F1 22: vale a pena?
Novo jogo da série não empolga, mas segue sendo uma ótima opção para quem ama a categoria
F1 22, infelizmente, não causa o mesmo impacto que F1 2021. É notória a diferença nos veículos, as novas regras da categoria também foram adicionadas e o gameplay continua sensacional como sempre foi na franquia da Codemasters. Só que ele parece dar sinais dos tempos. De que a “nova era”, anunciada para o jogo, não chegou e precisa chegar.
Obviamente, os desenvolvedores devem ter tido um baita trabalho para redesenhar os carros, que estão bem diferentes nessa temporada da F1 — além do novo circuito de Miami e de updates na Espanha, na Austrália e em Abu Dhabi. E os resultados do esforço são incríveis. Mas ficou “só nisso”.
A ambientação segue linda, com carros e cenários maravilhosos, mas visuais dos humanos não encantam tanto quanto antes. As novidades prometidas são bem mais ou menos, o VR só funciona no PC e o “off-track”, ou seja, “fora da pista”, não é nada demais. É preciso uma injeção de ânimo, e a inspiração talvez esteja mais perto do que se imagina.
Sinais dos tempos
F1 Life é mais uma adição da EA Sports a um jogo para fazer com que jogadores gastem dinheiro com cosméticos. Oferecendo lojas de itens de grife, como Anti Social Social Club e Puma, e outras marcas, ele permite personalizar o personagem criado de uma forma jamais vista na franquia. Além disso, é possível criar o seu próprio QG, com exposição de carros, móveis diferentes e por aí vai. Só que é tudo muito raso.
Não há animações diferentes, e os jogadores podem até visitar os espaços uns dos outros, mas sem grandes interações. Parece um início interessante, porém fica só nisso. De cara, você vai achar legal montar o seu espaço, mas depois vai esquecer que ele existe. Ou então vai voltar só pra admirar os troféus que conquistou na carreira e colocou em exibição na área dedicada para isso.
A parte das microtransações não se resume apenas a essa loja. Há também uma espécie de Passe de Batalha, com itens que são liberados gratuitamente e outros só para quem paga o VIP. Novamente, nada de novo quando falamos de EA Sports, certo?
Há alguns detalhes na imersão do jogo que incomodam. Por exemplo: nas avaliações realizadas, foi iniciada uma carreira com um piloto na McLaren. E as reações da equipe a poles e vitórias eram totalmente blasés, como se fosse a Ferrari ou a Red Bull. Parece haver um script único de comunicação e de cutscenes para qualquer escuderia, e isso tira bastante da graça. Quem viu Drive To Survive na Netflix sabe como é a celebração de uma equipe não favorita a um bom resultado.
A comunicação no rádio, pré-corrida, às vezes também é meio esquisita. Houve um caso de o piloto criado estar vindo de dois pódios seguidos e iria largar na pole nessa prova. A mensagem antes da corrida foi: “Vamos tentar ficar entre os 10 melhores de novo”. Não faz o menor sentido. Por isso, mesmo com a localização para o português e o conteúdo todo no nosso idioma, as falas são sempre iguais e as cenas in-game também, algo decepcionante.
Sem contar que a Carreira, apesar de ainda ser a melhor experiência do jogo, parece meio robotizada, sem vida. Tem adições bacanas, como as melhorais em peças, e a opção de fazer os treinos livres sem ir pra pista, escolhendo melhorias para seu carro. Mas falta aquela pegada mais criativa, mais cinematográfica. Mais cutscenes, mais interações, mais desafios. Você pode ter rivais, por exemplo, mas tem zero contato com eles.
De novo, vamos usar de referência a aclamada série documental da Netflix: vocês já viram como é legal um paddock em final de semana de corrida? O F1 Life e o Modo Carreira deveriam ser sobre isso. Lembra do Ponto de Frenagem do game passado? Então… Poderia ter sido desenvolvido e evoluído em algo incrível. Mas sequer voltou.
Mais real e acessível do que nunca; você escolhe
Agora, a jogabilidade é inquestionável. Especialmente porque F1 22 está mais acessível do que qualquer outro jogo da série. Isso graças à nova Inteligência Artificial Adaptável, disponível no modo Casual de competição. O usuário pode escolher a dificuldade dos outros pilotos. No Normal, eles seguem como de costume, mas no Full serão configurados conforme a habilidade do piloto humano.
Ou seja, ao selecionar o Modo Casual, você diminui as dificuldades e o rigor das punições da FIA e pode ter as assistências no carro ligadas. E, dentro disso, ainda pode customizar como quer que os pilotos reajam. Pra galera iniciante ou que só não tem paciência para um jogo tão simulador assim, é uma maravilha. E se você é um piloto virtual mais hardcore, também tem todas as configurações para você demonstrar seu talento.
Essa flexibilidade começou em F1 2021, quando a EA Sports incorporou a Codemasters, e aumentou agora. De forma parecida com o que ocorreu com os jogos do UFC, quando eram da THQ e migraram para a desenvolvedora de FIFA, Madden e cia. No geral, a ideia não é fazer com que os games deixem de ser simuladores, mas sim dar a oportunidade de quem não tem todas as habilidades para jogar nesse nível, ou simplesmente não quer, de também divertir-se.
E o que não falta é opção para fazer isso. A Carreira tradicional com um piloto, o MyTeam para gerenciar uma equipe (e nele também há três opções diferentes de dificuldade), as novas experiências com carros de passeio, corridas rápidas offline, tela dividida local, competições online, até a F2 dá as caras… Se você gosta de Fórmula 1, F1 22 vai te manter entretido por horas. Porque apesar de ele ser um jogo que dá sinais de precisar de uma revolução, ainda entrega um gameplay sem defeitos.
O mais divertido é criar uma equipe no Modo Carreira. Na análise, foi fundada a MeuPS Racing, com os pilotos Thiago Barros e Michael Schumacher, motor Ferrari e expectativa de brigar pelo título. Sim, é possível colocar lendas da F1 (Ayrton Senna e Felipe Massa estão entre elas) como seus companheiros no time criado, algo bem bacana. Nesse modo, você assinará os contratos com patrocinadores, controlará as evoluções da equipe e fará uma gestão mais ampla da escuderia. É bem legal.
Tá, tem uns bugs aqui e outros ali, principalmente visuais (houve momentos nos quais o champagne do pódio virou um negócio totalmente deformado branco), e certos crashes, mas o desempenho técnico também é bom. A nova trilha sonora agrada, tudo atualizadinho como tem que ser… Enfim, o que se espera de um jogo da série.
F1 22: vale a pena?
Chegar a um veredito sobre F1 22 não é simples. Se vale a pena? Sempre vale. Mas, pela primeira vez em algum tempo, ele dá a impressão de que uma nova era precisa acontecer — e, ao contrário do que diz a divulgação do jogo, ela não veio nesse título. Se nas pistas vemos, claramente, um tempo diferente com pilotos jovens assumindo as rédeas, no game ainda é tudo muito igual.
A jogabilidade continua estelar, assim como o visual dos carros e dos circuitos, e isso talvez seja o que realmente importa, né? Ele nunca foi tão bom nesse sentido, e há de se valorizar o trabalho dos devs responsáveis por adaptarem o game para as novas regras, criarem os novos modelos de carro e atualizarem as pistas (fazendo Miami do zero — e está linda!).
Por outro lado, o gostinho é de mais do mesmo. Falta vida. Falta interação. Falta conectividade. Falta criatividade. Falta mais daquele clima de Fórmula 1 que todo mundo se apaixonou nos últimos anos vendo Netflix. Falta um visual mais realista para os pilotos reais e para os que você pode criar (as opções de personalização são pouquíssimas).
No fim das contas, F1 22 entrega o que se espera.
Mas talvez esteja na hora de esperarmos mais…
Veredito
Vantagens
- Gameplay continua irretocável
- Experiência com "supercarros" é divertida
- Opções de customização de jogo são ótimas
- Mudanças nas regras e novos circuitos
- Modo Minha Equipe é o mais divertido
Desvantagens
- F1 Life não impressiona
- Jogo parece o mesmo há alguns anos
- Pequenos bugs visuais e crashes
- Carreira precisa de mais vida