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F1 2019: vale a pena?

Jogo mantém o conhecido alto nível da série e tem até Ayrton Senna virtual

por Thiago Barros
F1 2019: vale a pena?

F1 2019. O nome já diz tudo que você precisa saber. O destaque do jogo nesse ano é levar a rivalidade de Ayrton Senna e Alain Prost para os consoles. Mas a cara da franquia, nesse momento, é mais de Michael Schumacher. Especificamente, no período entre 2000 e 2004, quando o alemão foi imbatível e sagrou-se pentacampeão mundial da categoria.

Afinal, a série de Fórmula 1 da Codemasters não tem concorrentes. É o melhor carro, com o melhor piloto. Porém, quando isso acontece, corre-se o risco de dar aquela relaxada. De não inovar tanto, porque “nem precisa”. Acontece no esporte, nos games e “na vida real”. E, sem dúvidas, F1 2019 também sofre desse mal.

Apesar de uma experiência (quase) perfeita de F1 no PS4, o título deixa um gostinho de que poderia ter mais. O próprio modo com Senna e Prost é apenas uma rápida diversão. Na Carreira, temos a F2, mas só isso. E, de resto, é basicamente o mesmo que F1 2018. Resta ao jogador escolher como reagir a isso.

Tema da Vitória

Desde que o modo com Ayrton Senna e Alain Prost foi anunciado, a comunidade ficou em êxtase. Afinal, são dois dos maiores pilotos de todos os tempos. E Senna, claro, tem toda uma carga emocional gigantesca para os fãs, especialmente os brasileiros.

Poder reviver, virtualmente, um pouco das emoções dos domingos de manhã com o “Tema da Vitória” e as narrações de Galvão Bueno é, sem dúvidas, um baita atrativo. Mesmo que o jogo não tenha a música na trilha sonora ou os bordões do narrador durante as provas.

Só é uma pena que é tudo muito rápido – e meio “sem alma”. A rivalidade em si não é tão abordada. São apenas oito “cenários”, simulando a temporada 1990, logo depois de Prost deixar a McLaren, onde era companheiro de Senna, e ir pra Ferrari. É tudo bem divertido, desde os objetivos até a ambientação e os veículos, mas parece pouco.

Os próprios desafios, apesar de divertidos, são repetitivos. O saudosismo bate forte, ver a versão digital de cada piloto e os carros nas pistas é incrível, mas poderia ser ainda mais.

Deveria haver mais cutscenes, mais desafios, mais imersão. Um modo mais robusto, como o de Michael Jordan em NBA 2K11, por exemplo. Ele relembrava momentos da carreira do astro com seus principais jogos ao longos dos anos. Poderia ser assim com Senna e Prost. Diversas corridas marcantes deles por todas as suas carreiras.

Mesmo assim, é um ponto super positivo trazer essas lendas para o jogo, ainda mais com seus carros e vários itens de personalização do Modo Carreira. É uma novidade e tanto de F1 2019, e que poderia ser expandida na sequência da franquia com outros pilotos – como Michael Schumacher, por exemplo.

Started from the bottom

Já que falamos de NBA 2K, parece haver outra inspiração no título: o Modo Carreira. Se no jogo de basquete, a cada ano, o jogador faz algo antes de ir pra NBA (joga na China, na D-League ou em universidades), agora acontece a mesma coisa em F1 2019.

É fácil (e nada realista) estrear como piloto direto na maior categoria do automobilismo mundial, não? Por isso, a Codemasters adicionou a F2 ao jogo. É preciso se destacar na “série de acesso” para subir de nível. Infelizmente, são cenários pré-definidos, o que dá aquela leve decepção, mas a adição dessa nova camada é muito interessante.

Sem falar que você tem um companheiro de time, Lukas Weber, e um rival, Devon Butler. As cutscenes com eles são bem bacanas. Além de reencontrar a repórter Claire, a agente Emma e o engenheiro Jeff, todos do Modo Carreira de F1 2018. Isso é outro ponto que é um pouco decepcionante. É uma nova história, por que não novos personagens?

Nem a ambientação do box da equipe muda. Diálogos, instruções do time nas corridas, até entrevistas. É tudo igualzinho ao jogo anterior. Novamente, não é que “precisa” mudar. Mas uma repaginada, mesmo em algo que já é ótimo, faz bem.

De qualquer forma, no geral, a experiência de seguir a carreira na Fórmula 1 é excelente. Especialmente com as novas personalizações, as configurações de carros e novos circuitos. É tudo muito realista. Conforme as temporadas passam, você vai vendo até modificações no mercado, com os pilotos reais trocando de equipes.

Introduzido há três anos na franquia, o Modo Carreira sempre foi um sucesso e não deve ser diferente em F1 2019. Afinal, mantém o que deu certo, como treinos, cutscenes e as customizações, e ainda é o que mais “dá prazer” de jogar. Afinal, a jornada que começa lá embaixo, da F2, e vai em busca do título da F1 é singular.

Poder usar os versos de Drake com propriedade é ótimo: “Started from the bottom, now we here”.

Grand Chelem

Só que nada disso seria tão legal se o gameplay de F1 2019 não fosse estelar, junto com sua ambientação. Ele é pole position, melhor volta e vitória de ponta a ponta no mesmo evento. O chamado Grand Chelem. Talvez seja o melhor game de corrida e o melhor de esporte em um só. É realmente digno de elogios.

Primeiramente, por todas as opções de customização do veículo que o usuário tem. Em cada prova, cada sessão, você pode mudar totalmente o comportamento do carro. Seja antes ou durante a disputa. É impressionante a variedade de propriedades que se pode alterar. Para quem é leigo, então, chega a ser assustador.

Quando o veículo entra na pista, então, é impressionante. O nível de realismo é enorme, e qualquer deslize deve fazer você perder muitas posições. Assim como fazer uma manobra perfeita pode garantir uma vitória. A tensão de uma corrida é absurda. A sua total atenção deve estar no game a cada manobra, ou então…

A aceleração, os freios, os contatos com as partes de fora das pistas, as modificações na jogabilidade dependendo da situação da corrida, as colisões com outros carros… É tudo muito real. Você se sente na Fórmula 1. E algo que ajuda é a ambientação. O áudio dos carros, a configuração de cada circuito, as variações do clima.

Se você acompanha a categoria, certamente vai reconhecer os traçados inconfundíveis de cada circuito. Além das características únicas de cada veículo. Sejam os modelos atuais ou os clássicos.

A grande questão é que isso não chega a ser uma surpresa. Não é novidade. Tudo parece igual a F1 2018. O que não necessariamente é ruim. Afinal, não há muito o que mexer na parte dentro da pista. É como Madden NFL, NBA 2K e tantos outros jogos de esporte. Sua jogabilidade já está em um nível tão apurado que é difícil até melhorar.

F1 2019: vale a pena?

F1 2017 foi a largada de uma era de sucesso da série, com a liberdade de personalização dos carros deixando as corridas mais reais e imprevisíveis. F1 2018 engatou outra marcha, com um Modo Carreira mais robusto. Agora, F1 2019 acelera ainda mais rumo à bandeira quadriculada. Contudo, fica a impressão de que poderia ter uma direção mais agressiva.

O slogan que é usado pela Codemasters é “Correndo à frente”. Sim, ela está. E isso pode ser a razão de a empresa não arriscar tanto. Afinal, não é simples encontrar motivação de querer fazer volta mais rápida atrás de volta mais rápida quando você já lidera a prova de ponta à ponta. Sem contar que há chances de se acidentar no caminho.

Por isso, F1 2019 faz uma pilotagem segura, sem riscos. Traz uma nova feature aqui, outra ali, mas nada realmente inovador. Se é suficiente? Depende do seu perfil.

Os fãs mais hardcore da modalidade, certamente, irão curtir. É como qualquer game de esporte. FIFA, PES, NBA. Todos sofrem do mesmo mal. Parecem que são só um pequeno update em relação ao ano anterior. Para quem não gosta, é inconcebível gastar dinheiro com esse tipo de jogo. Afinal, “é tudo igual”. Mas será mesmo?

Decerto, poderia haver mais melhorias. Porém, circuitos atualizados, mais personalização, um modo com Ayrton Senna e Alain Prost e a entrada da F2 no Modo Carreira podem ser, inegavelmente, atrativos bacanas para quem acompanha a Fórmula 1.

E, para esse público, dá para afirmar, sem qualquer dúvida, que F1 2019 é recomendado.

Veredito

F1 2019
F1 2019

Sistema: PlayStation 4

Desenvolvedor: Codemasters

Jogadores: 1 jogador

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90 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Jogabilidade irretocável
  • Novidades de customização
  • Ayrton Senna x Prost
  • Gráficos impressionantes
  • Modos de jogo robustos
Desvantagens
  • Cutscenes pouco inspiradas
  • Poucas inovações
Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Silent Hill 2
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.