo para apenas “bom”, então, o número vai para surpreendentes 258 games.

Ou seja, de acordo com os critérios que combinamos para este artigo, em 2022 tivemos 338 jogos bons ou melhores em 2022. Não parece um mau número! Agora vamos recapitular o ano passado.

Uma visita a 2021

A análise do ano passado já começa com uma surpresa. Tivemos apenas dois jogos que podem ser considerados “ótimos” em 2021: Final Fantasy XIV Endwalker e Forza Horizon 5. Interessante notar que um deles não é um jogo inédito, mas sim uma grande expansão para o premiado MMO de Final Fantasy.

Indo para os jogos “muito bons” temos um número bem maior que o do ano atual. Foram 164 games com médias entre 80 e 89. O número de jogos “bons”, então, é impressionante – 314 títulos! Isso leva o total de jogos bons ou melhores em 2021 para 480 games com médias de 70 ou mais.

A diferença em números absolutos deixa as coisas mais interessantes para o ano passado, com certeza. Foram 480 jogos “bons” ou melhores, contra os 338 games na mesma faixa em 2022, mais de 140 jogos a mais.

Mas temos que observar outras coisas nessa comparação antes de sair carimbando conclusões.

A primeira, e mais óbvia, é a quantidade total de jogos. O ano passado teve muito mais jogos avaliados aparecendo no OpenCritic do que este ano. Foi um total de 721, contra apenas 580 em 2022.

E agora, como comparar?

Em números absolutos, certamente podemos dizer que 2022 foi um ano mais fraco para jogos, seguindo a opinião da crítica.

É verdade que tivemos bem menos jogos lançados avaliados neste ano, mas fazendo o cálculo da diferença, o número de lançamentos “regulares” ou “ruins” em 2022 e 2021 foi quase o mesmo – 241 e 242, respectivamente!

A grande diferença está nos jogos “bons” ou “muito bons”, que somaram um número consideravelmente maior no ano passado. Mas aqui deve entrar um pouco um julgamento de peso nos games.

Enquanto o volume de games com notas superiores a 70 é maior em 2021, nós tivemos um total de dez jogos com notas maiores que 90 em 2022, cinco vezes mais do que o obtido no ano passado. Levando-se em conta que um dos “ótimos” de 2021 é uma expansão para um MMO, os jogadores tiveram muito mais opções de jogos com ótimas notas para jogar “do zero” neste ano.

Aqui acaba entrando um pouco a milenar discussão de quantidade vs. qualidade.

Jogadores com menos tempo para jogar possivelmente valorizem mais os grandes games quase perfeitos, preferindo poucos lançamentos excelentes no ano. Enquanto isso, o pessoal que joga vários games ao mês, possivelmente vai preferir ter mais opções, valorizando mais os anos que oferecem uma biblioteca maior de jogos que sejam pelo menos “bons”.

A experiência de cada um

Voltamos à velha história de cada um com sua opinião, porque não tem escapatória. Além da questão do tempo que se tem para jogar e quantidade de games que cada pessoa experimenta, também muda muito a percepção da qualidade de cada um desses jogos.

Como explicamos em um artigo inteiramente dedicado a notas, essas médias podem ser muito úteis para saber o consenso geral de um jogo, mas não servem para adivinhar o quanto você vai gostar ou não de um game.

Até uma análise simples de gêneros indica isso. Um ano que teve um maior número de lançamentos de RPG de ação, por exemplo, vai ser melhor para quem curte o estilo, enquanto quem gosta de jogo de tiro vai defender outro ano que teve grandes títulos no gênero. Geralmente apenas “sentimos” que o ano foi melhor e dificilmente paramos para analisar a quantidade de lançamentos de um estilo específico que gostamos.

E isso não leva em conta ainda o cenário dos jogos indies, tão importante para o mundo dos games, mas sempre menos visível que os grandes triplo A soterrados em marketing. Existem muitos jogos que ficam embaixo do radar, nem chegam a aparecer em agregadores de review como o OpenCritic, mas que podem figurar na lista de preferidos de muitos jogadores.

Promessas de fim de ano

Agora que nos aproximamos de mais uma virada de ano, vale ressaltar que é fácil levantar o hype com promessas, mas é um pouco mais difícil de cumpri-las.

O ano de 2023 já se aproxima cheio de títulos anunciados e ansiosamente aguardados, como Tekken 8, Final Fantasy XVI e o remake de Resident Evil 4.

Mas vale ressaltar que tem outros jogos que estão inflando o hype do ano que vem que, na verdade, deveriam ter sido lançados em 2022. É o caso de títulos como Forspoken, Hogwarts Legacy e Starfield no Xbox, por exemplo.

Quando falamos de uma sensação geral do ano ter sido bom ou ruim para os jogos, é bem provável que o adiamento de grandes lançamentos – onde se envolve muito hype – contribui para a decepção das pessoas em relação a um determinado período. Não seria de se espantar que alguém que estivesse doido para jogar Forspoken ou Hogwarts Legacy sentiu que o ano ficou um pouco mais sem graça depois desses adiamentos.

Entre anos melhores ou piores, no entanto, há sempre que se lembrar o momento único que vivemos na história dos games. Nunca este mercado esteve tão forte e, mesmo enfrentando uma pandemia global, tivemos lançamentos como Persona 5 Royal, Hades, The Last of Us 2, It Takes Two, Ratchet and Clank: Rift Apart e tantos outros.

Devido ao longo ciclo de desenvolvimento da maioria dos grandes jogos, é possível que 2022 foi o ano que mais “sentiu” os problemas de desenvolver em meio a uma crise mundial de saúde que nos arrebatou entre 2020 e 2021, principalmente. Vamos ver o que o ano que vem nos reserva, mas se até um ano “fraco” entrega dez jogos com médias acima dos 90, acredito que estamos muito bem servidos.