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Dead Island 2: vale a pena?

Matar zumbis nunca foi tão divertido... mas poderia ser muito mais

por André Custodio
Dead Island 2: vale a pena?

Nove anos após sua revelação, Dead Island 2 finalmente chega ao mercado de jogos e deixa de ser apenas uma lenda do universo gamer. Com a proposta de renovar uma categoria de ampla concorrência, o título aposta em algumas novidades que podem atrair exatamente quem buscava algo com identidade.

Apesar dessas alterações interessantes, a Dambuster Studios precisaria mudar uma fórmula que vem mostrando sinais de desgastes. Seria a aguardada sequência de Dead Island essa virada de chaves nos jogos de zumbis baseados em ação, exploração e repetição de missões?

Há algo errado em meu sangue…

Em uma Califórnia devastada por hordas de mortos-vivos, um avião perde seu controle e colide com o solo, causando incontáveis fatalidades. Poucas vítimas sobreviveram, mas logo descobririam que o verdadeiro teste de fogo estava para acontecer: do lado de fora, o caos generalizado se espalhava.

Após conseguir resgatar alguns dos passageiros, um sobrevivente acaba ferido e entra em desespero ao detectar a mordida de um zumbi em seu braço. Com isso, ele precisa ir para a cidade e encontrar pessoas capazes de lhe ajudar. Porém, tudo muda quando ele percebe ser imune ao vírus. Seria essa a salvação para a humanidade?

dead island 2
Fonte: André Custodio

Dead Island 2 é um jogo de ação em primeira pessoa baseado na exploração, coleta de recursos e em mecânicas de looter-shooter. Quanto mais se progride na campanha, mais itens valiosos são encontrados, apesar de muitos estarem bloqueados por chaves, senhas e portas.

Como um bom jogo de apocalipse zumbi, a história do game definitivamente não é seu forte. Aqui, participamos de uma trama relativamente reaproveitada de filmes, séries e games concorrentes, onde até mesmo as reviravoltas, apesar de acontecerem, chegam a ser previsíveis em diversos aspectos.

dead island 2
Fonte: André Custodio

A imunidade do protagonista é o plano de fundo para que diversos eventos principais ocorram, mas muitas vezes são ignorados por eles. Dessa forma, ao seguir essa linha de raciocínio, as atividades secundárias chegam a apenas “encher linguiça”, removendo completamente qualquer impacto da narrativa.

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Fonte: André Custodio

Para além disso, os jogadores podem assumir o papel de um entre seis personagens jogáveis — cada um com dublagem própria, atributos específicos e vantagens. Infelizmente, assim como todos os outros NPCs do game, há uma forçação para frases de efeito e praticamente zero carisma.

Obviamente, isso se estenderia para missões secundárias, atividades de achados e perdidos, e desaparecimentos. As pessoas relacionadas a cada evento se destacam por serem colocados em Dead Island 2 de qualquer forma. Assim, não se perde nada em deixá-las para lá e apenas seguir a campanha central.

Se o trailer de Dead Island tivesse acontecido…

O choque foi grande quando os fãs assistiram ao trailer cinemático do primeiro Dead Island e encontraram um gameplay totalmente diferente. Demorou anos para acontecer, mas finalmente a relação entre o vídeo e a franquia ocorreu no segundo game — tudo aqui é visualmente deslumbrante.

Graficamente falando, é preciso tirar o chapéu para a Dambuster Studios. Em Dead Island 2, cada detalhe foi pensado com carinho. Ruas, becos, praias, shoppings, túneis, casas abandonadas… a atmosfera dos mapas está bastante imersiva, com destaque para o alto nível de detalhes técnicos.

dead island 2
Fonte: André Custodio

Jogadores se impressionarão com os visuais do game logo nos primeiros instantes da campanha. Efeitos de partículas em chamas merecem uma menção especial, mas as sombras, reflexos, iluminação, texturas — tanto no dia quanto na noite — são algo que impactam a experiência em geral.

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Fonte: André Custodio

Vale reforçar que Dead Island 2 não é um título de mundo aberto, mesmo com as zonas sendo relativamente extensas e cheias de pontos de interesse. Em meio a efeitos elementais, ações de zumbis em tempo real e tempos de carregamento quase zerados, a otimização está acima do padrão.

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Fonte: André Custodio

Outro detalhe fica por conta das expressões faciais e física de personagens. Ao observar a sombra do protagonista, é possível ver que seu fluxo é bem mais realista em comparação a games como Dead Island e Dying Light. Além disso, expressões faciais e movimentos do corpo dos NPCs são pontos positivos.

Sistema FLESH é tudo que o fã deseja

Implementado como uma das principais novidades em Dead Island 2, o sistema FLESH de mutilação agrega muito ao combate. Essa mecânica permite que os jogadores não apenas acessem algumas vantagens, mas também deem sequência a combos de armas brancas, armas de fogo e efeitos de cenário.

Na prática, isso quer dizer duas coisas. A primeira é que atacar zumbis e causar dano em diversas partes de seus corpos é um verdadeiro espetáculo de satisfação visual. Braços, pernas, cabeças voam para todos os lados em um banho de sangue, enquanto as tripas aparecem e órgãos são decompostos.

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Fonte: André Custodio

A segunda diz respeito a algumas facilidades adicionadas ao gameplay. Quanto mais se mutila um zumbi, mas a superfície de contato aumenta. Com isso, o jogadores podem ligar, por exemplo, braços a poças de água, gerar dano de raio e eletrocutar uma dezena de inimigos em poucos instantes.

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Fonte: André Custodio

É importante reforçar que todas as armas mutilam, mas cada uma causa efeitos visuais distintos. Lâminas, por exemplo, resultam em cortes profundos e contusões na direção do ataque realizado, enquanto marretas desmembram com maior impacto e esmagam os mortos-vivos rapidamente.

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Fonte: André Custodio

A novidade em Dead Island 2, que se estende a finalizações brutais e oferece uma maior variedade no uso de armas, evita as chamadas “esponjas de balas”. Assim, cada zumbi recebe impactos de acordo com a potência da arma, a concentração do golpe e seus pontos fracos.

Essa mecânica, ajustada com a grande variedade de skins de zumbis — apesar da baixa variedade em tipos — traz uma satisfação ainda maior. Atacar as variantes resulta em trajes rasgados, acessórios quebrados, equipamentos explosivos e outras ações que favorecem o combate e o ganho de recompensas.

Árvore de habilidades não: deckbuilding!

Esqueça tudo que você conhece sobre progressão de personagens. Em Dead Island 2, a tradicional árvore de habilidades dá lugar ao sistema de construção de decks. Ao longo da campanha, de missões secundárias e da exploração, os jogadores encontrarão cartas para agregar atributos valiosos à sua build.

As vantagens incluem melhorias de sobrevivência, de caça a zumbis, de exploração e no uso de um recurso inédito na franquia: a Fúria. Essa função permite que o protagonista acesse poderes internos, capazes de expandir sua força e velocidade significativamente.

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Fonte: André Custodio

Em um primeiro momento, a quantidade de cartas para a formação de decks é bem limitada, mas os slots aumentam quando momentos chave da campanha são concluídos. Assim, os fãs podem habilitar voadoras super divertidas, ganhos em resistência, dano e muitos outros benefícios.

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Fonte: André Custodio

Caso esse sistema seja adequadamente combinado aos modificadores de armas e ao nível do protagonista, Dead Island 2 fica bem mais fácil. Vale lembrar que o game não possui modos de dificuldade e inclui um gameplay adaptável de acordo com o nível máximo do jogador.

Um é legal, mas em dois é insano

Jogar em modo single player pode ser um pouco cansativo, especialmente quando ainda está em níveis baixos e com armas de raridade baixa. Já experimentar Dead Island 2 em cooperativo para até três participantes transforma o game completamente em uma ação insana e brutal.

Nativamente, o game está rodando a 60 FPS e sem perdas nítidas de resolução em 4K. Essas configurações e a performance geral se estendem ao modo online, já que ele flui muito bem e sem lags para o host — o convidado precisa de um tempo para se ajustar ao lobby do anfitrião, aparentemente.

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Fonte: André Custodio

No online, toda a campanha pode ser jogada em equipe, bem como atividades secundárias e exploração. Equipamentos podem ser compartilhados entre o time, mas os recursos disponíveis no mapa aparecem na mesma quantidade para todos os participantes.

Em relação aos níveis de dificuldade, há um ajuste “para cima”. Isso quer dizer que o HP dos zumbis praticamente dobra, enquanto eles se tornam mais resistentes, aparecem em mais quantidade e surgem com variantes das mais poderosas, como Berrador, Triturador, Carniceiro e Babão.

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Fonte: André Custodio

O pareamento de partidas ocorre rapidamente e habilita sessões públicas ou privadas. Além disso, os jogadores podem optar por permanecer no single player com cooperativo desativado, evitando que outras pessoas entrem no meio da partida e expandam os desafios.

Outro adendo é que os desafios se tornam compartilhados, assim como a experiência ganha. Se seu amigo matar zumbis, explorar pontos de interesse , cumprir missões e acionar objetivos, todos os registros também vão para o seu diário.

Dead Island 2: vale a pena?

Dead Island 2 é um grande salto em relação ao primeiro game. Apesar de ser repetitivo especialmente após sua segunda metade, o game diverte graças ao combate revisitado, ao sistema de desmembramento e à árvore baseada em deckbuilding.

O game vale muito a pena para amantes do gênero, independente se curtirem um gameplay em FPS com armas de fogo ou combate melee — todas essas mecânicas funcionam bem. Na nova geração, os bugs são quase inexistentes e a otimização em geral é algo para ser elogiado.

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Fonte: André Custodio

Apesar disso, fãs que buscam coisas novas podem se incomodar com a história rasa, com os personagens nada agradáveis e com o excesso de ida e volta para cumprir objetivos secundários. Pesando tudo, Dead Island 2 realmente está acima da média e merece um pouco mais de atenção da comunidade.

O título está disponível para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series e PC. Na Amazon, ele já pode ser adquirido em sua versão Day One e é, no momento, o primeiro jogo de PS5 mais vendido no site.

Veredito

Dead Island 2
Dead Island 2

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Dambuster Studios

Jogadores: 1 a 3

Comprar com Desconto
75 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Sistema FLESH de desmembramento é muito satisfatório
  • Variedade de armas e de builds
  • Deckbuilding no lugar da árvore de habilidades traz renovações
  • Otimização digna de elogios
  • Gráficos surpreendentes e tecnicamente bem realizados
  • Modo cooperativo transforma a experiência
  • Grande variedade de skins de zumbis
  • Mundo semi-aberto com áreas extensas e com vários pontos de interesse
Desvantagens
  • Repetição no gameplay após segunda metade
  • Personagens pouquíssimo carismáticos
  • História pouco original e com reviravoltas previsíveis
  • Fórmula de ação e sobrevivência em primeira pessoa se mantém
  • Backtracking constante
André Custodio
André Custodio
Redator
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Jogando agora: Diablo IV, Sprawl, Trombone
Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.