Firewall Ultra: vale a pena?
Pouca oferta de conteúdos no lançamento e problemas técnicos ofuscam estreia do game no PlayStation VR2
Firewall Ultra chega ao PlayStation VR2 com a missão de ser melhor do que o Zero Hour foi no PS VR1: um jogo que explora diversas possibilidades, demonstra o potencial da realidade virtual e, consequentemente, atrai um público maior. Especialmente por tratar-se de um gênero amado por uma grande parte do público: tiro em primeira pessoa.
No entanto, ele tropeça em sua tentativa de simplificar demais algumas mecânicas e aparentar ser mais do que realmente é. Se apoiando em muitas promessas de melhorias futuras, mais uma vez ele nos força a usar termos como como “potencial subutilizado”. Há uma falta de conteúdo apesar do excesso de ideias.
No entanto, mantenha a calma: sempre há um lado positivo, mesmo nas situações mais desafiadoras.
Ultra
O destaque inicial vai para a apresentação estética, auditiva e sensorial. Firewall Ultra está entre os jogos mais visualmente atraentes do PlayStation VR2. Os efeitos de luz, a iluminação, o design dos ambientes, a sonoplastia potencializada pelo áudio 3D e os excelentes efeitos do recurso Sense são incríveis.
Uma das características mais interessantes é sentir nos controles Sense os recuos das armas ao disparar rajadas de rifles, pistolas, espingardas, granadas, etc. É quase como usar um DualSense.
Além disso, há o rastreamento ocular que proporciona situações únicas. Por exemplo, para se proteger de uma granada de luz, basta fechar os olhos. A seleção de menus também é realizada com os olhos, o que parece legal à primeira vista, mas… falaremos disso mais adiante.
Soft-VR
Afinal, o que é Firewall Ultra? É um jogo de tiro tático multiplayer com elementos estratégicos, ritmo cadenciado e uma variedade de agentes de elite. Poderíamos considerá-lo um parente distante do Rainbow Six Siege, mantendo as devidas proporções.
No entanto, ao contrário do sucesso da Ubisoft, o jogo da First Contact Entertainment possui bem menos modos e opções de jogo. Apenas dois: PvP e PvE.
No time contra time, os jogadores se dividem entre ataque e defesa. Um time tenta proteger um laptop, enquanto o outro tenta atacar. Nas rodadas seguintes, os papéis se invertem. No cooperativo, você e sua equipe devem invadir três computadores, se proteger das ondas de inimigos controlados pelo computador e realizar a extração.
Até existe uma área de treinamento, mas ela serve apenas para que os jogadores tenham o primeiro contato com o conceito do jogo, assimilem os comandos, entendam o funcionamento das armas e adquiram um pouco de prática.
O ponto crucial aqui é que o Firewall Ultra se propôs a não entregar uma experiência de realidade virtual de alta imersão. O jogo simplifica bem as mecânicas, possivelmente na tentativa de atrair mais jogadores, porém acaba deixando de lado recursos que tornam a realidade virtual (RV) única.
Isso resulta em comandos fáceis de pegar. Para abrir uma porta, basta pressionar um botão; para recarregar, pressione outro botão; para lançar as granadas ou plantar C4, pressione um botão. Isso pode ser o padrão em jogos não-VR, mas não é o caso normalmente neste gênero.
Em jogos de PS VR que são bem executados, existe um ritual em torno dessas ações. Para abrir uma porta, você faz o movimento de puxá-la pela maçaneta; para recarregar, pega o pente de munição e o insere na arma; para lançar uma granada, faz o gesto de arremesso.
Pode parecer burocrático em palavras, mas é exatamente isso que torna os jogos de PS VR2 especiais e justifica o investimento. É algo que cria uma experiência diferenciada. Imersão.
Considere exemplos como The Walking Dead: Saints & Sinners – Chapter 2: Retribution, Pavlov VR, Horizon Call of the Mountain e muitos outros. Os movimentos fazem uma grande diferença. Tanto que o estúdio já confirmou que a recarga manual das armas será implementada no futuro, em resposta às reclamações da comunidade.
Altos e baixos
Firewall Ultra proporciona uma experiência de montanha-russa, com momentos de alta e baixa intensidade. Possui visuais impressionantes, cenários ricos em detalhes, efeitos sonoros cativantes, bom aproveitamento do recurso Sense e diversas abordagens possíveis para cumprir os objetivos (como plantar armadilhas, agir com cautela, adotar uma abordagem agressiva, desenvolver estratégias em equipe, entre outras).
Quando tudo se alinha, o jogo brilha e é possível passar várias horas nele – algo incomum em jogos de PlayStation VR, que frequentemente requerem pausas para descanso. Entretanto, assim como uma montanha-russa, o jogo tem suas descidas rápidas.
Bugs visuais estranhos e problemas nas animações dos personagens frequentemente resultam em situações bizarras, como braços tortos, lembrando algo de um filme de terror como “O Chamado“. Às vezes, a arma simplesmente não se encaixa adequadamente ou muda de mãos sem comando.
Além disso, ocorrem crashes esporádicos. Em nossos testes, encontramos situações em que o jogo congelou, exigindo um reinício.
Infelizmente, esses não são os únicos pontos negativos.
Possivelmente o mais grave é a excessiva necessidade de grind para a progressão. Desbloquear novas armas, equipamentos, contratos e personagens é um processo custoso a ponto de levar os jogadores a desistirem.
Ao conquistar experiência, você evolui em seu ranking e pode usar moedas do jogo para adquirir mais recursos. O problema é que a quantidade de moedas fornecida é muito baixa. Leva um tempo considerável para desbloquear itens simples, como uma lanterna, por exemplo.
A situação se torna tão crítica que o jogo recebeu uma atualização (versão 1.04) na qual foram fornecidas 100 mil moedas para os jogadores gastarem na loja, permitindo assim o desbloqueio de itens simples.
Quanto à variedade de mapas, até o momento existem apenas oito, muitos deles sendo recriações do Firewall Zero Hour (2018). Embora todos sejam interessantes e visualmente atraentes, a quantidade é pequena.
Por fim, a navegação nos menus também apresenta problemas. As opções são selecionadas pelo movimento dos olhos. Você direciona seu olhar para uma opção e o cursor se move. Isso pode parecer conveniente, mas na prática é desajeitado e impreciso, transformando o simples em algo difícil.
Abrir a opção desejada se torna um desafio. Trocar de arma ou fazer ajustes no jogo durante uma partida? Esqueça!
Por ser um jogo de serviço contínuo, a expectativa é que novidades cheguem em breve e possam fazer a pena o investimento ( o jogo custa R$ 200 na PlayStation Store).
Desafios adicionais para jogadores brasileiros
Para os jogadores brasileiros, há outras considerações a serem feitas. Você encontrará poucos compatriotas no jogo. Como a comunicação é crucial, devido à necessidade de interagir com os outros jogadores, isso se torna um desafio adicional. A maioria dos jogadores é estrangeira, criando uma barreira linguística natural.
Isso não impede o gameplay, mas reduz consideravelmente o nível de integração.
Essa falta de brasileiros também implica em tempos de espera prolongados para formar um esquadrão. O matchmaking deixa a desejar, levando, por vezes, muito tempo para encontrar outros jogadores e ainda mais tempo para começar as partidas.
A boa notícia é a localização do jogo. Ele está dublado e legendado em nosso idioma. Apesar de algumas telas não estarem traduzidas corretamente – o que logo deve ser corrigido.
Firewall Ultra: vale a pena?
No momento, é aconselhável aguardar por mais conteúdo no jogo, além de correções para seus problemas técnicos e ajustes efetivos na progressão, que vão além de simplesmente oferecer moedas. Além disso, é importante que sejam introduzidas interações mais compatíveis com a realidade virtual.
O jogo tem seus momentos positivos, é verdade. As partidas PvE são agradáveis, os bots têm uma boa inteligência, há uma variedade de armas com diferenças marcantes entre elas, os tiroteios são intensos, os visuais são impressionantes e o áudio é excelente.
Quando você finalmente forma um esquadrão coeso após um longo período, as coisas começam a fluir e é possível aproveitar boas horas de diversão.
No entanto, Firewall Ultra parece ser, por enquanto, uma promessa não completamente cumprida. Ficamos na expectativa de que o futuro seja mais generoso.
Veredito
Firewall Ultra
Sistema: PlayStation VR2 | PlayStation 5
Desenvolvedor: First Contact Entertainment
Jogadores: 1 Jogador
Comprar com DescontoVantagens
- Belíssimos visuais
- Sonoplastia
- Ambientação dos mapas
- Controles Sense são ótimos
Desvantagens
- Crashes
- Navegação nos menus terrível
- Grind altíssimo
- Sistema de progressão ruim
- Bugs visuais
- Tempo excessivo no matchmaking
- Poucos brasileiros