Crash Team Rumble: vale a pena?
Crash está de volta ao cenário multiplayer com um jogo muito divertido, mas que poderia ter outro formato
Quando falamos de Crash Bandicoot, imaginamos plataformas, caixas, frutas, máscaras… mas já pensou se misturássemos estes elementos com um multiplayer em arena? A Toys For Bob pensou, e aí nasceu Crash Team Rumble!
Conhecido dos fãs de single-player, Crash tenta se firmar no cenário multijogador (como já fez em Crash Team Racing e Crash Bash) com um game divertido, mas que talvez tenha nascido um pouco velho.
Especialmente por ter um preço relativamente caro para o que oferece. A grande maioria dos jogos deste tipo são free-to-play, porém Crash Team Rumble custa quase R$ 170 – algo que, muito provavelmente, vai afetar a quantidade de jogadores nos servidores.
É sobre trabalho em equipe e estratégia
Os jogadores dividem-se em duas equipes de quatro integrantes, para ver quem coleta 2.000 frutas Wumpa primeiro — objetivo que garante a vitória nas partidas. Trabalho em equipe e estratégia são fundamentos centrais neste jogo.
A premissa parece simples, mas não basta pegar frutas e levá-las para sua base. Todos os mapas possuem objetivos secundários, que ajudam seu time a chegar a 2.000 pontos antes dos adversários.
É preciso capturar os chamados “Impulsos” (gemas-plataformas) — áreas que bonificam a quantidade de frutas entregues à sua base. Quanto mais desses locais forem garantidos, maior será a pontuação obtida quando você for depositar as frutas. Exemplo: se Crash carregar 130 Wumpas em seu bolso, ele pode marcar 260 pontos de uma só vez.
Também há habilidades especiais espalhadas pelo mapa. Para consegui-las, é preciso coletar uma certa quantidade de relíquias (objetos que se parecem com cruzes) e ir até uma plataforma para gastá-las. Ao fazer isso, o jogador pode invocar um ciclone, bombardear o inimigo… tudo depende do mapa onde estiver jogando — cada lugar tem suas skills únicas.
As estratégias variam muito dependendo do mapa e da composição do seu time. Às vezes, o melhor é coletar frutas e gemas rapidamente, mas em outras situações, o ideal é guardar a base inimiga e evitar que o adversário pontue. Habilidades selecionadas antes do início das partidas ajudam nisso — dá para posicionar uma planta que cospe ácido ou um brutamontes que eletrocuta tudo à sua volta, por exemplo.
Falando em estratégia e em composição de equipe, é importante saber que há três funções diferentes entre os heróis disponíveis: Pontuador, Bloqueador e Suporte. O primeiro é autoexplicativo (ele deve coletar o máximo de frutas e… pontuar), o segundo é o “goleiro” (ele impede o adversário de marcar pontos) e o terceiro precisa garantir os objetivos secundários (capturar relíquias e impulsos).
Obviamente, os personagens têm habilidades próprias que os tornam únicos. Crash (Pontuador) consegue fazer o dash-spin e é muito rápido, Coco (Suporte) deixa paredes atrás de si, sendo úteis para atrapalhar o adversário ao capturar um impulso, N. Brio (Bloqueador) bebe uma poção e vira um “HULK SMASH!” — socando o chão e impedindo o inimigo de pontuar.
Todos os elementos citados tornam Crash Team Rumble um título divertido e com muita variedade. O jogador pode escolher um main, mas jamais se verá preso a uma opção. Não só isso, mas demorará até ele dominar os mapas extremamente diversificados.
Por outro lado, CTR tem uma característica que pode incomodar quem gosta de passar horas e horas no videogame. Cada partida dura, em média, de 5 a 8 minutos. São jogos muito curtos, ou seja, não deve tardar até o player enjoar do gameplay.
Jogou Crash 4? Os gráficos vêm de lá
Na questão gráfica, é impossível não comparar Crash Team Rumble com Crash Bandicoot 4: It’s About Time. Isso porque, o estilo artístico e os assets vêm da aventura lançada pela Toys For Bob em 2020.
Se você jogou o game – que já esteve disponível no PS Plus Essential – vai reconhecer muita coisa ao observar os detalhes. As frutas, as gemas-plataforma, os personagens… tudo ali é exatamente igual.
O destaque positivo fica para as skins inventadas pela Toys For Bob. Assim como ocorreu em Crash 4, o estúdio da Activision colocou a criatividade para funcionar e desenhou trajes bem legais para cada personagem. N. Tropy (Fêmea), por exemplo, possui um visual em homenagem à Arlequina, da DC Comics.
O grande desafio de Crash Team Rumble
Se um jogo é divertido, ele já atingiu todo seu potencial, certo? Nem tanto. Crash, talvez, enfrente um oponente diferente dos caricatos oponentes, o modelo de negócio. Crash Team Rumble funcionaria melhor como free-to-play.
Embora não se trate um MOBA — a Toys For Bob faz questão de ressaltar isso —, o jogo incorpora muitos elementos que lembram o gênero. Além disso, também parece um daqueles multiplayer que atingiria seu potencial em formato gratuito, ao atrair uma grande comunidade e lucrar através de cosméticos ou skins.
É estranho que a Activision não tenha utilizado essa abordagem. Afinal de contas, pelo menos duas temporadas estão garantidas para o período pós-lançamento — a 1ª contará com dois personagens inéditos (N. Gin e Ripper Roo), além de um mapa e um poder novo.
Tudo tem um jeitão de F2P, mas só que pago. Para o jogo se manter vivo e repleto de novidades constantes, a barreira inicial de compra não deveria existir. Exemplos nós temos aos montes no mercado.
Crash Team Rumble: vale a pena?
É divertido jogar com os amigos e há muito potencial no projeto. No entanto, seu modelo totalmente pago pode afastar muitos interessados que não estarão dispostos a desembolsar R$ 169,90 por algo que pode não durar muito.
Claro, se você é fã do marsupial, pode dar uma chance. Tudo está aí: os personagens carismáticos, as mortes engraçadas, a coleta de frutas, as caixas… E vale repetir: é, sim, muito divertido. Agora, se a grana estiver curta, o jeito é torcer para chegar ao PS Plus ou que ele siga pelo mesmo caminho de Rocket League.
Veredito
Vantagens
- Muito divertido
- Boa variedade de mapas com estratégias
- Personagens carismáticos e únicos
- Skins muito legais
Desvantagens
- Poderia ser free to play
- Partidas muito curtas
- Pode enjoar rápido