Marvel's Spider-Man 2: vale a pena?
Review

Marvel’s Spider-Man 2: vale a pena?

Marvel’s Spider-Man 2 é o jogo da PlayStation Studios pelo qual o PlayStation 5 estava esperando

por Daniel dos Reis

Você, muito provavelmente, já ouviu ou leu a frase: “Com grandes poderes vem grandes responsabilidades”. Ela foi cunhada por Tio Ben e é o princípio, o principal valor de Peter Parker.

Sua popularidade é tamanha ao ponto de a vermos extrapolando o Aranhaverso e sendo usada quase como um mantra em lemas de segurança pública, política, executivos de alto escalão e por aí vai. Há até um certo exagero no emprego.

E olha ela aqui, aparecendo na análise de Marvel’s Spider-Man 2. Por que?

Marvel’s Spider-Man de 2018 foi um baita sucesso, comercial, público e crítica. Aqui no MeuPlayStation, ela é o review mais lido, superando até The Last of Us Part II e God of War, outros sucessos da PlayStation.

Tudo isso fez com que a Insomniac Games deixasse de ser “só” um estúdio parceiro da Sony, para tornar-se um dos principais first-party da casa. A responsabilidade é enorme.

E eles conseguiram.

Marvel’s Spider-Man 2 é um jogo verdadeiramente extraordinário. Com uma estética visual deslumbrante, jogabilidade praticamente impecável, trilha sonora notável, narrativa cativante, personagens carismáticos e uma representação de Nova York mais vibrante do que nunca.

É o tipo de produto que faz valer a pena ter um PlayStation 5.

Entre aranhas, responsabilidades, super-vilões e simbionte

O começo de Spider-Man 2 é daquele jeitinho: o jogo te lança entre os arranha-céus de Manhattan em uma batalha “abre-alas” contra o Homem-Areia (Sandman). É de tirar o fôlego, com os dois Aranhas atuando em conjunto para salvar a cidade de mais um grande problema.

Neste ponto já fica claro: é um game de parceria, com alternâncias entre Peter Parker e Miles Morales. São duas histórias, personalidades e abordagens diferentes. A união entre os aranhas é Simbiôntica.

Enquanto Peter tem de lidar com a jornada dupla, ser o Pete e o herói da cidade, Miles enfrenta os desafios de um adolescente tentando entrar na universidade, a ausência do pai e seus primeiros dates. Duas vidas distintas se desenrolando.

A narrativa mantém um ritmo consistente, destacando pontos cruciais em ambos os arcos. Peter vê a oportunidade de realizar sonhos antigos através do renascimento de seu melhor amigo Harry, enquanto tenta levar seu relacionamento com Mary Jane a um novo nível, equilibrando amizade, trabalho e romance com suas responsabilidades como herói.

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Miles, por sua vez, busca moldar seu futuro, explorando sentimentos amorosos e enfrentando os desafios únicos de ser um Homem-Aranha em formação. Futuro, amor, amizade e heroísmo entram em jogo para ele.

O enredo de Spider-Man 2 gira em torno de ameaças a estes pilares. Começa um pouco morno, com Kraven chegando em Nova York para caçar heróis e vilões, com pretensões ainda obscuras e sem um forte apelo motivacional.

Peter e Miles vão em busca de respostas, tentando entender qual é a dos Caçadores. Kravinoff é um ponto de partida para algo que se torna muito grande conforme a história progride e fica bem mais interessante na metade do game.

A introdução do simbionte, o material alien que dá origem a um novo traje para Peter Parker, é o ponto de virada. Ele altera a personalidade do Amigão da Vizinhança – bom, agora nem tão amigão assim.

Aí o jogo escala a outro patamar. Ficando mais curioso de várias maneiras: com novas habilidades, uma nova personalidade e consequências devastadoras para as amizades, chegando ao seu ápice com o confronto contra Venom, o super-vilão de estatura desproporcional (aquele dos 18cm), violenta e voraz.

A história ganha contornos dramáticos, sugando não só o círculo próximo dos Aranhas, mas toda a cidade para eventos cataclísmicos de escala mundial. Claro, você não terá spoilers por aqui, mas certamente vale fugir um pouquinho da internet para ter uma experiência bem mais impactante.

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Entre um balançar e outro de teias, nossos heróis têm pela frente passado, presente e um sombrio futuro. Tudo se colide em um turbilhão de emoções, colocando convicções à prova, reputação e mágoas ocultas em evidência. Spider-Man 2 tira o véu das maiores angústias de cada um, testando valores.

A narrativa acerta em cheio ao transportar os jogadores para uma história muito bem construída, explorando a profundidade de cada um dos personagens, incluindo MJ, Ganke e vários dos vilões. E este é um dos motivos pelos quais compramos PlayStation, para vivermos experiências memoráveis de arrepiar, da qual nos lembraremos por muito tempo.

Empire State of Mind

De Central Park ao Brooklyn, Nova York é quase como um personagem dentro do jogo.

Em Spider-Man 2, a cidade ganha vida de maneira ainda mais marcante, oferecendo dezenas de atividades para os jogadores. A metrópole parece respirar e interagir com o Aranha.

A população da cidade acena para o teioso e há inúmeras missões secundárias para mergulhar, bem como locais icônicos a serem explorados. Quem consegue resistir à tentação de subir no One World Trade Center e simplesmente admirar a vista panorâmica do Rio Hudson?

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Observando a paisagem. Fonte: MeuPlayStation.

Outro aspecto fascinante é observar como a “Cidade que Nunca Dorme” reage com apreensão quando o novo traje de Peter começa a alterar sua personalidade. Quase como um grito silencioso: “Ei, Peter, o que está acontecendo? Você não vai mais me proteger? Preciso de você!”

Há atividades para quase tudo. Impedir crimes, conscientizar os locais sobre o uso não autorizado de fogos artifícios, tirar fotos de pessoas aleatórias, registrar os pontos de interesse, localizar um vovô desaparecido e depois ouvir uma bela história de amor, dar uma nova cara a pichações, ajudar os comerciantes…

Isto é ser o Homem-Aranha. Ajudar pessoas e a comunidade a prosperar. O jogo capta com maestria a vibe de realmente ser o aracnídeo. Seja com o Peter, um herói mais experiente, ou Miles, filho de imigrantes com um senso de pertencimento elevado.

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Better Together

O numeral 2 foi levado a sério. A começar pelo nome do jogo, com um mapa 2x maior e heróis jogáveis. Tudo em Spider-Man 2 é ampliado.

O game reúne toda a expertise da Insomniac Games em um único produto. Você vai encontrar aquele balançar mais suave de teias, elementos vistos em Ratchet & Clank: Em Uma Outra Dimensão, com o uso de portais e, o mais charmoso dele, a troca instantânea entre Miles e Pete.

Já tínhamos visto os loadings super rápidos em Marvel’s Spider-Man Miles Morales em 2020, mas este novo consegue ser ainda mais veloz e dinâmico. A troca entre os heróis é instantânea. Apertou o botão, já entra o outro Spidey na tela. É muito impressionante.

As opções de resolução e desempenho também merecem elogios. O jogo oferece um modo resolução com ray tracing em 30 FPS, uma opção com foco em desempenho, privilegiando os quadros por segundo e uma terceira, híbrida, que mescla os dois.

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Miles e Parker. Fonte: MeuPlayStation.

Se você possui um monitor com 120 Hz, pode destravar o FPS e ainda ter um pouco de ray tracing. Particularmente, foi a opção que mais agradou. Ela combina o melhor dos dois mundos. Entrega desempenho e resolução.

Este, talvez, seja o jogo que melhor aproveita o hardware do PlayStation 5.

Marvel’s Spider-Man 2 é fluido, rápido e responsivo. Navegar pela cidade, saltando de prédios em prédios é sempre incrível, mas fica melhor ainda em missões de perseguições – aquelas alucinantes onde você não pode piscar para não perder o timing.

A adição das web-wings oferece uma rápida forma de locomoção. Dá para chegar aos locais bem mais rapidamente, passando por vários “túneis de ventos”, mesclando teias com com voos. É notável ver o jogo fluindo naturalmente.

Tudo segue um flow contínuo, sem interrupções, o que torna o gameplay extremamente divertido. E quando as lutas acontecem, dá para sentir nos dedos o poder de ser o melhor – ou, melhores – Homem-Aranha já criado para os videogames.

As lutas em dupla são um show à parte. Os combos combinados são lindos de se ver. Uma pena que acontecem em momentos específicos e não a todo instante. Mas talvez por isso sejam tão mágicos.

Há árvores de habilidades individuais para cada Aranha e uma compartilhada, melhorias para os trajes, recursos de tecnologia e habilidades específicas. O desbloqueio acontece da forma tradicional.

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Há muito a ser desbloqueado. Fonte: MeuPlayStation.

Vá nos pontos de interesse, ajude alguém, tire uma foto, vença alguns bandidos, limpe a área dos caçadores, persiga drones…

Embora seja muito legal fazer tudo isso, o ponto é que ele não inova tanto, e as coisas se tornam um pouquinho repetitivas conforme você avança no jogo. Claro, até dá pode dosar, mesclando as quests principais com estas secundárias para ter uma experiência heterogênea, mas fica aqui um questionamento: valeria inovar um pouco mais?

E não menos importante, os trajes. Há uma quantidade enorme de roupas para nossos amigos. Obviamente, alguns são spoilers e não falaremos deles, mas Insomniac já até revelou conteúdos relacionados nos trailers. Vale a pena gastar um tempinho para liberar todos e suas variações de cores.

O ápice de gameplay está nas lutas contra chefões, bem ampliadas e cheias de etapas. Prepare-se para ver o inimigo algumas vezes até, finalmente, vencê-lo. Uma ou outra vai exigir um pouco mais de paciência e o uso dos novos poderes, mas no geral são desafios ajustados.

Só o posicionamento das câmeras e a ausência de um sistema de “travamento” incomodam um pouco. Por serem batalhas em locais mais abertos e muito dinâmicas, às vezes a tela não fica no melhor ângulo, gerando até mesmo uma derrota, já que Venom, Lizard e outros têm ataques bem poderosos.

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E, por vezes, você quer ir para uma direção, mas a teia vai pro lado contrário. Quando não é uma missão de perseguição, dá para relevar. Mas pode sim gerar uns atrasos.

A localização para português também é ótima, salvo pela pronúncia dos nomes em inglês dos personagens Marvel – como aconteceu em Miles Morales, Avengers e Guardiões da Galáxia. É somente um detalhe, mas não é muito legal.

Marvel’s Spider-Man 2: vale a pena?

O melhor jogo já feito pela Insomniac Games e um dos melhores do catálogo PlayStation. É uma experiência incrível, pela qual valeu a pena esperar, com gráficos lindos, uma cidade viva, muitas atividades secundárias, vilões ameaçadores, personagens cativantes e uma narrativa que faz você se importar com o destino das pessoas.

A experiência toda gira em torno de 22 horas de história principal, podendo chegar a 25 horas se você, assim como eu, gosta de jogar tranquilamente. Para os 100%, separe entre 30 a 40 horas. Claro, tudo depende da maneira como você digere o game. E vale a pena explorar cada cantinho de NY para descobrir seus segredos e curiosidades.

Tem alguns balanços de teia na contra-mão? Sim, não dá para negar. Por exemplo: a câmera deveria ser melhor ajustada em certas situações, poderia haver uma maior variedade de inimigos comuns e até mais vilões de peso. Mas tudo isso acaba ficando mais como notas de rodapé.

Marvel’s Spider-Man 2 é o jogo da PlayStation Studios pelo qual o PlayStation 5 estava esperando e um game que você não deveria deixar passar.

Veredito

Marvel's Spider-Man 2
Marvel's Spider-Man 2

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Insomniac Games

Jogadores: 1 Jogador

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95 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Gráficos lindos
  • Narrativa épica
  • Muita variedade de gameplay
  • Diversas habilidades e desbloqueáveis
  • Batalhas eletrizantes
  • Várias opções de desempenho | resolução
  • Sonoplastia arrebatadora
Desvantagens
  • A câmera, em alguns casos, se posiciona mal
  • Inimigos um pouco repetitivos
Daniel dos Reis
Daniel dos Reis
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Jogando agora: Call of Duty Black Ops 6
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