Lollipop Chainsaw RePOP: vale a pena?

O que é um clássico cult para você? Algo que pessoas gostam por razões duvidosas? Algo que é preservado em mídias antigas? Ou só aquele típico conteúdo que fez sucesso apenas entre uma pequena massa mais “underground”?

Bom, as três respostas podem estar corretas, mas não há como negar: esse tipo de material normalmente vive melhor quando pertencente ao passado. E Lollipop Chainsaw RePOP veio para cavar em uma tumba de algo já adormecido há bastante tempo.

A história que contagiou no PlayStation 3 retorna 12 anos depois, agora com foco nas plataformas atuais e com aprimoramentos. Mas se isso é o suficiente para convencer de que a Dragami Games fez uma boa escolha, aí são “outros quinhentos”.

Um mundo dominado por zumbis… e por bobagens

O aniversário de 18 anos de Juliet está longe de ser como esperado. Após a jovem líder de torcida levantar da cama e tomar seu banho para encontrar o namorado Nick, ela descobre que sua escola foi totalmente dominada por mortos-vivos.

Agora, ela precisa revelar sua identidade como caçadora de zumbis para acabar com o apocalipse. Ao lado da cabeça de Nick e de uma família pra lá de excêntrica, a garota enfrentará tudo em seu caminho utilizando sua serra elétrica… e pompons.

Lollipop Chainsaw RePOP é um hack ‘n’ slash que remasteriza a versão original de 2012. O título chega às plataformas modernas com novidades, apesar de muitas não ficarem evidentes durante a curta campanha de apenas 5h.

De acordo com os desenvolvedores, a edição atualizada traz gráficos remasterizados, mas que se tornam perceptíveis apenas durante a ação — em cenas de CGI, por exemplo, há uma forte impressão de emulação em vez de otimização de qualidade.

Além disso, Lollipop Chainsaw RePOP fica disponível com diversos trajes desbloqueáveis. São dezenas no total, com alguns inéditos e outros portados do título do PlayStation 3. Testá-los durante a campanha é interessante, mas nada que mude algo na experiência.

O remaster também chega com localização em português do Brasil apenas para legendas e submenus, com o menu principal estranhamente sendo em inglês e com muitas, mas muitas inconsistências de desaparecimento e dessincronização dos textos.

E caso você tenha dúvidas, a história permanece a mesma: comédia apelativa, mas genuinamente engraçada, erotização de Juliet aos montes e muito diálogo sem noção. No geral, esses elementos conversam bem e contribuem com uma aventura absurda.

Gameplay agrada, mas escapando por muito pouco

A jogabilidade de Lollipop Chainsaw RePOP aparenta estar no limitar do datado. Por muito pouco mesmo, seu gameplay não se torna problemático e inconsistente, apesar de muitos elementos tentarem atrapalhar do início ao fim.

Os combos se ligam bem e trazem uma boa sensação de desmembramento. Além disso, combater grupos de zumbis é muito satisfatório, em especial quando se destrava habilidades e atributos que fortalecem o corpo de Juliet.

Lollipop Chainsaw RePOP também inclui novidades nesse aspecto: a mira automática do blaster oferece um maior dinamismo, mesmo com a câmera atrapalhando constantemente. Enquanto isso, os efeitos de golpes coletivos são bacanas e bem realizados.

A remasterização apresenta um combate de impacto, apesar de facilitar significativamente. De fato, o modo normal do game é extremamente simples e você só morrerá se não entender dinâmicas específicas de batalhas contra chefes.

A Dragami Games também adicionou um recurso de tornar os quick-time events automáticos. Porém, não há como recomendar essa opção: são muitas atividades de reflexos no game e deixá-las na tela traz uma impressão de interface poluída.

Infelizmente, não há como negar que existem algumas questões datadas no game. Elas envolvem a carga da serra elétrica, os saltos imprecisos e elementos de exploração, que esbarram em muitas paredes invisíveis e em cenários estritamente lineares.

Homenagem não é ruim, mas poderia ser melhor

Lollipop Chainsaw RePOP se parece mais uma homenagem ao clássico cult que um jogo de verdade. Os aprimoramentos visuais se tornam mais perceptíveis apenas durante a jogabilidade, principalmente quando se repara nos atributos físicos de Juliet — isso mesmo.

Basicamente, todo o foco do game está em jogar e destravar itens de galeria, como trilhas sonoras, trajes, mensagens e troféus. Dessa forma, há a impressão de que ele funciona mais como um museu de algo que poderia facilmente ter ficado no passado.

A ausência de modos de jogo e a falta de capricho técnico certamente são coisas que incomodarão muitos fãs. Porém, vale lembrar que Lollipop Chainsaw sempre fez parte do cenário “guilty pleasure”. Ou seja, ainda é algo agradável, mesmo que de forma estranha.

No geral, é difícil entender como Lollipop Chainsaw RePOP se justifica. O título pouco prova que merecia um espaço entre outras remasterizações e no mercado atual dos games.

Lollipop Chainsaw RePOP: vale a pena?

É muito difícil dizer se Lollipop Chainsaw RePOP vale ou não a pena. Esse remaster mantém a sensação de estar jogando um clássico cult — ou seja, ele agradará uns e outros por motivos que certamente serão duvidosos.

Matar zumbis é divertido e a história entretém com seus diálogos ridículos e com eventos absurdos que acontecem do início ao fim. O problema? Nada mudou depois de quase 12 anos; talvez apenas os efeitos de tela, a física dos seios e alguns recursos de acessibilidade.

Outro problema é o valor. Na PS Store, Lollipop Chainsaw RePOP está saindo por R$ 224,50 em seu preço cheio — R$ 202,05 para assinantes PS Plus. Ambos os preços são muito acima do indicado e certamente não compensarão pela baixa oferta de conteúdos.

Lollipop Chainsaw RePOP está disponível para PS5, Xbox Series, Nintendo Switch e PC. Versões de PS4 e de Xbox One chegam nos próximos meses.