Visions of Mana: vale a pena?
Mesmo caindo na repetitividade, game acerta na diversão e no dinamismo do combate
A saga Mana é uma das mais longevas do universo do games, angariando fãs de RPGs japoneses com o foco na aventura. Por isso, o lançamento de Visions of Mana contém uma certa expectativa por ser uma nova entrada da linha principal após mais de 15 anos.
E os fãs podem ficar despreocupados, pois o título entrega exatamente o que se espera: diferentes personagens jogáveis, sistema de personalização do combate com base nos elementos e um grande mundo explorável.
Não espere por um candidato a um dos melhores jogo do ano, mas o game aposta no seguro e traz uma experiência confortável. Embora seja um arroz com feijão, é um pratinho bem feito. Há problemas acerca da receptividade e superficialidade, mas ainda, sim, é um bom game.
A mesma história de sempre
Novamente, somos apresentados à Árvore da Mana, elemento visto em todos os outros games da franquia. Considerado como o sistema vital de todo o universo, a gigante planta exige as Almas de pessoas escolhidas para manter o equilíbrio e a proteção dos processos da Terra.
As Almas destinadas à Peregrinação são definidas por representantes mágicos dos elementos e precisam ir até a Árvore para “cumprir seu dever”. Nesta missão, Hienna é escolhida como a Alma do Fogo e seu guarda-costas, Val, assume a responsabilidade de protegê-la até seu rumo enquanto reúne outras Almas que também vão para o mesmo lugar.
O enredo do jogo aposta em temas como propósito, destino, livre arbítrio e consequências do papel individual pelo bem maior. Apesar de abordar assuntos abrangentes, a narrativa é muito previsível e a história deixa um sentimento que poderia ser melhor trabalhada.
Além disso, os diálogos e o texto do jogo também não ajudam. A jornada apresenta vários personagens, mas por causa de reações extremamente caricatas – como gritar pelo nome de uma pessoa ao vê-la sofrer – acaba criando uma distância e, no final das contas, o jogador só se preocupa com a dupla de protagonistas.
Como se tratava de um novo jogo da linha principal, esperava-se um modelo mais moderno e uma forma mais envolvente de apresentar a história. No entanto, vemos mais uma vez o mesmo universo e demonstrado de modo ultrapassado, como as narrações em voice-over com paisagens do universo.
Com certeza, havia formas melhores de envolver o jogador e até utilizar os personagens, ainda mais levando em consideração o tempo da campanha de quase 25 horas.
Combate com boas ideias e dinamismo
Visions of Mana se destaca pelas ideias de jogabilidade que funcionam de modo divertido. Falando inicialmente sobre a dificuldade, os desafios não exigem tanto do jogador mesmo no Modo Difícil. Os chefões dão mais trabalho só porque demoram mais para caírem, mas a impressão é que a dificuldade não exige estratégias elaboradas para a vitória – como em Final Fantasy VII Rebirth.
O gameplay é um Action RPG, ou seja, sem estamina ou barra de cansaço. Dá para executar ataques normais ou pesados e combinar os movimentos com elementos especiais e habilidades atribuídas numa roda de atalhos ou num sub menu para a batalha. Tudo muito dinâmico e ágil, fazendo o ritmo do combate ser veloz.
O destaque fica para justamente os recursos dos elementos. Enquanto Val conhece novas Almas, ele desbloqueia novas habilidades referentes ao Fogo, Vento, Terra, etc. No entanto, os novos heróis que se juntam ao grupo também possuem sua própria linha de poderes ativados a partir do relacionamento com os elementos.
Neste quesito, o sistema de jogabilidade é muito feliz porque dá para distribuir entre a party diferentes elementos para gerar combos absurdos com muitos efeitos visuais. Para quem jogou Granblue Fantasy Relink ou Tales of Arise, o ritmo do gameplay é bastante similar com explosões e poderes mágicos pulando na tela com frequência.
Apesar das histórias dos personagens não serem envolventes, a jogabilidade dos heróis é. Cada um dos novos integrantes do grupo possui um estilo de movimentação e conta com recursos únicos de acordo com seus elementos. Além disso, as habilidades supremas são um show a parte e decisivas para o combate encerrar rapidamente.
Explorar é necessário?
O mundo aberto de Visions of Mana é simples e, muitas vezes, artificial, mas conta com atividades interessantes. Utilizando os elementos para a exploração, o jogador pode retornar aos cenários que passou para desbloquear caminhos graças aos novos poderes obtidos ao longo da jornada. Algo semelhante aos metroidvanias, mas de modo mais contido.
O que incomoda são as Missões Secundárias limitadas a: encontrar pessoas ou eliminar monstros. E para piorar, as recompensas não são atrativas. Vale mais a pena subir de nível apenas fazendo os combates da campanha e da exploração natural.
Infelizmente, a sensação de repetitividade aparece cedo na experiência. Por mais que o gameplay tenha recursos para variar e a possibilidade de alternar os elementos entre os componentes da party, o jogo é resumido em enfrentar os monstros para encontrar uma nova Alma a fim de convencê-la a cumprir seu propósito.
Até que há colecionáveis e baús que escondem itens, mas os sistemas de RPG, como equipamentos e armas dos personagens, são superficiais e pouco explorados.
Visions of Mana: vale a pena?
Distante de reinventar a roda ou estabelecer novos parâmetros para a série, Visions of Mana é focado na diversão e cumpre seu papel. Havia espaço para melhorias, principalmente na forma do desenvolvimento da narrativa que usa de fórmulas ultrapassadas, mas não deixa de acertar no gameplay simples e bem movimentado.
O game atende às expectativas dos fãs que desejavam um novo título da entrada principal com mais elementos e possibilidades de combate. O título é dedicado para atender tal demanda e consegue fazer muito bem.
No entanto, fica um ponto negativo para a realidade brasileira. O game não conta com legendas em PT-BR e custa R$ 299,90 na PS Store, um preço bem salgado para os elementos oferecidos.
Se você é fã, não vai se desapontar com Visions of Mana. Porém, caso queira conhecer a saga antes, há opções mais viáveis, como o próprio Trials of Mana ou títulos com abordagens maiores como Tales of Arise.
Veredito
Vantagens
- Gameplay de combate dinâmico
- Uso criativo de elementos
- Variedade de personagens controláveis
Desvantagens
- Narrativa engessada
- Sistemas de RPG superficiais
- Exploração vazia
- Ausência de localização em PT-BR