Gotham Knights: vale a pena?
Com uma bela história e um gameplay divertido, Gotham Knights pode surpreender, apenas esbarra em problemas técnicos
Se inspirar em alguém é sinônimo de ter um motivo para seguir um caminho na vida, a acreditar em um ideal e jamais abandoná-lo, a moldar a nossa identidade com base naquela pessoa especial. Normalmente, os heróis do nosso cotidiano (bombeiros, policiais, pais, mães, etc.) servem como essas inspirações. Gotham Knights é moldado em cima disso: um homem deixa um legado que precisa continuar nas mãos de seus “filhos”.
O novo game da WB Montreal se passa no universo de Batman, mas o grande protetor de Gotham City já não está mais entre nós. Cabe então, a Robin, Batgirl, Asa Noturna e Capuz Vermelho, seus fiéis aprendizes, a carregarem o fardo de livrar a cidade de um mal, que nem mesmo o homem-morcego foi capaz de desvendar.
De forma semelhante ao que ocorreu com Marvel’s Guardians of the Galaxy, da Square Enix, Gotham Knights pode ser subestimado. Com história bastante rica, o jogo diverte do início ao fim. Entretanto, alguns problemas técnicos podem irritar os mais exigentes.
Desvende a Corte das Corujas
O ponto mais forte de Gotham Knights é sua narrativa, que já começa em uma extensa cutscene, onde vemos Batman e Ra’s Al Ghul, líder da Liga das Sombras, travarem uma luta que termina com a morte de ambos. Infelizmente, Batgirl, Asa Noturna, Capuz Vermelho e Robin não chegam a tempo para resgatar Bruce Wayne e, agora, devem cuidar de Gotham City.
Enquanto estava vivo, Bruce investigava um mito urbano, a Corte das Corujas, mas jamais conseguiu provar sua existência. Segundo a lenda, esse grupo cultista controla Gotham por baixo dos panos e é responsável por todos os crimes sem resolução na história da cidade. Se há algo ruim acontecendo, provavelmente foi por ordem da Corte. Se existe um problema sistemático sem solução, é porque isto os ajudam.
Agora, os pupilos precisam continuar a missão dele: encontrar e destruir a Corte. Em meio a isso, a Liga das Sombras também se faz presente em Gotham, querendo atrapalhar os heróis ao causar uma guerra na cidade.
Robin, Batgirl, Capuz Vermelho e Asa Noturna começam o jogo “perdidos”, por conta da ausência de seu mestre, inspiração e, por que não, figura paterna. Os heróis sabem que precisam proteger a cidade do mal, mas sem Bruce para guiá-los, esta tarefa beira o impossível. E é aí onde vemos conflitos internos e consequente amadurecimento por parte deles.
Gotham Knights não peca em construir uma narrativa bem entrelaçada, que prende do início ao fim. Apesar disso, a partir de certo momento, os acontecimentos se tornam um tanto previsíveis. Entretanto, não se engane: isso não quer dizer que a história fica ruim, muito pelo contrário: na verdade, o player se sente instigado a jogar mais para ver se a narrativa confirmará suas expectativas. Ponto positivo para a WB Montreal.
Também vale a pena mencionar as boas histórias secundárias do game, que envolvem a Arlequina, o Sr. Frio e o Cara-de-Barro. Elas também entretêm os fãs por bastante tempo, embora não tenham, logicamente, o mesmo impacto da narrativa principal.
Batgirl, Capuz Vermelho, Asa Noturna ou Robin?
No início do RPG, o jogador se depara com uma decisão difícil: qual herói escolher para seguir sua jornada? É possível optar por Robin, Capuz Vermelho, Batgirl ou Asa Noturna. Ao fazer isso, os jogadores verão a história a partir da perspectiva de cada um — inclusive, conforme a WB Montreal já afirmou, para checar todas elas, é necessário rejogar a aventura várias vezes.
A variedade no gameplay de cada personagem é mais um ponto positivo para Gotham Knights. Cada um possui um estilo de luta diferente, além de habilidades que os distinguem um do outro. Por exemplo: Capuz Vermelho é excelente com armas de fogo, Batgirl pode hackear câmeras e torretas para desativá-las, Asa Noturna é ágil e acrobata, enquanto Robin tem skills furtivas.
Por sorte, o jogador consegue trocar qual personagem está controlando a partir do Campanário, a base de operações do quarteto. Dessa forma, se o estilo de gameplay de alguém não lhe agradou, basta testar entrar na pele dos demais aprendizes do Batman.
Falando no Campanário, é lá onde você pode se preparar para combater o crime em Gotham City. Na base, é possível criar trajes e armas para aumentar os poderes dos personagens, além de instalar chips nestes equipamentos, visando torná-los ainda mais fortes. Inclusive, é bom pensar bem em quais armamentos você vai fazer, pois cada um possui atributos distintos (chances de acerto crítico, dano elemental, etc.).
Depois de visitarem o Campanário, os vigilantes saem para o mundo aberto de Gotham. A cidade é bem grande, sendo dividida em diversas regiões, onde os crimes dos mais variados acontecem: assaltos, sequestros, negociações clandestinas, entre muitos outros. Cabe ao jogador dar conta de tudo, para avançar na história e se tornar uma lenda — os civis até comentam nas ruas se Robin e cia. são conhecidos ou não.
A locomoção pelo mapa é um dos destaques do game. Isto porque existem diversas formas de atravessar a cidade: pela viagem rápida, com a BatMoto, com cordas ou até com habilidades. O uso de cordas nos prédios, aliás, lembra um pouco as teias de Marvel’s Spider-Man, embora não seja tão fluida — ao utilizá-la, o personagem se move em linha reta, sem possibilidade de ir para esquerda ou direita.
Por fim, vale a menção ao bom modo cooperativo, onde dois jogadores se reúnem para desbravar o mundo aberto, progredirem na história e até se ajudarem com certas habilidades no combate que dão buffs um para o outro. Toda a ação acontece em tempo real, sem presença de lag — pelo menos nas sessões nas quais conseguimos participar.
Gotham Knights ainda precisa de polimento
O calcanhar de Aquiles de Gotham Knights, com certeza, é sua parte técnica. Embora apresente gráficos bonitos no que diz respeito ao ambiente, o game peca no design dos personagens, bem como em seu desempenho — o principal dos problemas.
O título da WB Montreal causou polêmica na última semana, quando foi revelado não existir um modo performance, para priorizar a taxa de quadros por segundo. De fato, o título roda em 4K a 30 FPS, sem possibilidade de optar pelos famosos 60 FPS.
A justificativa do estúdio canadense até tenta fazer sentido: por haver um gameplay coop, em mundo aberto e tempo real, seria bastante difícil construir o modo. O problema nessa questão é que mesmo em 30 FPS há quedas notáveis de desempenho, especialmente ao dirigir a BatMoto.
Também não é raro encontrar bugs visuais ou de áudio em cutscenes — por sorte, a legenda permite que o jogador entenda o personagem com a fala picotada.
Todos esses contratempos são passíveis de correções em futuros patches. Entretanto, são questões que podem distrair e até irritar os gamers mais atentos.
Gotham Knights: vale a pena?
Gotham Knights cumpre sua proposta: traz uma história intrigante no universo do Batman, que pode ser desfrutada tanto no single-player quanto em multiplayer. Devido ao seu escopo, com um mundo aberto grande e coop em tempo real, o jogo é realmente uma experiência bacana.
Por outro lado, quem está acostumado com jogatinas a 60 FPS, provavelmente não vai se satisfazer com o título, pois não há a mesma fluidez no combate com 30 FPS. Além disso, as quedas nas taxas de quadros e os bugs dão uma freada no que este produto deveria ter sido.
Os jogadores devem gastar até 20h de gameplay se quiserem concluir o dossiê principal da história — que envolve a Corte das Corujas e a Liga das Sombras. Esse tempo pode se estender, caso também experimentem as linhas secundárias (Arlequina, Cara-de-Barro e Sr. Frio).
Veredito
Gotham Knights
Sistema: PlayStation 5
Desenvolvedor: WB Montreal
Jogadores: 1-2
Comprar com DescontoVantagens
- História incrível e muito bem construída
- Jogabilidade divertida, que não cansa
- Bastante variedade no gameplay dos 4 protagonistas
- Modo cooperativo em mundo aberto e tempo real
- Mundo aberto recheado de atividades
Desvantagens
- Não existe modo em 60 FPS
- Quedas de FPS, principalmente ao usar a BatMoto
- Problemas visuais e de som