Backbone: vale a pena?
Uma jornada de autoconhecimento e muitas reviravoltas aguardam os jogadores
Backbone é uma aventura investigativa com foco na vida de Howard Lottor, um detetive particular na pele de um guaxinim. Produzido pela EggNut, o título indie faz sua estreia nesta quinta-feira (28) nos consoles.
Com visual em pixel art e com influência de filmes “noir”, o game é uma jornada de autoconhecimento para o protagonista. Com problemas familiares e isolado da maioria das pessoas que se importam com ele, um caso envolvendo possível traição muda completamente sua vida.
Testamos o jogo no PlayStation 5 e, infelizmente, não tivemos acesso à tradução em PT-BR. No entanto, isso não prejudicou a experiência. Vale ressaltar o futuro lançamento da localização, esta prometida pelos devs recentemente.
Um mundo habitado somente por animais
Backbone é ambientado na cidade de Vancouver (Canadá), onde os habitantes são todos animais. Conforme a história se desenrola, além do guaxinim, o jogador encontrará jacarés, peixes, ursos, raposas e outras espécies do mundo selvagem. Porém, um caso em particular chamará a atenção de Howard Lottor.
O que era para ser somente uma suspeita de traição, acaba virando algo muito mais complicado e profundo. Existe um regime autoritário e opressivo dos governantes e, conforme a narrativa prossegue, Lottor encontrará pistas sugerindo um ataque às classes menos favorecidas envolvendo mortes e experimentos ilegais.
O jogo estava sendo construído pacientemente e em um ritmo ótimo. Porém, as coisas ficaram aceleradas demais e com muitas reviravoltas, especialmente no ato final. Isso poderia ter sido abordado com mais atos, talvez.
Cada um dos atos apresentará um distrito ou local específico da cidade aos jogadores. Existem cinco capítulos até concluir a história — cerca de 5h de jogatina.
Gameplay de Backbone é “sorrateiro”
O detetive particular não é muito fã de resolver as coisas no soco e prefere bastante o improviso. Para evitar ser avistado por inimigos ou outros elementos distribuídos pelos cenários 2D, Lottor pode se esconder em lugares escuros e chamar a atenção de guardas ou civis no caminho, ao acionar objetos.
Ao caminhar pelas cidades, é possível interagir com os cidadãos e entrar em alguns estabelecimentos. Para explorar cada canto das fases, o guaxinim pode correr, subir escadas, ficar abaixado para passar por lugares apertados e continuar improvisando na busca por respostas.
Um ponto importante sobre a jogabilidade: infelizmente, o jogo não pode ser salvo quando queremos. Como os saves são acionados automaticamente, não dá para voltar de onde começou no meio de um dos atos caso precise parar o gameplay.
Obter pistas é complicado para quem não tem boa lábia
Não dá para esconder sua identidade de todos em Backbone. O jogo é baseado em linhas de diálogos importantíssimas para definir o próximo objetivo de Howard Lottor. Porém, é necessário escolher cada uma delas com cautela.
Caso os NPCs suspeitem de suas intenções, o caminho para chegar onde você precisa pode ficar mais extenso. Quem conseguir interpretar melhor as palavras certas para lidar com as situações, se sairá muito bem.
Por outro lado, um ponto ruim sobre o jogo foi a falta de finais distintos. No fim, os diálogos só serviram para pegar pistas e definir o quão astuto o guaxinim seria ao lidar com os suspeitos e demais envolvidos. A mecânica investigativa dá essa brecha, no entanto, os devs não aproveitaram.
Port do estilo “point click” não ficou tão prático
Não testamos Backbone no PC, mas, com base em gameplays divulgados e comparando à nossa experiência, observamos como é muito mais fácil interagir com as pistas e puzzles utilizando mouse e teclado.
Em certos momentos há muitos elementos soltos na tela e a movimentação com o analógico limita um pouco. Isso fez a resolução do primeiro puzzle ficar um pouco complicada demais.
Outra questão observada durante o gameplay foi relacionada aos diálogos. Enquanto um personagem que fala com Lottor, mas não está em seu campo de visão, os balões de fala não aparecem e, mesmo as informações sendo “menos importantes” acabam se perdendo.
Falando sobre a adaptação do jogo para os consoles, o DualSense não apresentou nenhuma função diferente ou interação ao título. Poderia ter sido aproveitado? Sim. No entanto, não prejudica a experiência em nada.
Backbone: vale a pena?
A crise de identidade Howard Lottor e todo o caminho para o personagem chegar às respostas do caso fazem do jogo uma boa opção para se ter na biblioteca. Com cerca de 5h de gameplay, é possível concluir a história rapidamente. O visual pixelado e a pegada mais investigativa combinam muito bem.
Concluindo, com uma narrativa cheia de críticas sociais, reviravoltas bem tensas, gameplay stealth, muita improvisação e momentos muito bem transmitidos através do protagonista e seus diálogos bem construídos. Por R$ 133,90 na PS Store, Backbone vale a pena para fãs de boas histórias (e que quiserem investir).
Veredito
Vantagens
- História interessante
- Diálogos são bem construídos
- Visual pixelado encaixou bem com a proposta
- Deixa abertura para possível sequência
Desvantagens
- Poderia ter finais distintos baseados nas decisões dos diálogos
- Certos pontos da reviravolta na trama ficaram estranhos
- Somente 5 horas de conteúdo
- Não estava em PT-BR
- Navegação em certos menus é limitada