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A Way Out: Vale a Pena?

Game co-op de Josef Fares é uma experiência muito diferente!

por Thiago Barros
A Way Out: Vale a Pena?

Eu aprendi na faculdade de jornalismo que não deveria utilizar muito a primeira pessoa em artigos, mesmo que opinativos, mas a experiência com A Way Out merece que eu fuja desse lugar comum para analisá-la. Afinal, a proposta do Hazelight Studios vai na contramão do que vimos atualmente nos games em muitos sentidos.

A Way Out é um jogo que valoriza o enredo, o storytelling, e o coloca à frente de tudo. Se o game pode ser finalizado em 6 a 8 horas, muito disso são cutscenes, flashbacks e animações em geral, para contar uma história. O começo do jogo pode até parecer meio chato para alguns, porque são diversas cenas e pouca ação, mas aguente firme, porque melhora bastante.

A Way Out é um jogo desenvolvido por um estúdio sueco apadrinhado pela EA, que não ganhará nada (financeiramente) com isso. Foi um trabalho de 40 pessoas, liderado pelos criadores de um jogo semelhante, Brothers: A Tale of Two Sons, que também tinha dois protagonistas, porém eles eram controlados por somente um jogador.

E, principalmente, A Way Out é um jogo focado exclusivamente na experiência cooperativa. Não dá para jogar single-player. São duas pessoas ou nada. Online ou local. E você que comprá-lo, por R$ 109,90 na PlayStation Store brasileira, ainda ganhará um passe de teste gratuito que pode dar um amigo para ele jogar com você.

No meu caso, como recebi a cópia uma semana antes do lançamento, não pude testar o recurso. Mas fiz algo ainda melhor: joguei no modo co-op local com a minha esposa, que não tem muita relação com games. Ela adorou (são dela as frases dos entretítulos do texto abaixo). Eu também. E não só por dividirmos esse momento, mas porque o game merece.

“Parece um filme, né?”

Se você jogar o game, do começo ao fim, e ver o que ele realmente é, é impossível não gostar – afirmou Josef Fares, criador do jogo em entrevista no The Game Awards 2017. Ele estava certo. O enredo é muito bacana. É uma história com nuances, flashbacks e um plot twist interessante. Tem clichês, talvez não seja um “Melhor Roteiro Original”, mas “f***-se o Oscar”, né?

A Way Out
Forma como você escolhe personagem é bem criativa (Foto: Reprodução/Thiago Barros)​

Quando A Way Out foi anunciado na E3 2017, logo notou-se a semelhança com Prison Break. Ela existe, sim, mas é só uma parte da coisa. Os protagonistas, Vincent e Leo, estão presos e querem fugir da cadeia para acertar as contas com um alvo em comum. E, pelos gameplays já divulgados antes do lançamento do jogo, dava pra ter uma noção de como isso seria.

Mas jogando é ainda mais legal. Eu assisti todas as temporadas de Prison Break, e logo notei a mecânica de escapar da prisão bem semelhante à utilizada no seriado. Mas depois disso o jogo ganha uma dinâmica totalmente inesperada. É uma aventura bem curtinha, que se feita por uma dupla experiente pode durar só algumas horas, mas vale a pena.

O primeiro ponto a se destacar é a construção da narrativa. Da primeira à última cena, o enredo é bem amarradinho. Não daremos spoilers do que acontece, mas é preciso ficar muito ligado em pequenos detalhes que vão construindo a trama e se conectam ao final dela. Como Fares havia afirmado anteriormente, não é como os jogos da Quantic Dream, mas tem seu brilho.

A Way Out
Leo (esq.) e Vincent (dir.) são os protagonistas do game (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Especialmente pela inovação no gameplay. Já houve jogos com modos cooperativos antes, e até alguns em que ele pode ser usado durante todo o game. Em Far Cry 5, por exemplo, será assim. Só que todos eles são apenas possibilidades a mais. Em A Way Out, é a essência do jogo, e isso faz toda a diferença.

“Acho que tem que apertar junto!”

A cada momento, você pode ter uma surpresa na jogabilidade. Há cenas em que é melhor cada jogador ir para um lado e realizar uma tarefa. Em outras, eles têm que estar juntos para concluir algum objetivo. E, em certas horas, é preciso até apertar os botões sincronizadamente para dar tudo certo e conseguir avançar.

A Way Out
Sincronia e comunicação são fundamentais em A Way Out (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

As variações de câmera também são bem bacanas. No co-op local, a tela é dividida em duas. No entanto, há momentos em que ela fica cheia para um só jogador, em outros os dois jogam juntos na mesma tela, e existem ainda alterações de perspectiva. Você sai da câmera “tradicional” e se vê em um “jogo 2D”, só correndo pra frente, ou num daqueles que você vê tudo de cima.

E não tem só a história principal para você fazer. É claro que há objetivos explícitos a cada cena, ou capítulo, mas também estão espalhados por elas vários NPCs com quem você pode interagir e fazer tarefas extras que podem lhe render alguns troféus. Tem até uns minigames, como jogar dardos, fliperama e ferraduras.

Os comandos, por sua vez, são bem simples – e tradicionais. Usa-se bastante o quadrado para interagir com os objetos, X para saltá-los e triângulo para diálogos, além do L2 para mira e o já tradicional R2 para golpear ou atirar. Os Quick Time Events, aquelas horas em que você aperta um botão que aparece na tela rapidinho, também fazem parte do pacote.

A Way Out
Que tal essa experiência cooperativa aí? (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

E se você pensa que A Way Out é um jogo focado somente no ambiente prisional, esqueça. Há diversos cenários diferentes para explorar, e até possibilidades de se locomover. Os jogadores têm que andar de barco, carro, moto, avião e, dependendo da sua escolha, até podem saltar de paraquedas.

Por falar em escolha, é legal ressaltar que há alguns momentos, sim, em que você pode definir como a dupla irá se comportar. São sempre duas opções: “o jeito do Vincent”, mais tranquilo e diplomático, e “o jeito do Leo”, mais agressivo e que sempre vê a força como solução. O enredo não é alterado, somente a forma como solucionar aquela questão.

A Way Out
Há momentos em que cada um deve fazer uma ação (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Na jogabilidade, incomodam apenas alguns detalhes. A troca de tiros não é tão intensa, e só os tiros na cabeça matam relativamente rápido. A variação de armas também é bem pequena. Não são tão fundamentais no decorrer do jogo, é verdade, mas seria bacana ter mais. Além disso, no geral, A Way Out é um jogo relativamente fácil, até para quem não está muito acostumado.

“Os gráficos parecem de jogo mais antigo”

E claro que nem tudo é perfeito em A Way Out. O visual do jogo fica devendo – o que é compreensível, visto que não se trata de um título “AAA”. Mesmo assim, a qualidade gráfica que ele apresenta, em dados momentos, chega a lembrar títulos do PlayStation 3. Para quem é mais exigente com isso, pode ser um problema.

A Way Out
Visual do jogo não impressiona tanto quanto a jogabilidade (Foto: Reprodução/Thiago Barros)​

Especialmente em um ano que teremos títulos que prometem ser realmente impressionantes em seus visuais, como God of War e Detroit: Become Human, por exemplo. Os detalhes nas feições dos personagens e até mesmo as animações corporais não correspondem ao padrão que vemos nos bons jogos atuais do PlayStation 4.

No entanto, novamente, é preciso frisar que trata-se de um jogo desenvolvido por um estúdio que não está na lista dos principais do mercado. Só que é claro que a concorrência é grande e que você tem que levar em consideração todos os pontos antes de investir em um game, ainda mais no Brasil. Então, nesse ponto, A Way Out fica abaixo.

Agora, já que estamos nesta questão é importante destacar a caracterização dos personagens, que é excelente. As personalidades diferentes são claramente notadas em cada ação. É muito bem feita a construção dos protagonistas e de todas as pessoas que estão ao redor deles. A Way Out se passa nos Estados Unidos nos anos 70, e isso também fica refletido corretamente.

A Way Out
Repare nos detalhes dos personagens e do fliper: visual pobre (Foto: Reprodução/Thiago Barros)​

Outro ponto que também pode influenciar algumas pessoas é a ausência de dublagem brasileira no jogo. Ele tem legendas e menus totalmente em português, mas os diálogos são somente em inglês. Na minha opinião, nenhum dos pontos chega a ser o suficiente para diminuir a qualidade da experiência a ponto de não recomendá-la, porém pode fazer a diferença para muita gente.

Assim como o preço – mas em uma perspectiva diferente. A Way Out custa só R$ 109,90 na PSN brasileira. E você precisa de somente uma cópia para jogar com um amigo. Quem comprar pode ceder um passe gratuito para um dos seus contatos no PlayStation 4. Ou seja, é um jogo curto e com gráficos não tão impressionantes, mas barato, com um belo enredo e ótima jogabilidade.

“Eu gostei! É legal, né?”

A Way Out  tem prós e contras facilmente identificados. É “baratinho”, porém curto. É inovador na jogabilidade, mas peca nos gráficos. Diverte no cooperativo, mas é só jogar, zerar e acabou. Tem um enredo bacana, porém com alguns clichês. Conta com legendas em português, entretanto no áudio é tudo em inglês. Cabe a você colocar na balança.

Na minha, o resultado foi positivo. Os pontos altos se destacam, enquanto os baixos a gente tem como deixar passar para aproveitar a experiência. Só a inovação de obrigar dois jogadores a não se separarem e jogarem juntos, dividindo tarefas, sincronizando comandos e comunicando-se ao longo de toda a jornada já vale a pena.1

O único ponto negativo que realmente deveria interferir na compra é que o fator replay do jogo é quase zero. A não ser que você seja aquele caçador de troféus – porque, certamente, você não vai conseguir coletar tudo na primeira vez que jogar, até porque a maioria deles é escondida. Ou seja, é um jogo com a vida útil curtíssima.

Você poderia “Esperar Uma Promoção”, claro. Mas é um jogo com um preço bem inferior ao que costumamos ver e que te dá a oportunidade de convidar mais um amigo para jogar contigo. Por isso, optamos pelo selo “Recomendado”. Afinal, a experiência é o que deve ser levado em conta primeiramente, e ela é muito boa.

Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Silent Hill 2
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.