Granblue Fantasy: Relink: vale a pena?
Review

Granblue Fantasy: Relink: vale a pena?

Granblue Fantasy: Relink faz uma estreia digna e impactante na categoria de AAA

por João Gabriel Nogueira

Granblue Fantasy: Relink é a transformação de um gacha mobile que já vai fazer dez anos de idade em um AAA completo para PS4, PS5 e PC. É uma renascença muito aguardada pelos fãs da franquia e um passo ousado para a Cygames – desenvolvedora e produtora do game.

O resultado dessa aposta surpreende com um gameplay dinâmico e divertido, enfeitado por belos gráficos e efeitos espetaculares. Talvez, Relink não chegue a alcançar todo seu potencial, mas já entrega muito no que faz.

Desbravando os céus de Zegagrande

O enredo de Granblue lembra um pouco a premissa de One Piece, um dos animes mais populares do mundo, só que no céu.

No universo do game, as pessoas vivem em ilhas flutuantes que cobrem os céus do planeta, navegando de uma para outra em aeronaves. O (ou a) protagonista do jogo é o capitão de uma dessas aeronaves, a Grandcypher, buscando a lendária ilha de Estalúcia acompanhado de sua tripulação.

Granblue Fantasy: Relink começa causando ótima impressão ao jogador. Os gráficos são lindos, os efeitos sonoros e trilha empolgantes e já começamos mergulhados na ação, enfrentando o gigantesco dragão Bahamut.

Captura de Granblue Fantasy: Relink, mostrando o tamanho de Bahamut em relação a aeronave Grandcypher.

Com poucos minutos de jogo já temos um espetáculo épico que engaja e promete muito. Mas será que essas promessas são cumpridas ao longo do jogo? Antes da resposta para essa pergunta, é necessário falar mais dos personagens de Granblue.

A tripulação da Grandcypher

Para facilitar o entendimento desta review, o protagonista do game será Djeeta, o nome padrão da versão feminina dele, que foi a escolhida para jogar. Em Relink, você pode mudar o gênero e o nome do seu herói principal a qualquer momento.

Em eventos passados, não mostrados diretamente no Relink, durante sua busca por Estalúcia, Djeeta salvou a misteriosa Lyria de um reino maligno e as duas agora literalmente compartilham suas vidas – se uma morrer, a outra morre também.

Captura de tela mostra Lyria e Djeeta dando as mãos para invocar seus poderes.

Ironicamente, a protagonista é a personagem menos interessante do jogo. O herói principal em Relink é uma “casca vazia” com pouca personalidade e quase nenhuma fala, algo comum nesse tipo de jogo. A ideia é que o jogador se projete no lugar dele.

O destaque acaba indo par aa tirpulação. Esses são os heróis que o jogador obtinha através do sistema gacha da versão original de Granblue, mas que agora usam outra mecânica.

Logo no início temos toda uma equipe disponível, com cinco pessoas além da Djeeta e Lyria, sem contar também o mascote Vyrn. São esses os personagens com participação direta na narrativa, aparecendo nas cutscenes e impactando (quase nada) na história.

Imagem mostra Katalina e Io, duas personagens principais da tripulação em Relink.

Além desse grupo inicial, temos uma coleção de mais 12 para liberar na loja. É necessário um “Cartão de Tripulação” para invocar cada novo herói. Trata-se de um item raro de conseguir no game, mas não impossível.

A união faz o espetáculo

A parte mais bacana de liberar novos personagens é a variedade no gameplay de cada um. Como mencionado anteriormente, a jogabilidade de Relink é bem simples e poderia logo ficar repetitiva, mas o pulo do gato é que cada personagem tem um estilo próprio.

Siegfried e Zeta em evidência na imagem, dois dos personagens extras desbloqueáveis.

Variar entre os heróis ajuda a manter o game divertido e interessante. Como um incentivo extra para você testar novos gameplays, temos um sistema de elementos, em que os inimigos são fracos contra tipos específicos e você pode querer usar um herói que sai na vantagem dependendo da missão.

Outro aspecto muito bacana do combate é como ele realmente é colaborativo. Existem benefícios para usar ataques especiais em cadeia e para ativar as habilidades supremas dos personagens ao mesmo tempo, o que amarra bastante a temática de equipe do jogo ao gameplay.

Captura de um momento do FullBurst, o ataque mais poderoso possível em Relink.

O combate em Relink não é apenas divertido, mas também belíssimo de se admirar. São efeitos de luzes e partículas que enchem os olhos e a tela.

É lindo de ver, mas muitas vezes deixa a visão bem poluída e quase impossível de saber o que está acontecendo. O jogo não é lá tão desafiador em sua dificuldade normal, mas fica meio frustrante ser derrubado várias vezes por simplesmente não conseguir mais encontrar seu personagem na tela.

Captura de um momento intenso com uma chuva de ataques inimigos.

O céu é o limite ou é limitado?

Passada a primeira ótima impressão que Granblue Fantasy: Relink causa no jogador, começam a aparecer as nuvens cinzentas em seu belo céu azulado.

O jogo é bastante linear. Com um visual e estilo que lembram tanto os JRPGs, o jogador que esperar esse tipo de experiência pode sair frustrado.

São apenas duas cidades no game, onde você encontra NPCs que pedem um conjunto de itens. Eles explicam o porquê de seus pedidos, mas nada com uma história ou enredo interessante. Também temos um balcão de missões extras propriamente ditas.

Captura da cidade de Seedhollow em Relink.

Essas missões são usadas para farmar itens e XP, além de poderem ser realizadas online com seus amigos – um aspecto atrativo. Mas elas são bem repetitivas e, mesmo tendo premissas diferentes, como derrotar um chefe ou proteger uma área, a prática do gameplay muda pouquíssimo entre uma e outra.

A maior parte dos itens que encontrados e/ou conquistados em Relink são materiais para melhorar as armas de cada personagem ou os selos. Até o desbloqueio de habilidades dos heróis é feito com pontos que você não obtém apenas através dos levels, mas muito mais pelas missões.

Captura mostrando a tela para forjar armas no ferreiro.

Fora das missões você fica preso às cidades, e isso é um desperdício. Os lugares reservados às atividades são muito bem trabalhados e seriam ótimos para explorar enquanto se enfrenta alguns inimigos sem focar numa tarefa específica.

Dá pra ver que toda a estrutura do gameplay se organiza em torno de fazer o jogador ficar repetindo as missões do balcão para tornar seus personagens favoritos mais fortes. É um sistema que lembra muito mais Destiny 2 do que um Dragon Quest da vida.

Menu de missões disponíveis no balcão de missões.

História rápida como um furacão

É bastante positivo o fato de que Granblue Fantasy: Relink começa com o pé no acelerador, mas também seria bom se o jogo tivesse pisado no freio mais vezes.

A história passa uma impressão de ter pressa, sem dar espaço para os personagens brilharem e acabando com qualquer suspense antes mesmo dele começar. Logo no início do jogo, por exemplo, Djeeta e Lyria acabam se separando do restante da tripulação. Seria um ótimo momento para deixar o jogador conhecer melhor as duas personagens e suas histórias, mas em minutos já encontramos todo mundo e seguimos apressadamente com a narrativa.

Imagem mostra Lilith, a vilã principal do game.

A mecânica de liberar membros extras para a equipe também poderia ter sido melhor trabalhada. Poderia ser através de pequenas missões paralelas para encontrar que mostrassem um pouco da história do próximo personagem a entrar para o time. É algo que Chrono Cross fez maravilhosamente bem há 25 anos.

Id, filho adotivo de Lilith, que aparece ao fundo na imagem.

O resultado de tanta pressa para contar a história é um enredo curto e fraco com vilões absolutamente clichês e previsíveis.

Para não ficar no ar

Aqui vai um trecho rápido para ressaltar alguns aspectos menores sobre o game que não podem ficar de fora.

O primeiro destaque vai para os “Episódios do destino”. Eles são acessados no balcão de missões e mostram um pouco mais da história de cada personagem, oferecendo um ganho de status como recompensa por assisti-los. É feito na maior parte apenas através de textos, mas é melhor que nada.

Captura das Missões do Destino, que contam a história dos personagens.

As lutas com os chefes conseguem ser bem variadas e dinâmicas, além de manterem aquela sensação épica de se enfrentar uma divindade. Certamente são os pontos altos do combate de Granblue Fantasy: Relink.

Mais uma “menção honrosa” são os momentos de gameplay completamente diferenciados. Não são muitos e é melhor evitar spoilers, mas são ocasiões bem divertidas e, na maioria dos casos, épicas!

Imagem mostra de perto o rosto de um dos maiores chefes do game.

Teria sido interessante mais configurações de acessibilidade. Relink conta apenas com um modo para daltônicos e alguns controles facilitados nas opções. Faz falta um mapeamento de botões e uma simples configuração de tamanho de legendas.

Vale mencionar ainda que o jogo não é totalmente localizado em português – apenas os textos, menus e legendas. Foi feito um ótimo trabalho de tradução, mas ficamos sem a dublagem.

Granblue Fantasy: Relink – vale a pena?

A resposta simples é: sim, com certeza! Mas, como sempre, vale gerenciar as expectativas.

O pessoal antigo, entusiasta de JRPGs clássicos, não vai encontrar esse tipo de experiência aqui. Nem é isso que o jogo se propõe a oferecer.

Granblue Fantasy: Relink é um game como serviço, com uma campanha curta com alguns momentos épicos e uma seleção de personagens diferentes e divertidos de jogar. É um jogo de ação e aventura que dá para despejar algumas horas sozinho ou com amigos, principalmente no pós-game.

Imagem mostra Grandcypher velejando pelos lindos céus de Zegagrande.

Os fãs do game original provavelmente não vão ter do que reclamar. Pode ser que alguns sintam falta do sistema de turnos, mas o combate aqui ficou satisfatório demais para não agradar. Além disso, agora você nem precisa mais sortear seu personagem preferido.

Dito tudo isso, embarque e navegue pelos céus em uma jornada de aventuras!

Veredito

Granblue Fantasy: Relink
Granblue Fantasy: Relink

Sistema: PS4, PS5 e PC

Desenvolvedor: Cygames

Jogadores: 1-4

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82 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Combate divertido e fácil de aprender
  • Gameplay único para cada personagem
  • Trabalho em equipe brilha
  • Belíssimos visuais, nos efeitos e nas artes
  • Chefes memoráveis
Desvantagens
  • Enredo curto e previsível
  • Tela fica bem poluída em alguns combates
  • Linear demais
  • Missões repetitivas
João Gabriel Nogueira
João Gabriel Nogueira
Jornalista
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Jogando agora: Nada no momento.
Jogo games, assisto a filmes e nerdeio em geral... Jornalista nas horas vagas. O GAN do canal JoGANdo.