Diablo II Resurrected: vale a pena?
Diversos problemas técnicos ofuscam o brilho da celebração do game
Lançado em 2000, Diablo II é considerado como um dos melhores RPGs de todos os tempos. A história, gameplay e universo apresentam uma experiência memorável e nada mais justo do que “ressuscitar” o título em uma versão com gráficos e taxa de quadros melhorados, além de todos os seus conteúdos adicionais. Em Diablo II Resurrected, os jogadores são desafiados a embarcar numa imersiva aventura role playing.
Contudo, o que era para ser uma comemoração, torna-se um pesadelo em razão dos diversos problemas técnicos. Suas boas características de combate clássico e exploração são facilmente ofuscadas, o que faz a Blizzard perder uma boa oportunidade de fazer as pazes com os fãs.
Diablo II Resurrected relembra a bela história original
A história do game dá continuidade aos eventos finais do primeiro título. O Diablo, Lorde do Terror, foi contido no corpo de um herói desconhecido, mas o Senhor das Trevas começou a corromper seu receptáculo. O herói tentou se controlar, mas ficou insano e trazia involuntariamente hordas de criaturas demoníacas por onde passava.
Um novo salvador desconhecido surge — controlado pelo jogador — para destruir Diablo de uma vez por todas e lidar com a manifestação de monstros. É nesse game que a lore é expandida, ao apresentar seres como Baal, Mefisto e antagonistas do submundo ainda mais poderosos.
É necessário parabenizar a Blizzard pelo excelente trabalho de localização. Além dos textos em PT-BR, todas as cutscenes e vozes dos NPCs estão dubladas. É uma produção primorosa que dá muito valor ao enredo, se tornando cada vez mais envolvente pela pegada sombria.
Quem não jogou o primeiro game, não ficará muito perdido. Há poucas referências diretas aos eventos antepassados e todo o arco de Diablo II é completo por si só. No entanto, faltou o cuidado especial de oferecer um grande resumo, afinal já faz mais de 20 anos desde o lançamento dos títulos originais da série, e o público gamer é bem diferente daquela época.
A sequência também conta com uma maior variedade de monstros e classes. As builds e habilidades de um Bárbaro são bem diferentes de um Mago, e os desafios variam para cada personagem. Além disso, cada um dos cinco Atos possuem cenários únicos, que auxiliam no ritmo e transição dos momentos do jogo.
RPG com R de raiz
Parece proposital a falta de um background em Diablo II Resurrected, pois a Blizzard sequer adicionou tutoriais básicos ao game. Assim como no título original, essa nova versão não pega o jogador pelas mãos. Tudo depende apenas das ações do protagonista. Pegou uma joia e não sabe como utilizá-la? Descubra. Quer saber onde conversar com um NPC? Explore.
Essa “dificuldade natural” é divertida e força o jogador a procurar pelas respostas. Não é muito complicado se habituar aos comandos, até porque todos são bastante simples, mas é necessário sempre farmar por itens novos, descobrir outras habilidades e procurar pela build correta. Este não é um jogo de aventura, portanto, o personagem não pode ser o mesmo do início ao fim.
Para os mais ousados, ainda há a possibilidade de experimentar o Modo Hardcore, que impede o personagem de reviver caso leve dano fatal. São tentativas perigosas e recomendadas para os experientes na arte de expurgar os demônios.
O combate é mais estratégico, mas tem os elementos de tempo real embutidos. Por exemplo, é possível esquivar-se dos disparos inimigos ao mover o personagem para o lado certo. No entanto, os ataques são como jogos de tabuleiro: aproxime-se do alvo e “gire o dado” — ou aperte só o botão — e aí há a chance de acertá-lo ou de errar o golpe.
Em razão dessa estrutura mais clássica, o jogador é limitado aos modos offline ou online. Criar um personagem em um deles impede de transferi-lo para o outro. Um Paladino desconectado dos servidores da Blizzard não pode dividir ou participar do mesmo gameplay de um Necromante criado no online.
Que inferno!
Infelizmente, os problemas técnicos de Diablo II Resurrected ofuscam os pontos positivos. A análise foi feita no PlayStation 5, mas seguintes críticas também foram encontradas no PC e Xbox.
Quanto à adaptação do clássico para os consoles de mesa, há uma grande falta de recursos importantes nas configurações do jogo. Não é possível modificar o zoom da câmera, não há suporte ao mouse e teclado, o chat não funciona e os lobbies personalizados estão ausentes — opções todas disponíveis no PC.
Outra situação que agrava a experiência são os constantes crashes. É muito comum o jogo travar e fechar sozinho. A situação fica ainda pior quando volta para o game e o jogador se depara com o progresso perdido. No modo offline, a evolução inteira do personagem é descartada — aconteceu duas vezes durante o período da análise — e, no caso do modo online, o mapa reseta e obriga o jogador a matar os mesmos monstros e a procurar o novo caminho.
Ainda há problemas de lag devido à instabilidade dos servidores. As criaturas estão o tempo todo se “teletransportando” de um ponto para outro sem nenhuma explicação ou o personagem voltando ao local de origem.
Todos esses problemas trazem uma grande sensação de frustração pelo tempo investido que não retorna mais. Diablo II Resurrected já está disponível há uma semana e, até então, a Blizzard não estipulou uma previsão para atualizações de correções. A companhia promoveu algumas manutenções nos servers, mas os defeitos ainda persistem. Provavelmente isso será corrigido futuramente, mas prejudica a imagem da desenvolvedora pelo tratamento sobre uma de suas maiores franquias.
Diablo II Resurrected: vale a pena?
No atual momento, a Blizzard tem muito trabalho para fazer. Os problemas que impedem a progressão e até congelam os personagens são críticos. O game, que por si só possui muita qualidade, fica manchado devido ao mau desempenho técnico.
Embora esteja mais barato que muitos AAA, Diablo II Resurrected está disponível na PS Store por R$ 200,00 e pode decepcionar os jogadores dos consoles. Eles se divertirão quando enfrentarem os demônios ou explorarem as dungeons, mas a frustração é garantida.
Vale a pena esperar até os servidores ficarem estáveis e não houver mais problemas de perda de progresso. Por enquanto, o melhor é apenas torcer para esse diabo ser exorcizado.
Veredito
Diablo II Resurrected
Sistema: PlayStation 4 | PlayStation 5
Desenvolvedor: Blizzard
Jogadores: 1
Comprar com DescontoVantagens
- Boa história
- RPG clássico e desafiador
- Dublagem PT-BR de alto nível
Desvantagens
- Falta de opções importantes que estão no PC
- Servidores no modo online inconstantes
- Crashes que impedem ou zeram o progresso
- DualSense sem nenhum recurso
- Nenhum tutorial ou ambientação para novatos