Curse of the Dead Gods: vale a pena?
Novo roguelike equilibra diversão com desafio com combate frenético
O sucesso de Hades em 2020 nas premiações, críticas e nas discussões da comunidade despertou o interesse dos jogadores em games roguelike. Embora o título da Supergiant não tenha previsão para ser lançado no PS5 ou PS4, a Focus Home Interactive tentou preencher esse espaço com Curse of the Dead Gods e, pelo menos por enquanto, conseguiu.
O game apresenta mecânicas similares a Hades e os elementos técnicos são muito bem desenvolvidos, embora haja algumas ressalvas sobre determinados pontos. No geral, o jogo é divertido, desafiador e um roguelike que merece atenção dos fãs do gênero.
O que estou fazendo aqui?
A parte da história é o primeiro ponto divergente entre Hades e Curse of the Dead Gods. O primeiro game possui uma narrativa bastante definida e com personagens importantes que dão orientações para o protagonista ao longo dos mapas. No caso do título da Focus Home, o enredo é muito mais simples, subjetivo e solitário.
Os jogadores controlam um explorador que precisa fugir de um templo asteca através das diversas provações de deusas nativas. Sem NPCs ou ajudantes, o protagonista está sozinho em um mundo hostil e perigoso.
O objetivo é muito simples: completar cada mapa até chegar ao final e, então, derrotar as entidades para escapar do local. A lore toda pode ser absorvida pelas descrições das criaturas conforme são abatidas, mas isso é opcional e pouco interfere na experiência.
É característica dos jogos roguelike enfatizar a jogabilidade, para deixar a narrativa de escanteio. Não é um defeito porque é algo típico do gênero, mas no caso de Curse of the Dead Gods, os jogadores não vão se encantar pelo personagem principal ou pelos monstros dos calabouços. Todos são bem genéricos e pouco inspirados.
Há um total de dez dungeons: as primeiras são rápidas, enquanto as últimas levam em torno de 25 a 35 minutos para serem concluídas. Elas se dividem em três colunas e cada seção possui padrões em comum e, por isso, a experiência acaba se tornando repetitiva até nos cenários. Para completar toda a jornada é necessário gastar entre 10 e 15 horas — dependendo da sua habilidade, é claro.
O poder da jogabilidade
Um roguelike de qualidade é um game que prende pelo gameplay em si e, felizmente, Curse of the Dead Gods cumpre seu papel. A câmera em perspectiva aérea permite uma boa visualização do mapa sem o risco de se perder ou travar em algum ponto. Além disso, os comandos respondem devidamente e a variação de armas possibilita uma jogabilidade com alto fator replay.
Os jogadores podem carregar uma arma principal, uma secundária e uma especial de duas mãos. É possível combinar movimentos entre todos os equipamentos e o combate é divertido com a chance de bloquear as investidas inimigas ou esquivar-se. Os dois recursos permitem restaurar o vigor do personagem ou desestabilizar o adversário.
Ao longo das aventuras pelos mapas, o protagonista pode capturar ouro para adquirir armas melhores, aumentar atributos de vida, ataque ou sorte e, por fim, herdar relíquias com atributos mais poderosos. Claro que se morrer ou completar a fase, tudo volta para o zero no próximo calabouço. Entretanto, as recompensas permitem melhorar os equipamentos iniciais e deixar o protagonista ainda mais poderoso.
Por mais que os cenários tenham uma similaridade repetitiva entre si, o combate de Curse of the Dead Gods é bem divertido. Combinar uma maça e uma pistola pode dar certo, assim também como optar pelas machadinhas e um chicote elétrico. Existem várias possibilidades de acordo com a build desejada.
Um jogo que não fica às sombras
O game também se destaca por seus elementos inéditos, como as Maldições e o sistema de luz/escuridão. No primeiro caso, o jogador recebe uma herança maldita quando preenche uma barra ao subir as salas do dungeon, causando atributos indesejados dos mais variados. É preciso lidar com esses efeitos negativos enquanto continua a enfrentar os vilões.
O sistema de luz/escuridão afeta diretamente o dano efetuado e recebido pelo protagonista. Quando os gamers estão numa sala escura, os inimigos ficam mais fortes, mas por outro lado, locais com chamas acesas e barris para explodir são um convite para combos poderosos e recompensas mais fáceis.
Em razão dos calabouços possuírem uma duração rápida, o fator replay é favorecido. Isto porque o jogador sempre pensa que “dá tempo de uma partidinha” enquanto tenta desvendar novas formações de armas e equipamentos.
Curse of the Dead Gods: vale a pena?
O novo título da Focus Home Interactive se sai muito bem como roguelike. Não é um game para todos os jogadores, ainda mais para quem busca uma história linear ou uma experiência tão boa quanto Hades, mas os fãs do gênero conseguirão notar pontos muito positivos.
Embora os chefes e inimigos se tornem repetitivos com o tempo e possuam um design pouco inspirado, as dungeons divertem pela aleatoriedade de atividades e monstros para serem derrotados. Em razão das múltiplas opções de armas, relíquias e poderes, o game ainda abrange outras alternativas para instigar o player a pensar nas melhores estratégias.
Falando sobre o preço, é sempre uma faca de dois gumes. No momento, o título está na PS Store por R$ 104,50. Devido às horas de conteúdo (ainda mais para fãs de bons desafios), é uma quantia justa que vai entreter por um bom tempo. Porém, quem deseja apenas “experimentar”, o recomendado é esperar aquela promoçãozinha bacana.
Não espere por um jogo concorrente aos melhores do ano, mas pode ter certeza que se trata de uma ótima indicação para a sua biblioteca.
Veredito
Curse of the Dead Gods
Sistema: PlayStation 4 | PlayStation 5
Desenvolvedor: Focus Home Interactive
Jogadores: 1
Comprar com DescontoVantagens
- Fator replay alto
- Comandos precisos e boa curva de aprendizado
- Diversão e desafios alinhados
- Combate variado pelos equipamentos
- Ideias únicas, como as Maldições
Desvantagens
- Chefes e inimigos genéricos
- Cenários repetitivos
- Potencial da história perdido