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Resident Evil Village: vale a pena?

Sequência de Resident Evil 7, Resident Evil Village tem terror, sobrevivência e emoção ma medida certa para os fãs da saga

por Thiago Barros
Resident Evil Village: vale a pena?

Resident Evil Village não é sobre Lady Dimitrescu, o vilarejo, as criaturas horrendas que você encontra pelo caminho, os sustos que leva… Tudo isso apenas compõe o cenário de uma simples história de um pai de família apaixonado pela esposa e pela filha. Que vai ao inferno – quase que literalmente – por elas. E, por isso, ele cativa ainda mais.

O “segundo capítulo” da saga de Ethan Winters, Mia e, agora, a bebê Rosemary, é uma boa continuação para os eventos de Resident Evil 7, que marcaram uma nova era na franquia. Com uma bela ambientação, jogabilidade agradável e aquela atmosfera de terror e suspense que todos conhecemos, “RE 8” é mais um passo certeiro nessa nova direção da série.

E, pela primeira vez em 25 anos de história, com dublagem em português. A Capcom deu muita atenção à localização para o nosso idioma, tanto nas legendas quanto na voz, com direito a expressões populares, palavrões e muito mais. Uma adição super bem-vinda a Resident Evil, que sempre foi tão amado pelos fãs do Brasil.

Ethan Winters

Pobre Ethan Winters. Primeiro, perdeu a mulher e teve que resgatá-la de uma família aterrorizante. Agora, viu a esposa ser assassinada do seu lado e teve sua filha sequestrada. Como se não bastasse o que sofreu em Resident Evil 7, o protagonista volta, em uma sequência direta dos eventos daquele jogo (três anos depois), para mais dificuldades ainda. Que jornada.

Mia e Rose são os motivos da aventura de Ethan (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Mia e Rose são os motivos da aventura de Ethan (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Por isso, já é bom deixar a dica: jogue RE 7 antes de Resident Evil Village. A trama só faz sentido se você souber o que rolou antes. Tem até um “previously on” digno de séries de TV na abertura do novo jogo, mas vale a pena vivenciar o começo da saga de Ethan e Mia – se você tiver um PSVR, então, mais ainda.

Então, o enredo do novo Resident Evil é bem simples. Tudo começa com Chris Redfield aparecendo para matar Mia e sequestrar Rose, filha dela com Ethan, e arrastar o próprio Ethan junto. Mas tudo dá errado no meio do caminho, e Ethan acaba sozinho no meio de um vilarejo nada hospitaleiro – infestado por “zumbis”, “lobisomens” e criaturas assustadoras.

Chris está de volta em Resident Evil Village (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Chris está de volta em Resident Evil Village (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

No centro desta trama, está Mãe Miranda, uma espécie de “entidade” que controla o vilarejo e tem quatro “guardas” que trata como os seus filhos. É ela quem pega Rose para realizar um ritual macabro que Ethan tem que impedir. Obviamente, os “filhos da Mãe” são os obstáculos nessa caminhada: a famosa Lady Dimitrescu, Heisenberg, Moreau e Beneviento.

Cada vilão tem sua própria “área” no mapa do jogo, e a sua missão é derrotar todos eles antes do confronto final com Miranda. Destes, destaque para a casa Beneviento, com um “terror raiz”, onde a trilha sonora em um headset e o DualSense fazem toda a diferença. E as boss fights, que como de costume na série, são épicas.

Mãe Miranda é a grande vilã de Resident Evil Village (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Mãe Miranda é a grande vilã de Resident Evil Village (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

E, claro, há muitos plot twists nesse caminho. Inclusive, esse é um dos pontos altos de Resident Evil Village. Sua narrativa empolga, e a quantidade de reviravoltas que temos faz tudo ser ainda mais intenso, com ótimas referências e sacadas bem interessantes.

O uso de uma historinha infantil na introdução, a presença de Chris, a relação de Miranda com o passado da série, a volta de Ethan… Tudo combina direitinho. Os vilões, talvez, pudessem ser mais desenvolvidos, com a duração do jogo aumentando um pouco, mas no geral, é uma história que te prende, surpreende e até emociona.

É Resident Evil, sim!

Sabe toda aquela polêmica em torno da mudança drástica que Resident Evil 7 significou para a franquia? A ponto de muita gente dizer que ele “não era Resident Evil” e coisas do tipo? Bem, Resident Evil Village vem para reafirmar que, sim, isso é Resident Evil. E isso não vem só de RE 7. Village tem inspiração em Resident Evil 4, como a organização dos itens, a loja do Duque e a divisão do mapa.

Um rosto lindo e um sorriso encantador... (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Um rosto lindo e um sorriso encantador… (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

A jogabilidade, por sua vez, já se tornou “tradicional”, com o novo game sendo semelhante a seu antecessor em tudo. Armas, inventário, jump scares de vez em quando, momentos de mais survival do que horror, puzzles… Em dado momento, parece um “Far Cry de terror”. Tem uma marca própria, e que muito provavelmente será repetida nos próximos capítulos da saga.

Não há nem muito o que comentar nesse aspecto. É exatamente o mesmo esquema: explorar locais para encontrar itens, gerenciar bem tudo o que vai pro seu inventário, pensar para resolver puzzles e, no meio disso tudo, ter que lidar com criaturas assustadoras. Sempre, claro, guardando suas balas e tendo kits médicos à disposição.

Resident Evil Village tem terror raiz (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Resident Evil Village tem terror raiz (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

E essa questão não atrapalha, porque Village é uma sequência digna. Os novos inimigos são bacanas, o combate segue fluido e a história realmente te faz querer continuar jogando. Especialmente porque ainda há mistérios a serem revelados, como a Umbrella Blue, e o final deixa um gostinho de quero mais.

No combate, a única questão que incomoda é que os tiros não causam muitos danos “visuais” aos zumbis. Não é como em RE 2, que os membros saem e você sente uma progressão. Eles parecem “indestrutíveis” até que morram. Só os tiros fatais na cabeça têm animações legais, além de alguns momentos em lutas contra chefões.

Bu! (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Bu! (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Outro ponto a se destacar é que, no geral, a experiência parece um pouco mais assustadora do que a de Resident Evil 7, e é uma pena a ausência de uma versão de PSVR para aproveitar isso. Resident Evil Village encaixaria muito bem nisso, com alguns momentos que os jogadores sentiriam na pele a dureza da vida de Ethan Winters com uma imersão incrível em realidade virtual.

Especialmente porque a ambientação do jogo é, mais uma vez, irretocável. Os gráficos não chegam a saltar os olhos no PS5, talvez pelo fato de ele ser um game crossgen (e no PS4 roda muio bem também), mas os cenários são muito bem construídos, as trilhas sonoras potencializam o sentimento de medo, especialmente na Casa Benevinto, e há momentos bem intensos/surpreendentes no jogo.

Resident Evil Village: vale a pena?

A jornada de Ethan Winters é uma daquelas que vale muito vivenciar. Entrar no papel, primeiro, de um homem apaixonado que tem que salvar a esposa, depois de um pai desesperado para recuperar sua própria filha é algo que mexe – ainda mais em situações que envolvem monstros como os de Resident Evil Village.

E seguir os passos de Ethan, apesar dos sustos e surpresas, é uma experiência bacana não só de história, como principalmente na forma de jogar, que é o que mais importa. A aventura é desafiadora, te proporciona batalhas épicas, variedade de armas e inimigos… Tudo em cerca de dez horas de gameplay, o que é um dos poucos pontos a melhorar.

Para quem curte a saga Resident Evil, ou simplesmente o gênero de survival horror, é uma compra certa. Village evolui, tanto a história quanto em termos de jogabilidade, o que vimos no seu antecessor e ainda cria expectativa para o que está por vir. Tem terror na medida certa, combates épicos e exploração. Tudo o que poderíamos esperar desse título.

Veredito

Resident Evil Village
Resident Evil Village

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Capcom

Jogadores: 1

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83 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Ambientação do Vilarejo é bem agradável
  • Plot twists da história são muito bem feitos
  • Boss fights são emocionantes e desafiadoras
  • Dublagem em português pela primeira vez
  • Sequência bem amarrada de Resident Evil 7
  • Experiência um pouco mais assustadora do que a anterior
Desvantagens
  • Inimigos não são desmembrados
  • Falta de uma versão para o PSVR
  • História ainda deixa muitas pontas soltas
  • Duração poderia ser um pouco maior
Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Avatar: Frontiers of Pandora
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.