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Jack Holmes: Master of Puppets: vale a pena?

Survival horror se supera com mecânicas criativas e ótima atmosfera, mas tropeça muito quando entra no FPS

por André Custodio
Jack Holmes: Master of Puppets: vale a pena?

O que você consideraria essencial para um bom jogo de terror? Visuais? Atmosfera? Jumpscares? Narrativa? O cenário mais underground do gênero normalmente se destaca por apostar em um desses elementos, sacrificando outros em detrimento de fazer algo “por excelência”.

Jack Holmes: Master of Puppets é um lançamento bastante surpreendente no PS5, que chama a atenção por trabalhar bem a essência do horror, mas com algumas inconsistências que reforçam essa necessidade de haver renúncias.

O FPS em um parque de diversões apavorante finalmente chega ao cenário gamer. Mas será que vale a pena investir alto em uma categoria já tão disputada e, muitas vezes, nichada? Saiba tudo sobre o game nos parágrafos a seguir.

O primeiro caso… que pode ser o último

Solitário em sua casa, Jack Holmes recebe seu primeiro caso como detetive particular: investigar misteriosos eventos em uma residência isolada. Além de estar envolvido no desaparecimento de um policial, o dono do terreno teria participação em crimes violentos, mas ainda sem comprovação.

Destinado a fazer esse o caso de sua vida, Holmes parte para a terrível jornada, apenas para descobrir um verdadeiro show de horrores envolvendo títeres, experimentos e sadismo. Seria esse o último trabalho de sua vida, ou aquele que o colocaria em um outro patamar no meio investigativo?

Jack Holmes: Master of Puppets
Fonte: André Custodio

Jack Holmes: Master of Puppets é um jogo de terror e ação, construindo de forma linear e com foco no gameplay. Apesar de haver uma interessante condução narrativa no início, a história se perde completamente no segundo ato, e resta apenas trechos de sustos, tiroteio e um pouco de exploração.

O título se passa em cenários fechados e abertos, todos com uma enorme riqueza de detalhes. Mesmo com efeitos bem realizados e uma boa interação entre objetos e passagens, há falhas graves de texturas que são consistentes do começo ao fim da jornada.

Jack Holmes: Master of Puppets
Fonte: André Custodio

Como um projeto de terror, Jack Holmes: Master of Puppets funciona bem. O combate pesado e relativamente quebrado (não parece ter sido proposital) conversa bem com a construção atmosférica, e deixa o protagonista constantemente com uma sensação de vulnerabilidade.

Além disso, os cenários são lotados de armadilhas, de trechos labirínticos e de uma escuridão excessiva, sendo atrapalhados pela falta de condição da lanterna em possuir iluminação dinâmica.

Jack Holmes: Master of Puppets
Fonte: André Custodio

Esses problemas não tiram o brilho do conceito de survival horror presente em Jack Holmes: Master of Puppets. A proposta é extremamente brutal e chama a atenção por uma quantidade absurda de sangue e de membros espalhados pelos locais.

Os jogadores também explorarão cenários únicos, como uma casa muito semelhante à de Resident Evil 7, florestas escuras e um parque de diversão com atrações cheias de referências, como ao Animal Crossing, ao Resident Evil Village, ao Alone in the Dark e outros games de peso.

Poupe munição, mas sem exageros

A ação de Jack Holmes: Master of Puppets tem como base exclusivamente o uso de duas armas de fogo: uma pistola e uma escopeta. Cada uma possui seus próprios tipos de munição, que são os únicos itens ofensivos consumíveis do game.

Jack Holmes: Master of Puppets
Fonte: André Custodio

Nesse aspecto de gunplay, há um grave problema de equilíbrio: alguns inimigos são mais rápidos que a sensibilidade da mira e que seu alcance. Com isso, há uma grande sensação de desperdício de balas, especialmente se você utilizar o equipamento com o botão “L2” travado.

Essa sensação de peso é constante e se alia aos gatilhos adaptáveis do DualSense para oferecer um nível maior de realismo. Porém, enquanto as funções do controle são positivas, a frustração com o tiroteio certamente afetará muitos jogadores.

Jack Holmes: Master of Puppets
Fonte: André Custodio

Em um primeiro momento, fica compreensível porque as criaturas de Jack Holmes: Master of Puppets são esponjas de balas. Porém, com o tempo, isso se torna um incômodo, especialmente por conta delas ativarem um modo “kill kill” e terem uma inteligência artificial desligada.

Há até uma boa variação de inimigos, entre títeres, máquinas, insetos e seres sobrenaturais, e com o tempo de campanha a quantidade é até aceitável. Dessa forma, rapidamente é possível compreender o moveset de cada um deles e descobrir de onde eles saem com o avançar da aventura.

Jack Holmes: Master of Puppets
Fonte: André Custodio

O game também inclui alguns coletáveis, como kits de cura e chaves, mas a interação no geral é bem ruim. É preciso posicionar bem o personagem antes de coletar cada item. Assim, isso pode ser um problema caso você esteja fugindo de alguma coisa ou apressado para rushar um trecho.

Mesmo reciclada, a criatividade surpreende

Jack Holmes: Master of Puppets tem um gunplay falho e alguns problemas técnicos, mas é impossível negar que o game é bastante criativo. Cada trecho traz grandes alterações em seu conceito, principalmente quando estão envolvidos com a linha principal de eventos.

Jack Holmes: Master of Puppets
Fonte: André Custodio

Ao longo da campanha, os jogadores encontrarão cenários bastante únicos, assim como diferentes formas de encará-los. Algumas “batalhas contra chefes” certamente surpreenderão. Não daremos spoilers, mas há ideias interessantes que fizeram sucesso em outros games de terror.

Outros destaques ficam por conta de uma “versão Grimm” de histórias com mascotes. Essas versões distorcidas, violentas e bizarras contemplam uma trama doentia da série Sam & Max e de uma história insana inspirada em Animal Crossing.

Jack Holmes: Master of Puppets
Fonte: André Custodio

E caso você queira fugir um pouco da campanha principal, Jack Holmes: Master of Puppets traz atividades paralelas no parque de diversões que rendem troféus opcionais (e perdíveis) e rendem momentos mais descontraídos.

Jack Holmes: Master of Puppets
Fonte: André Custodio

O jogo pode ser concluído em menos de 4h, com até 5h para uma platina feita em seu tempo e às cegas. Porém, esse tempo é bastante aproveitado e contém um ritmo até divertido, apesar de haver falhas na condução da história e na IA dos monstros.

Jack Holmes: Master of Puppets: vale a pena?

Jack Holmes: Master of Puppets funciona bem como um jogo de terror, mas fracassa quando entra no campo da ação por apresentar inconsistências. Os sustos, a atmosfera e os cenários detalhados se destacam de forma positiva, mas também perdem brilho devido à história mal conduzida.

Há algumas virtudes em relação ao suporte ao PS5, mas que não se sustentam devido a erros de balanceamento com o modo “kill kill” dos inimigos. Assim, o título pode se tornar bastante frustrante, mesmo com sua campanha curtíssima e com obom nível de criatividade.

Na PS Store, o título está custando apenas R$ 99,50 — bom custo-benefício para quem não tem muitas expectativas. Jack Holmes: Master of Puppets não deixa de ser um game que pode mexer bastante com o coração de fãs dos gêneros de horror e sobrevivência.

Veredito

Jack Holmes: Master of Puppets
Jack Holmes: Master of Puppets

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: TonyDevGame

Jogadores: 1

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72 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Excelente atmosfera de terror
  • Mecânicas criativas de jogabilidade
  • Referências interessantes e subversivas a franquias de jogos
  • Cenários muito bem detalhados
  • Efeitos de iluminação e partículas convincentes
  • Bom suporte aos recursos do DualSense
Desvantagens
  • Campanha extremamente curta
  • Ritmo narrativo ruim
  • Gunplay pesado e com muitas falhas
  • Escuridão excessiva
  • IA ruim dos inimigos gera sensação de desequilíbrio
  • Má interação com itens do cenário
  • Muitos problemas com texturas
André Custodio
André Custodio
Redator
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Jogando agora: Diablo IV, Sprawl, Trombone
Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.