PlayStation 5 Pro: vale a pena?
PlayStation 5 Pro faz com que os jogos otimizados sejam, de fato melhores e mais bonitos, mas seu preço coloca em xeque sua relação custo vs benefício
Desempenho ou fidelidade? De acordo com a Sony, a maioria dos jogadores costuma abrir mão da resolução em favor da performance. Não que gráficos em alta resolução não sejam importantes, eles são. Mas se for para escolher, que esta seja uma experiência mais fluida e suave.
E que tal, então, ter os dois? Eis o principal objetivo do PlayStation 5 Pro: entregar resolução e desempenho, sem a necessidade de preterir um ao outro. O melhor dos mundos para qualquer apaixonado por games.
Neste sentido, o PS5 Pro não só cumpre sua promessa, como também incrementa os jogos com melhorias substanciais em ray tracing, otimização e nitidez. Por outro lado, isso tem um custo financeiro relativamente alto, principalmente para nós, meros brasileiros.
No fim das contas, se vale ou não a pena, acaba sendo uma decisão fundamentada em três aspectos:
- financeiro, afinal é, sim, um preço muito acima da realidade da grande maioria da população brasileira;
- tecnológico, para quem é aficionado pelo que há de melhor neste aspecto dentro dos seus respectivos mercados;
- gamer, para os jogadores que anseiam pela experiência de jogar com resolução 4K e 60fps ao mesmo tempo.
Além disso, outro ponto importante de ser levantado: o upgrade, provavelmente, não vai ser tão atrativo, pelo menos por enquanto, para muita gente. Mas e quem ainda não tem o PS5, será que vale investir direto na versão top de linha?
O hardware
Para oferecer as melhorias nos jogos, o PS5 precisou passar por upgrades em quase todas áreas, desde a CPU até a memória. Os principais destaques são:
O clock da CPU passou de 3,55 GHz para 3,88 GHz. Ainda que seja discreta, uma frequência maior pode oferecer respostas ligeiramente mais rápidas em jogos, mas nada que seja revolucionário e notável na maior parte do tempo.
A GPU sim, passou por bons incrementos. Ela vem equipada com RDNA 3 e RDNA 4, uma microarquitetura responsável pelo processamento de gráficos, que incorpora elementos de ambas como aceleradores de IA e nova engine para ray tracing.
São 16,7 teraflops de potência, superando o PS5 “padrão” em mais de 60%. Ao todo são 60 unidades de processamento, que tem como finalidade oferecer taxas de quadros por segundo mais suaves.
E a joia da coroa, o PlayStation Spectral Super Resolution, uma tecnologia de upscaling orientada por IA que usa machine learning para fornecer resolução em 4K/8K. Quem é do PC já conhece o DLSS da Nvidia e o FSR da AMD, que também fazem o mesmo trabalho.
Também houve um aumento na largura de banda da memória RAM, que continua com 16 GB GDRR6, mas com largura de 576 GB/s frente aos 448 GB/s do modelo de 2020. Na prática isso propicia tempos de carregamentos mais rápidos, fluidez e até mais suavidade na hora do gameplay.
Um detalhe interessante é que foram adicionados 2 GB de memória DDR5, provavelmente para serem usadas em tarefas do sistema operacional, liberando então mais memória GDRR6 para os desenvolvedores trabalharem.
O PS5 Pro também conta com Wi-Fi 7, capaz de permitir downloads e uploads mais rápidos, porém o usuário deve ter equipamentos de rede compatíveis com a nova tecnologia.
E por fim, 2 TB de armazenamento. Um adicional considerável em relação aos 825 GB do original.
Todo esse emaranhado de números e siglas se traduz em um console bem mais poderoso, com capacidades mais elevadas de processamento gráfico, mais rápido e melhor.
O que realmente interessa
O que, de fato, interessa é se os jogos estão melhores e o quão avançados estão. E sim, os que foram otimizados, estão mais fluídos e entregam um gameplay mais suave e alguns dão um passo adiante.
Já no lançamento, são mais de 50 jogos com o selo PS5 Pro Enhanced. Não chegamos a testar todos eles, mas experimentamos vários em diversas condições, verificando as mudanças, ativando e desativando modos, comparações e muito mais.
Final Fantasy VII Rebirth melhorou bastante seu desempenho, com resolução mais alta graças ao PSSR e 60 FPS. Se você jogou o game, sabe que o modo resolução, apesar de mais bonito, era travado nos 30 FPS, o que não beneficiava a experiência de modo geral.
Agora é possível jogá-lo no máximo potencial, uma imagem mais nítida, uma renderização otimizada e detalhada são os principais pontos. Ao aproximar a câmera, você percebe que os herois estão mais nítidos, com menos serrilhados e mais visíveis. É possível até enxergar as cores dos olhos de Cloud, que são mais destacados.
Por outro lado, não há implementação de ray tracing, o que pode frustrar os jogadores que esperavam um algo mais.
Falando em ray tracing, quem realmente se destaca neste quesito é Marvel’s Spider-Man 2. O jogo conta com dois modos: Fidelidade Pro e Desempenho Pro.
O fidelidade mira nos 30 FPS, mas com as novas técnicas de raios e sombras. O bacana deste modo é que, apesar de ser uma taxa mais baixa, é possível ajustar recursos individualmente para alcançar taxas mais altas com o uso de VRR e modo em 120 Hz. Nos nossos testes, o jogo estava altamente fluido, suave e com excelente desempenho.
Tudo reflete, os vidros dos prédios, os carros, os lagos, as poças d’ água. É bem bonito ver isso no máximo e ainda assim jogar com fluidez.
Esse mesmo modo ainda traz um adicional inusitado. A quantidade de pedestres e tráfego de carros aumenta um pouco. Você verá mais pessoas e automóveis. Não é algo capaz de lhe arrancar um “uau”, mas é interessante.
O desempenho é pra quem gosta de taxas de quadros no talo, mas mantendo a qualidade de imagem do finalidade com o PSSR, apenas limitando um pouco os recursos de ray tracing. Neste, estão desabilitados a opção de sombras de luz e oclusão de ambiente. Que no fim das contas fazem pouca diferença, já que o RT ainda continua ativo.
Spider-Man 2 está mais nítido, detalhado, refletido e suave. É um dos que realmente dá para notar as diferenças sem muitas comparações lado a lado.
Também da Insomniac Games, Ratchet & Clank Em Uma Outra Dimensão traz as mesmas opções de configurações. Reflexos mais evidentes e bonitos, maior nitidez e clareza nas cenas, maior performance e beleza.
No entanto, por já ser um jogo muito bonito, você só vai conseguir notar os implementos se tiver olhos mais clínicos, ativar e desativar as opções disponíveis. Em resumo, você tem que se esforçar para ver as mudanças gráficas, já o desempenho melhorado é nítido.
Outro que você precisa ser mais detalhista é Demon’s Souls. O remake da Bluepoint já está atualizado para o PS5 Pro através de um modo adicional que une os dois mundos: Resolução e Desempenho. Funciona super bem e está redondinho com a super resolução, sem engasgos e com ótima imagem, mas nada de ray tracing ou qualquer outra configuração mais robusta.
Até tem mais contraste em determinadas partes do game e um sistema de sombreamento mais realista, só que em meio a tantas telas de “You Died”, uma boa parte dos jogadores não terá tempo de observar estes detalhes.
Também estonteante no PS5 base, Horizon Forbidden West foi agraciado com substanciais novidades.
O PS5 Pro simplesmente elimina a necessidade de se escolher entre fidelidade e resolução. Com os avanços de upscaling e antisserrilhamento, temos belas imagens e 60 FPS, fluídos, sem quaisquer contratempos.
Além disso, a Guerrilla Games explica que foram aprimoradas as renderizações de pele e cabelo em cutscenes, iluminação volumétrica, mais suavidade em peles e penugem.
O mundo aberto também foi beneficiado, com saltos em efeitos visuais em fumaça, água e fogo. Até os hologramas passaram por um tratamento.
The Last of Us Part I & II, dois dos destaques da revelação do PS5 Pro, claro, também estão melhores. Ambos contam com um “modo Pro”, que renderiza internamente a 1440p e depois aplica o upscaling do PSSR para o 4K, conservando os 60 FPS.
Na prática isso se traduz em uma qualidade de imagem mais definida, quadros mais estáveis e alta fidelidade. Detalhes como folhagens, as roupas e mochila de Ellie, o chão…praticamente tudo é limpo, sem ruídos nas imagens ou desfoque, mesmo aplicando zoom.
Mais uma vez, o console não decepciona neste aspecto e faz bem o seu trabalho de oferecer o 4K em FPS mais altos. Afinal, esse é seu propósito de existência, certo?
Testamos vários outros jogos como Stellar Blade, que conta com dois modos adicionais, Alan Wake 2, que está mais lindo do que nunca com seus traçados de raios de ponta.
Ainda, ausências sentidas foram Gran Turismo 7, F1 24, Hogwarts Legacy e The Crew Motorfest. Durante nossos períodos de testes, estes jogos não haviam recebido o update de melhorias específicas para o PS5 Pro.
Finalizando há uma opção que melhora a qualidade das imagens em jogos de PS4. E, de fato, os jogos parecem mais nítidos, mas para por aí. Não há uma solução que aumente o frame rate. Ou seja, não será desta vez que veremos Bloodborne ou Red Dead Redemption 2 rodando em 60 FPS no PlayStation.
PlayStation Spectral Super Resolution
O PSSR é o grande “game changer” do PS5 Pro. Trata-se, basicamente, de uma técnica de upscaling utilizando inteligência artificial e aprendizado de máquinas. Sua função principal é otimizar as imagens sem ocupar muito da GPU, entregando eficiência e qualidade em uma única tacada.
A ideia é que jogos renderizados com uma resolução menor sejam processados com uma qualidade de saída muito maior. Ou seja, uma entrada em 1440p com uma saída para tela de 4K/8K sem perder a qualidade.
Nos jogos que testamos, o PSSR fez uma baita diferença, entregando uma qualidade de imagem mais limpa, enquanto a quantidade de quadros era estável e alta. Isso traz um novo olhar para o PS5 Pro e faz dele uma peça de hardware mais atrativa, principalmente para os que não abrem mão de fidelidade e querem FPS.
O PSSR tem o benefício de ser desenvolvido exclusivamente para o PS5 Pro, ao contrário dos seus pares (DLSS e FSR) que devem atender uma ampla variedade de hardwares e especificações. Olhando para o horizonte, ele também tem boas perspectivas de futuro, já que a tecnologia certamente será aprimorada e deve estar presente nos próximos consoles da marca.
O PS5 base até conta com um sistema FSR das primeiras gerações, porém há alguns efeitos de Pixel Ghosting – imagem fantasma – em situações de alta velocidade na transição de imagens, fazendo com que as cores dos pixels não consigam acompanhar as mudanças. Em outras palavras, o tempo de resposta – em alguns casos – é lento.
Além disso, há o Pixel Jittering, que não suaviza adequadamente o resultado final das imagens, principalmente em processos de anti-aliasing.
A nova tecnologia da Sony soluciona estes dois problemas e oferece resultados bem convincentes, com menos serrilhados, mais suavidade nas bordas e curvas, tornando a precisão mais evidente.
PlayStation 5 Pro: vale a pena?
O PS4 Pro chegou em 2016 mirando no 4K, que era uma tecnologia em ampla propagação na época e que o PS4 base não era capaz de satisfazer. Já o PS5 Pro mira no 4K/8K com taxa de quadros mais altas, além de oferecer ray tracing avançado e mais otimização.
Os objetivos de cada são bem claros, mas em contextos bem diferentes. Enquanto o PS4 Pro veio com um preço mais próximo do modelo base, o PS5 Pro chega às lojas por um custo bem mais alto.
E não há como não mencionar esse elefante branco que é o preço. Embora nossas avaliações tenham como princípio se concentrar mais no jogo/produto em si, analisando o que ele realmente entrega em função do que prometeu, neste caso é diferente pois o valor a ser desembolsado é determinante para concluir se vale a pena ou não.
Com o PS5 Pro você é capaz de acessar recursos que o modelo base não é capaz de oferecer, como efeitos de luzes e sombreamentos bem mais avançados, taxas de quadros mais estáveis e alta resolução.
Você ainda deve ter notado que usamos várias vezes a palavra “nítido”. E não por falta de repertório, mas sim porque os jogos estão mais bonitos, limpos e visualmente diferentes.
Desempenho + Resolução são fatores que influenciam na sua experiência com jogos? Ou seja, é importante? Torna seu momento com games melhor? Se sim, definitivamente o PS5 deve estar no seu radar. Ele é o que há de melhor quando falamos em consoles, desempenho e fidelidade.
Final Fantasy VII Rebirth, por exemplo, é um dos que melhores aproveitam das unidades de processamento adicionais e super resolução. O jogo está realmente melhor e mais bonito.
Outro que também deu salto de qualidade foi Alan Wake 2, com desempenho mais estável e ray tracing em vários elementos da narrativa.
Por sinal, os jogos que parecem se beneficiar mais do PS5 Pro são justamente aqueles que tiveram alguns problemas no modelo padrão. E isso é um indicativo do que os desenvolvedores são capazes de fazer.
Na outra perspectiva, se o modelo atual já satisfaz suas necessidades e você se diverte bastante com o modo desempenho atual, não há aqui motivos convincentes para um upgrade, pelo menos não agora.
Ainda que existam melhorias evidentes, certamente uma parcela dos jogadores irão entender que as mudanças são da “água para o water”. Ou seja, sutil ao ponto de não ser um ponto de inflexão. Em muitos casos é preciso colocar lado a lado e fazer as comparações para entender os impactos e isso pesa na percepção de progresso.
Soma-se a isso o fato de não vir o leitor de discos e nem mesmo o suporte vertical. Ambos devem ser adquiridos à parte, o que torna o investimento ainda alto. E, claro, nem preciso lembrar que o PS5 Pro clama por uma TV/Monitor 4K com alta taxa de framerate. Se este último item não está no seu setup, as vantagens de se ter o modelo mais parrudo deixam de existir.
O PS5 Pro parece destinado a atender uma parcela mais exigente dos gamers, que valoriza ray tracing, framerate e resolução. Aqueles que gostam de estar na vanguarda, experimentando o que há de melhor, estão dispostos a pagar a mais por isso, não querem ter o trabalho de montar um PC gamer e passar por longos processos de configuração e atualização de drivers e afins.
Veredito
PlayStation 5 Pro
Sistema: PlayStation
Desenvolvedor: Sony
Jogadores: 1 - 4 jogadores
Comprar com DescontoVantagens
- Ray tracing avançado é surpreendente
- Desempenho e resolução em alto nível
- PSSR realmente faz a diferença
- Console mais otimizado e rápido
- SSD de 2 TB
Desvantagens
- Preço assusta
- Suporte vertical vendido separadamente
- Leitor de discos vendido separadamente
- Algumas melhorias são muito sutis