Outriders: vale a pena?
Com pouca inovação e muitos problemas técnicos, novo shooter da Square Enix não empolga
Desde seu anúncio, Outriders levantou questões sobre sua similaridade com outros títulos do gênero. Dá para dizer, por exemplo, que ele é um Anthem que “deu certo”. Mas será que isso é o suficiente? Em um mercado recheado de opções de shooters/looters, o que pode ser um diferencial para a produção da People Can Fly, publicada pela Square Enix, se destacar?
Essa é a pergunta de um milhão de dólares – e que não conseguimos responder. Não é que Outriders seja um jogo ruim. Longe disso. Ele tem tudo o que se espera de um game desse tipo. Mas é “só” isso. Se sobram tiroteios, grind e uma bela diversidade de cenários, armas e inimigos, faltam enredo, novidades e aspectos técnicos.
A impressão que fica é que ele é um misto de coisas de outros jogos que acabou ficando sem uma cara própria. Mesmo com um combate divertido em muitos aspectos, o jogo peca por não expandir além disso. Em um dado momento, você já sabe exatamente o que esperar – independente da missão. Uma área aberta, com espaços para “cover” seu e dos inimigos.
Virão ondas e ondas de inimigos, além de um ou mais chefes, para você matar e pronto. Tem uma sidequest aqui, outra ali, mas no geral, seguindo também esse modelo. No meio disso tudo, um enredo ao qual ninguém presta atenção, cutscenes com diálogos duvidosos e um visual abaixo do esperado, e problemas de conexão.
Congelado
A história de Outriders coloca o jogador no papel de um soldado que deixou a Terra para buscar povoar um novo planeta, Enoch. Nesse local, ele encontra uma Anomalia que lhe dá poderes místicos – divididos em quatro classes, das quais é possível escolher só uma:
- Trickster: uma classe de ‘assassino’, excelente em perturbar os inimigos com ataques de golpe e fuga;
- Pyromancer: excelente em alcance médio e pode envolver multidões de inimigos em chamas;
- Devastator: um tanque, ótimo para absorver impactos enquanto derruba os inimigos de perto;
- Technomancer: pode atacar inimigos de longa e média distância e apoiar seus companheiros de equipe com seus aparelhos.
Depois de uma longa introdução, e de alguns anos congelado, você vai escolher a classe e começar a enfrentar inimigos em um mundo bem diferente do que encontrou na sua chegada. Sejam eles humanos ou criaturas locais.
E, como em todo bom jogo desse estilo, a classe é só o começo. Tem árvore de habilidades, tem grind por armas e equipamentos, e tudo aquilo que já estamos mais do que acostumados a ver. Missões escondidas, baús, vendedores de itens…
Parece que Outriders também ficou “congelado”, não é mesmo?
O objetivo é simples: ir subindo de nível, conforme vai descobrindo o que está acontecendo em Enoch, até zerar a história principal, em cerca de 20 horas, e ficar se dedicando às expedições no endgame. Sempre em busca de melhores equipamentos e armas.
Exatamente o que se espera de um jogo como esse, e o que vai atrair os jogadores que curtem esse estilo. A grande questão negativa que passa é a falta de uma cara mais clara. Vemos elementos de Destiny, Doom, The Division, Anthem, Avengers e muitos outros jogos. Mas, afinal, o que é Outriders? Quem é Outriders? O que chama a atenção que ele trouxe pra cena?
Nada.
Podemos, sim, elogiar alguns aspectos. Como os combates. A inteligência artificial dos inimigos é impressionante, e os tiroteios são bem emocionantes; podendo até ficar bem difíceis se você jogar sozinho. Para facilitar um pouquinho nesse aspecto, é possível equilibrar no “Nível do Mundo”, onde quanto maior o level, mais recompensas (e mais complicadas são as batalhas).
Inimigos, mundos, armas e equipamentos também se destacam. É tudo muito bem feito. As variações agradam, e é realmente satisfatório superar uma onda enorme de bichos ou humanos e avançar. Porém, poderia haver missões um pouco diferentes. Explorar, resolver algum puzzle, apenas observar determinado lugar…
Um ponto que merece destaque é a localização para o português do Brasil completinha – mesmo com alguns bugs em legendas e áudios em determinados momentos. Além, é claro, do fato de ele não ter microtransações, o que precisa ser bastante exaltado. Só que, além de não ter muita personalidade, Outriders ainda sofre com problemas técnicos.
Isso faz com que o jogador precise ter um sinal de alerta ainda maior. Desconexões, bugs na tela inicial e até casos de crash que perdem progresso e itens. Tudo isso foi relatado recentemente. Nos nossos testes, ficamos dois dias quase inteiros sem conseguir jogar, e ainda tivemos também inúmeros crashes in-game (mas sem prejudicar o progresso, felizmente).
Os devs já prometeram patches de correção, mais detalhes sobre os erros e “expansões significativas” no futuro. A primeira impressão, contudo, não foi tão positiva. E, já que falamos tanto que Outriders “se inspira” em outros jogos, resta saber quem ele vai seguir agora: Anthem, que continuou com falhas e caiu no esquecimento, ou The Division, que se recuperou e voltou a crescer após um início duvidoso.
Outriders: vale a pena?
Por enquanto, Outriders chegou ao mercado como mais um shooter/looter em terceira pessoa e, muito provavelmente, é só assim que ele será lembrado – além de ter feito história com um altíssimo número de jogadores no Xbox, por estar incluso no Game Pass. Afinal, é um game que acerta na ação, mas peca em inovação.
Falta personalidade. Algo diferente. Uma característica única que seja capaz de prender o jogador. Especialmente com tantos games bem similares já disponíveis e com mais atrativos; caras próprias. The Division, Destiny e até Marvel’s Avengers chamam mais a atenção – em todos os quesitos – do que o novo game da Square Enix.
Que não é ruim, apesar de ter muitos problemas técnicos. É apenas um daqueles jogos fáceis de ignorar, especialmente se você tiver que gastar R$ 279,90 para adquirir o seu. Com uma promoção, e amigos que gostem de algo nessa pegada, pode valer a pena. Agora, porém, parece um investimento que não compensa tanto assim.
Veredito
Vantagens
- Ambientação dos cenários é bem feito e variado
- Diversidade de classes, habilidades e armas agrada
- Ritmo do combate e adaptação da dificuldade
- Não tem microtransações
- Possui localização completa para o Brasil
Desvantagens
- Falta "personalidade" para ser diferenciado
- Design das missões é extremamente repetitivo
- Problemas técnicos incomodam bastante
- Visual não agrada tanto nas cutscenes
- Difícil demais achar pessoas para jogar coop