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Ex-chefe da PlayStation fala sobre exclusividade, custo dos jogos e mais

Shawn Layden é a favor de “furar a bolha” com novas propostas

por Jean Azevedo
Ex-chefe da PlayStation fala sobre exclusividade, custo dos jogos e mais

Sempre que o assunto é exclusividade e a fala vem de um ex-PlayStation, a pauta costuma chamar atenção. Principalmente quando essa pessoa é Shawn Layden, ex-chefe da Worldwide Studios e que talvez seja um dos grandes nomes recentes na mente da comunidade devido ao sucesso do PS4.

Segundo Layden, em entrevista para o VentureBeat, Phil Spencer, chefe da Microsoft Gaming, não está errado em mandar seus jogos para a Sony, e a gigante japonesa também não adotou uma estratégia ruim ao mandar seus títulos para o PC. O motivo é simples: dependendo da proposta, lucro e exclusividade podem seguir caminhos opostos.

Quando se trata de jogos gratuitos e como serviço principalmente, prender um título somente em uma plataforma pode ser um tiro no pé. Layden entende que a abordagem precisa ser assim:

Quando seus custos para um jogo excedem US$ 200 milhões, a exclusividade é seu calcanhar de Aquiles. Isso reduz seu mercado potencial. Especialmente quando você está no mundo dos jogos de serviço ao vivo ou free-to-play. Outra plataforma é apenas outra maneira de abrir o funil, atraindo mais pessoas. Em um mundo free-to-play, como sabemos, 95% dessas pessoas nunca gastarão um centavo. O negócio é tudo sobre conversão. Você tem que melhorar suas chances abrindo o funil. Helldivers 2 mostrou isso para o PlayStation, sendo lançado para PC ao mesmo tempo. Mais uma vez, você abre esse funil mais amplo. Você atrai mais pessoas.

E com os jogos single-player? PlayStation e outras gigantes precisam “equilibrar”

Como dito acima, a própria PlayStation, na visão de Layden, acertou ao lançar Helldivers 2 como um título para PS5 e PC. Com isso, a empresa não está mais “tirando dinheiro das mesmas pessoas”, faz o live service rodar e atrai mais consumidores. Mas a abordagem com os games single-player é diferente:

Para jogos single-player, não é a mesma exigência. Mas se você está gastando US$ 250 milhões, você quer poder vendê-lo para o maior número possível de pessoas, mesmo que seja apenas 10% a mais. A base instalada global para consoles – se você voltar ao PS1 e tudo mais empilhado lá, em qualquer lugar em que você olhe, os consoles cumulativos nunca ultrapassam 250 milhões. Simplesmente não. Os dólares aumentaram com o tempo. Mas eu olho para isso e vejo que estamos apenas tirando mais dinheiro das mesmas pessoas. Isso aconteceu durante a pandemia, o que fez com que muitas empresas investissem demais. Veja nossos números subindo! Temos que perseguir aquele foguete!

Por esse motivo, Layden entende que as franquias precisam atingir as pessoas que não querem jogar Call of Duty, Fortnite e GTA. Na visão do ex-PlayStation, “as companhias não estão fazendo o bastante para atrair os consumidores para os consoles”, por isso, é necessário um equilíbrio na abordagem dos lançamentos.

E inclusive, Shawn espera que as empresas apostem mais em jogos duplo-A, como Marvel’s Spider-Man: Miles Morales, por exemplo. Para exemplificar isso, ele fez uma analogia com a construção de tempos religiosos.

Se uma igreja é gigante, ela receberá Deus do mesmo jeito que uma igreja com somente quatro paredes e um teto. O que ele quis dizer com isso? Nem tudo precisa ter milhares de detalhes para ser considerado um bom jogo e chamar a atenção dos players:

Receio que tenhamos aderido ao modelo de jogo triplo-A, com 80 horas de jogabilidade e 50 GB de tamanho, e se não conseguirmos atingir isso, não podemos fazer nada. Estou esperando pelo retorno dos jogos de categoria duplo-A. Estou totalmente a favor disso.

Imagem que mostra o ex-presidente da Sony Interactive Entertainment, Shawn Layden, em frente a um painel da PlayStation

Continuando, ele cita como a era do PS2 tinha muito mais variedade se comparada com a atual. E essa cultura está sendo deixada de lado por causa do alto risco das produções:

Você tinha God of War e Assassin’s Creed. Mas você também tinha Loco Roco e SingStar e Dance Dance Revolution. Você tinha todo esse espectro de oportunidades de entretenimento. Por que não fazer uma aposta e ver o que acontece? Katamari Damacy, pelo amor de Deus, você não conseguiria construir isso hoje porque nem mesmo consegue explicar o que é. Mas agora, quando cada aposta é de centenas de milhões, a tolerância ao risco é muito baixa. Você acaba com imitações e sequências e não muito mais.

Todas as magias usadas por Kratos nos jogos de God of War
(FONTE: reprodução)

Concorda com Layden? E como você acha que a PlayStation e outras grandes editoras deveriam abordar esse tema? Comente abaixo!