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DualSense Edge: o controle “profissional” do PS5 faz diferença?

Configurações nos gatilhos, botões extras e opções do analógico… A opinião de quem tem o controle!

por João Gabriel Nogueira
DualSense Edge: o controle “profissional” do PS5 faz diferença?

Em janeiro deste ano, o controle do PS5, conhecido como DualSense, ganhou uma nova versão. Trata-se de uma versão mais premium do já caro acessório, voltada para um público realmente entusiasta. O chamado DualSense Edge chegou às prateleiras no dia 26 do primeiro mês de 2023, pelo preço sugerido de R$ 1500.

Por mais avançado que seja o periférico, será que vale a pena investir o valor de quase cinco controles padrão por um único DualSense? Até onde os acessórios e penduricalhos fazem diferença? E como o Edge se compara a controles de alta performance de outras fabricantes? É isso que vamos investigar no artigo da vez!

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DualSense Edge: Fonte: PlayStation

Do DualShock ao DualSense Edge

O DualSense Edge marca a primeira vez que a Sony faz uma versão “pro” ou “premium” do controle de uma das gerações do PlayStation. O único acontecimento parecido que temos na história do console foi no PSOne, quando a fabricante desenvolveu o primeiro DualShock. Assim, o videogame era compatível com seu controle original e com uma versão melhorada dele, que incluía os sticks analógicos e a função de vibração.

O DualShock foi lançado em 1998, ou seja, dois anos depois do lançamento do próprio console. A Sony já tinha introduzido uma versão do controle com analógicos em 1997, mas o controle só tinha a função de vibrar no Japão, não oferecendo isso em suas versões para os EUA e para a Europa. O DualShock foi a versão finalizada dele, colocando “shock” (sacudir, neste contexto) até no nome.

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DualShock 1. Fonte: PlayStation.

Mas a situação é um tanto diferente. O DualShock não foi concebido como uma versão “profissional” do controle original do PlayStation, mas sim como uma “evolução” dele. O PS2 já foi lançado junto com o DualShock 2 e assim foi até o PS4. No PS5 ele passou por uma nova transformação, virando o DualSense. Não tivemos mudanças muito drásticas do controle desde que os sticks analógicos foram introduzidos.

Vale mencionar aqui rapidamente dois pontos fora da curva na geração do PS3. Primeiro foi o “bumerangue”, um controle completamente diferente (e um tanto bizarro) mostrado junto com a revelação do PS3 na E3 de 2005. Ele nunca chegou a ser finalizado para o público, ficando apenas nas imagens e nas memórias.

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Primeira versão do controle do PlayStation 3.

Outro ponto foi o Sixaxis, uma versão do DualShock 3 sem a função de vibrar que a Sony se viu obrigada a fazer quando lançou o PS3 em 2006, por causa de um litígio com uma companhia chamada Immersion que começou em 2004. A Sony eventualmente perdeu o processo e depois acabou entrando num acordo com a Immersion em 2007, o que permitiu o lançamento do DualShock 3.

O DualSense abandona o “shock” do nome para promover mais as suas novas tecnologias de feedback tátil. O controle não apenas vibra no mesmo lugar como foram suas gerações passadas, oferecendo diferentes respostas táteis ao jogador dependendo do que acontece no jogo. Os gatilhos adaptativos também fazem parte da experiência, e a Sony quis destacar tudo isso dando um novo nome ao controle.

O controle chegou junto com o PS5 em 2020 e agora, quase três anos depois, tivemos o lançamento do DualSense Edge em janeiro deste ano. Se fôssemos resumir os diferenciais do controle premium do PS5 em apenas uma palavra, ela seria “customização”.


Para começar, além de ter um visual um pouco diferente, o DualSense Edge tem dois botões traseiros extras. O controle acompanha duas opções diferentes para acionar esses botões: uma mais compacta e arredondada e outra tipo alavanca, pra você esticar menos o dedo.

Ainda na parte de acessórios, o controle inclui ainda duas opções diferentes de coberturas para a alavanca do analógico, além da padrão, totalizando três opções.

Mas as funções desses botões diferentes fica interessante mesmo pelo nível de customização que o jogador tem nos ajustes do controle. É possível criar até três perfis personalizados, remapeando os botões como você quiser em cada um deles. Também dá para ajustar a sensibilidade dos sticks e da zona morta, a intensidade de vibração do controle e até a resistência do gatilho adaptativo.

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DualSense em seu case. Fonte: PlayStation.

E claro, sendo um produto bem caro, ele acompanha outras vantagens como um case de transporte e um cabo USB especialmente longo. Mas se essas diferenças justificam tanta diferença no preço ou não vai depender do jogador. E é por isso que eu falei com alguns jogadores.

A experiência de quem tem

Observar os relatos de quem tem um DualSense Edge e faz uso do controle há meses é importante para se ter uma noção da experiência de usar um controle desses. A maioria de nós não tem, nem terá, a oportunidade de pegar um acessório tão caro assim em mãos, muito menos comprar um deles.

Ainda assim, é igualmente importante ressaltar que um jogador de PlayStation disposto a investir quase R$ 1.500 num novo controle é um fã declarado e apaixonado da marca – a menos que seja uma pessoa milionária, o que não é o caso dos meus entrevistados. Então é interessante manter em mente que essas são experiências na perspectiva de pessoas que já amam o PlayStation e seus produtos.

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DualSense à venda nas lojas em seu lançamento. Fonte: Reprodução.

Eu conversei com um grupo de “caçadores de platina” que dedicam boas horas de seus dias a destrinchar cada canto possível de seus jogos a fim de aumentar constantemente sua coleção de troféus de platina em suas contas da PSN. E eles têm feito isso usando o DualSense Edge.

A primeira pessoa responder meu contato foi a Ígara Ferreira, redatora e editora do Teoria Geek, e uma “Monstra” com um total de mais de 2 mil platinas em sua conta da PSN. Curiosamente, o recurso que ela mais gostaria de aproveitar num controle diferenciado é algo que não está presente no Edge: a possibilidade de programar macros.

Macro é a possibilidade de programar comandos específicos para o controle realizar para você no simples apertar de um botão – algo que pode ser especialmente útil para obter platinas nas “garapas”. Mas desde que passou sua impressionante marca de 2 mil troféus dessa categoria, Ígara parou com as garapas.

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Troféus do PlayStation. Fonte: Reprodução.

Sendo assim, o DualSense Edge lhe atende em tudo agora, e a jogadora não poupa elogios ao controle. Ela destaca especialmente a pegada do controle mais avançado do PS5, ressaltando a simples presença de duas coberturas de borracha na parte de trás do acessório que ajudaria muito na segurança e conforto de segurá-lo. Ígara diz ainda que o peso maior dele, em relação ao DualSense padrão, também é bem-vindo para essa sensação de uma pegada mais firme.

A pegada do controle também foi muito elogiada por Guilherme Fanin, o “garoto OnFire”. Quando mencionei a parte emborrachada de trás do controle Guilherme se empolgou o suficiente para querer pegar o acessório e mostrar, assim como Ígara também tinha feito antes dele. Mas por mais que goste da pegada, o maior elogio do menino OnFire foi para as possibilidades de personalização do DualSense Edge.

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DualSense e seus acessórios. Fonte: PlayStation.

Guilherme usa bastante os perfis do controle premium da Sony, tendo diferentes configurações para diferentes estilos de jogo. Ele gosta muito de jogos de corrida, e as diferentes resistências do gatilho e opções de sensibilidade dos analógicos ajudaram muito em seu gameplay. O jogador afirma categoricamente que joga melhor com seu controle mais caro.

Nenhum dos entrevistados chegou a criticar o Edge, mas pelo menos duas fontes não falaram apenas bem do PlayStation. Ricardo Átila, do canal Controle de Platina, comenta que ficou bastante decepcionado com o DualSense em seu lançamento, e não gostou do controle. E isso já serviu de incentivo para investir numa versão mais premium do controle.

Perguntei ao Ricardo porque ele decidiu investir o valor de quase quatro controles em um novo produto da mesma fabricante que já fez um que ele não tinha gostado muito. O caçador de platinas disse apenas ser um otimista irremediável.

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DualSense vs DualSense Edge. Fonte: Reprodução.

E seu otimismo compensou neste caso, porque o jogador adora seu DualSense Edge, elogiando especialmente os botões da parte de trás do controle, que podem ser customizados para repetirem a ação de algum dos outros botões padrão. A possibilidade de escolher entre a alavanca ou o botão de concha para acessá-los também foi muito elogiada.

Os botões extras da parte de trás do controle também foram muito comentados por Luiz Fernando, que foi outro entrevistado não muito feliz com o DualSense antes de conseguir a versão Edge do acessório.

Luiz Fernando escreve no Hypando Games quando não está caçando suas platinas e, por mais que seja fã do PlayStation há anos, comentou que nunca morreu de amores pelos controles do console ao longo das gerações. Ele considera que houve uma evolução boa no DualShock 4, mas o controle Pro do Switch era seu preferido até pegar o Edge.

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Controle Switch Pro. Fonte: Reprodução.

O novo acessório do PS5 conquistou Luiz Fernando e virou seu novo preferido de toda a vida. Diferente de seus colegas, o jogador demorou um pouco mais para comprar o produto, achando que seria mais voltado a jogadores profissionais, mas o elogio de colegas e amigos ao controle o fez mudar de ideia. Novamente, algo que era muito comentado eram os botões na parte de trás do Edge.

Esses botões foram elogios unânimes entre os entrevistados, e todos mencionaram que jogos de FPS podem ser especialmente favorecidos pelo Edge, por causa desses botões e pela sensibilidade do gatilho. Facilitar atirar com gatilhos mais sensíveis e a possibilidade de tirar o sprint do L3 para colocar nos botões de trás é algo que todos consideraram ótimo.

Para não dizer que não houve críticas ao DualSense Edge, dois pontos sobre o controle foram listados como desvantagens por todos os entrevistados.

A começar pela bateria, que foi um ponto de crítica, mas não muito severa. Os quatro entrevistados reconheceram que o controle tem menos bateria que a versão padrão do DualSense, mas todos eles disseram que isso não lhes causou problemas. Jogando uma média de 3 a 5 horas ao dia, o controle não lhes deixa na mão. Vale ressaltar que eles todos têm também o acessório da base carregadora, então o controle sempre está sendo recarregado quando não está em uso.

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Bateria do DualSense Edge. Fonte: Reprodução.

A crítica mais incisiva foi direcionada ao preço do controle. Apesar de nenhum dos entrevistados se declarar arrependido, eles também não defenderam que o valor seja completamente justo. A opinião geral é que está caro demais mesmo, e que algo entre R$ 800 e R$ 900 seria mais justo para o acessório premium do PS5.

Comparando com outras opções

É válido ressaltar que o DualSense Edge não é a única opção para uma jogatina “premium” mais avançada no PS5. Existem controles oficialmente licenciados pela Sony que foram lançados até antes do acessório de fabricação própria e que oferecem recursos semelhantes ou até mais vantagens.

Para os fãs da modularidade dos botões e componentes, por exemplo, o Victrix Pro, da PDP, permite amplas opções de customização, vindo também com não somente dois, mas quatro botões extras em sua parte de trás. Seu preço sugerido oficial sai US$ 20 mais em conta que o do Edge nos EUA: US$ 179,99. Ele não oferece o feedback háptico, no entanto.

Quem estiver disposto a pagar mais pelo controle e não se importa em mudar a posição da alavanca do analógico poderia investir também no Razer Wolverine V2 Pro, que sai pelo preço oficial de US$ 250. Diferente do Edge, ele tem opções de cores preta e branca, e um software bastante avançado de customização dos botões. Também acompanha quatro botões extras na parte de trás.

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Controle modificado para PlayStation. Fonte: Reprodução.

Algo que considerei especialmente curioso é que nenhum dos entrevistados chegou a considerar um controle de terceiros antes de comprarem os seus DualSense Edge. Independentemente de performance e recursos, a marca por trás do controle certamente ajuda a promover o produto de maneira que as alternativas não conseguem.

De fato, se você quer ter uma experiência perfeitamente alinhada com o que o DualSense já oferece, mas com recursos extras, o Edge parece ser a opção mais segura. Mas, para quem busca características específicas num controle diferenciado, recomendo pesquisar outras opções antes de tomar uma decisão.

O que é interessante é a parte dos botões extras na parte de trás do controle. Esse recurso se tornou comum entre acessórios de terceiros, e até opções com valores bem menores já contam com o recurso. Isso me fez questionar se não poderíamos ver esses botões se tornando um padrão, mesmo nas versões básicas dos controles e, dois dos entrevistados consideraram que sim, enquanto dois acharam que o recurso deve se manter apenas no Edge, para ser um diferencial a mais para o controle mais caro.

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Botões customizáveis do DualSense Edge. Fonte: PlayStation.

De um jeito ou de outro, esses controles alternativos e/ou premium indicam que talvez seja a hora de termos mais botões nos controles padrão dos consoles. Conforme os jogos ficam mais complexos, os acessórios precisam acompanhar – vale lembrar que começamos com apenas dois botões no Atari. De acordo com as experiências de quem usou, o recurso trouxe apenas pontos positivos, sendo algo fácil e rápido de se adaptar.

Algo que os quatro “caçadores de platina” concordam é que o Edge veio para ficar. É difícil de especular algo assim sem saber o sucesso que o controle está fazendo de fato (ou não). No fim das contas, conseguir vender bem é o que mais importa para que um produto seja mantido – mas, ao menos na parte da experiência, quem arriscou o investimento gostaria de ver o DualSense Edge continuar na família PlayStation.