Wolfenstein 2: The New Colossus: Vale a Pena?
Chegou o momento de matar nazistas!
Você já assistiu ao filme Bastardos Inglórios? No longa, o tenente Aldo Raine, logo ao recrutar soldados para uma arriscada operação suícida, explica que o único objetivo da missão é “matar nazistas”. Em Wolfenstein 2: The New Colossus você vai fazer a mesmíssima coisa!
E você o fará de variadas formas: estripando, atirando, queimando, desintegrando, socando, explodindo, etc, etc, etc. E sem querer parecer um pouco sádico, é muito gratificante eliminar nazistas no jogo.
O título da MachineGames é uma poderosa obra que agrega muitos ingredientes saborosos: campanha single-player competente, visual vistoso, jogabilidade refinada e o mais importante: é muito, MUITO divertido.
Make America Free Again
E não demora muito para você entrar no clima do jogo. Logo no início, você assume o controle de B.J. Blazkowicz, um norte-americano com descendência polonesa que acorda dentro de um submarino alemão, todo estrupiado. E mesmo em uma cadeira de rodas, o soldado dá início a um rebelião contra a tirania nazista.
O game se passa em uma realidade alternativa, onde o Terceiro Reich venceu a Segunda Guerra Mundial, empregando uma espécie de “Nova Ordem Mundial” contra os derrotados. O Todo Poderoso Tio Sam se encontra de joelhos, invadido e com poucas perspectivas de ser a “Terra das Oportunidades”.
Mas ainda há esperanças. Blazkowicz é uma verdadeira máquina de guerra. E vai, passo a passo, recrutando simpatizantes – mesmo aqueles que tem uma visão ideológica mais divergente – em prol de uma única causa: tornar a América Livre Novamente.
A narrativa em si, na verdade, não é das mais elaboradas, a profundidade acaba ficando em segundo plano em comparação ao voraz gameplay, mas é bem cadenciada, com momentos que lembram um pouco os filmes de John Woo, com câmera lenta, explosões esplêndidas e cenas de corte impactantes.
O jogo até se arrisca a abordar temas mais espinhosos como racismo, supremacistas brancos (KKK – não, isso não foi uma risada histérica), abuso psicológico e físico, principalmente nos momentos onde temos contato com o passado tenebroso de B.J., quando este ainda era um garotinho. Mas não vai muito mais fundo, mesmo que conte com cenas chocantes.
Mas acerta em motivar os jogadores a continuarem com seus ideais revolucionários, muito em virtude da vilã General Engel, uma maníaca desprezível, e do pai de BJ, que não é exatamente um inimigo, mas desperta sentimentos de vingança bastante intensos. Ambos são muito bem construídos e cumprem o papel de motivar a luta por dias melhores.
Blazkowicz ainda é um cara introspectivo – assim como em The New Order -, com conversas solitárias, alguns ranços do passado e até dúvidas em relação ao seu papel como pai, marido e companheiro.
No geral, é narrativa bem cadenciada com conexões intrigantes. Entretanto, por vezes, a ação é interrompida por momentos mais monótonos, onde você deve explorar um pouco do submarino – utilizado no jogo como uma espécie de base de operações – em missões um pouco sem graça. O jogo tentar atribuir importância a algumas situações que não precisavam de tantos holofotes.
Mas os exploradores vão gostar de realizar quest secundárias como alimentar um porco, praticar a mira no estande de tiro, conversar com os demais tripulantes. Ajuda na imersão, conhecendo um pouquinho das motivações de cada um, já que, conforme progresso, novas pessoas vão se juntando à causa.
O bacana é que o jogo está localizado para nosso idioma, ao contrário de The New Order. Mesmo que a entonação, às vezes, deixe muito a desejar – em algumas cenas importantes faltou um pouco mais de interpretação das vozes – ela ficou boa. Outro ponto a se considerar é uma reprodução baixa e sobreposta. Ocasionalmente, o som ambiente fica mais alto que as vozes, o que dificulta muito o entendimento. Faltou um pouco de revisão da publisher nestes pontos.
A exploração também é uma maneira de contemplar o belíssimo visual do jogo. As texturas, um pouco sombrias, são muito bonitas, os cenários, apesar de serem em proposta bastante linear, são amplos na maior parte do tempo, com muitas salas e corredores.
O que não favorece tanta a busca por locais de interesse ou mesmo passagens mais escondidas é o sistema de orientação. Por vezes, você pode se perder e ficar andando um pouco em círculos, até encontrar o local certo.
Destaque, claro, para a sanguinolência e gore. Explodir os inimigos proporciona momentos muito singulares, com vísceras sendo lançadas para todos os lados. Você até enxerga os detalhes nas armas empunhadas pelo personagem. Os efeitos de iluminação impressionam. The New Colossus é um jogo bem bonito.
E bem, estamos falando de um jogo da Bethesda. Bugs de cenários – ficar preso em alguns lugares – e queda de desempenho acontecem, principalmente em momentos com muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Não incomoda e não atrapalha na experiência, de toda maneira.
A revolução nas suas mãos
O que torna Wolfenstein 2: The New Colossus um jogo diferenciado é seu gameplay. Brutal. Empunhando um boa quantidade de armas, é quase uma ode aos bons tempos dos jogos de tiro em primeira pessoa.
E o bacana é o seu nível de dificuldade. Mesmo nas opções mais iniciais – o jogo até brinca com inexperiência dos jogos logo na tela de seleção – você sofre um pouco em alguns momentos. E nas dificuldades mais difíceis, o jogo é absolutamente insano e impiedoso.
Em diversas situações, o melhor a fazer é somente empunhar uma espécie de shotgun e avançar para cima dos inimigos distribuindo chumbo e investidas. Nestes momentos, você sente o pulso mais forte, a ação desenfreada salta aos olhos, os nervos são tensionados e a diversão se faz presente. Logo vem à mente a frase “que jogo!”.
Tal como vários outros títulos, o prazer ao transpor uma etapa após diversas repetições, raiva e loucura, sobra só aquela sensação indescritível de prazer, algo proporcionado por seletos expoentes.
Existe uma boas variações de armas em Wolfenstein 2, permitindo ainda que você consiga melhora-las conforme encontra os itens necessários, dando um saborzinho especial. Destaque para as armas pesadas que desintegram – instantemente – os inimigos.
Vida longa aos single-players!
Em meio as discussões, não tão inteligentes, entre experiências single-players e multiplayers, Wolfenstein 2 se voluntaria como um dos principais combatentes do gênero. Apesar de não ser uma espécie ‘bastião dos single-players’, o título é contundente em oferecer um experimentação exímia, com ótimas abordagens.
Enredo e narrativa bem bacana de se acompanhar, uma jogabilidade refinadíssima, com momentos muito intensos e até missões extras após a conclusão – após o término, você pode se enveredar na caça de outros nazistas de alto escalão, mas será necessário decifrar alguns códigos antes – fazem deste um pacote muito completo.
Mesmo que tenha cometido alguns pequenos deslizes, é fácil categorizar o game como um dos melhores de 2017 até o momento. Se você gosta de jogos FPS, com uma campanha com boa duração (15h na dificuldade normal), boas missões extras, este jogo é para você, com certeza.
Veredito
Wolfenstein 2: The New Colossus
Sistema: PlayStation 4
Desenvolvedor: Machine Games
Jogadores: 1
Comprar com DescontoVantagens
- Sonoplastia incrível
- Jogabilidade refinada
- Muitos desafios
Desvantagens
- Narrativa não é bem elaborada