The Pathless: vale a pena?
Mundo contemplativo traz sensações distintas e propostas diferentes dos grandes lançamentos em uma experiência marcante no título da Giant Squid
Jogar The Pathless é quase uma experiência sensorial. O mundo traz sensações de liberdade, calmaria, excitação e muita emoção. Sentimentos distintos, mas que traduzem o que é estar inserido no continente do game.
O jogo mistura um gameplay diferenciado com um universo grande e bonito, repleto de florestas e campos que parecem pintados à mão, porém estão vazios. De início, parece inofensivo, mas esconde segredos e batalhas que vão despertar a atenção de todos os jogadores.
Fãs que já conhecem os mundos de The Legend of Zelda: Breath of The Wild e Shadow of The Colossus vão encontrar semelhanças e terão sentimentos parecidos. A Ilha de The Pathless é parecida, mas não tem medo de introduzir novas mecânicas. Entretanto, é exatamente quando não apresenta um recurso novo que ele derrapa.
No PlayStation 5, plataforma utilizada para a análise, o título possui modos de qualidade e desempenho. O primeiro proporciona texturas mais nítidas em 4K a 30FPS. Enquanto aqueles que preferem performance terão resolução dinâmica em 4K a 60FPS.
História simples, mas intrigante
The Pathless introduz uma Caçadora em um mundo mítico que está envolto de escuridão pelo principal vilão do jogo, chamado de Deicida. A princípio, os jogadores são levados à uma vasta floresta e, mesmo com a explicação inicial, é difícil de entender o que exatamente aconteceu para o mundo estar daquele jeito. Não pela complexidade, mas, sim, pela falta de informação preliminar.
No entanto, sabemos que as habilidades com arco e flecha da heroína são necessárias para libertar o mal presente no jogo. Uma história simples, que em nenhum momento tenta dificultar .
Para aqueles que explorarem o mundo aberto, há diversas histórias escondidas de guerreiros passados que tentaram derrotar o Deicida. Esses detalhes a mais sobre a narrativa podem ser recompensadores para os jogadores que desejam se apegar aos momentos finais da narrativa. Além disso, ajudam a entender sobre a ameaça que é o antagonista.
No início do jogo, é preciso curar uma águia – algo que parece aleatório. Todavia, logo após curar o animal por meio de carícias, ele é apresentado como o espírito principal do mundo e irá te ajudar na jornada para derrotar a escuridão nas terras de The Pathless. Para isso, é necessário libertar outras criaturas místicas dominadas pelo Deicida.
Gameplay bem diferente do habitual
A jogabilidade de The Pathless se propõe a entregar mecânicas diferentes do que estamos acostumados no mundo dos games. Munidos com o arco e flecha, os jogadores podem cruzar a ilha mística do jogo a uma velocidade incrível ao acertar os diversos talismãs espalhados pelo mundo.
Esse recurso pode ser divertido, e manter uma alta velocidade é realmente prazeroso. Principalmente ao levantar voo com a águia, o céu é o limite. Os talismãs também estão posicionados pelas alturas, e isso permite que a Caçadora atravesse a ilha sem encostar no chão.
A progressão é simples e basicamente está ligada à águia e aos talismãs. Somente aqueles que tentarem fazer 100% do título conseguirão novos poderes para a protagonista. Na verdade, a principal evolução no gameplay está alinhada às habilidades do jogador, que evoluem conforme o passar da trama.
Para chegar nas lutas contra os chefes, a Caçadora precisa de emblemas para liberar as três torres das quatro áreas de The Pathless, cada uma delas defendida por uma criatura mística. Esse itens, geralmente, estão envoltos de puzzles, que são repetitivos e não oferecem muitas dificuldades. Os mais desafiadores podem ser resolvidos em alguns minutos.
Outro fator importante é que a desenvolvedora Giant Squid soube utilizar as tecnologias presentes no controle DualSense do PS5. A tensão ao puxar a corda do arco é sentida com precisão e a resposta tátil é excelente, por privilegiar o seu uso como um recurso de jogo, e não somente para enfeitar – o que é legal também.
Em momentos de encontros contra chefes antes das batalhas decisivas, os jogadores precisam passar sem ser vistos pelas enormes criaturas. Nesse desafio, por meio do feedback háptico do DualSense, percebe-se de qual direção exata estão vindo os passos dos inimigos.
Recurso bastante útil e que traz imersão, por deixar tenso a cada aproximação.
Batalhas contra chefes são impressionantes
As batalhas decisivas contra os os chefes são os pontos altos de The Pathless. As lutas utilizam o que de melhor o gameplay do jogo pode oferecer. Além de desafiadoras, são momentos com trilhas sonoras emocionantes e a melhor ambientação do game.
Ser rápido e saber utilizar o arco no instante certo é fundamental para lutar contra os espíritos. Além de contar com o apoio da águia para se esquivar de alguns golpes. A atmosfera criada nos combates é extasiante, e logo se vê que grandes momentos estão por vir.
Apesar das lutas épicas contra os chefes, é quase impossível morrer – se é que tem como. Mesmo depois de apanhar bastante para um boss, em nenhum momento aparece a tela game over.
Exploração em um mundo contemplativo
A exploração é intrigante e, ao mesmo tempo, decepcionante. Em um primeiro momento, somos apresentados a uma vasta ilha que desperta a vontade de ir em cada canto. No entanto, não chega a valer a pena na maioria das vezes. Quando há algum item, não sentimos uma evolução ou um sentimento de que valeu a pena a viagem.
Mesmo assim, The Pathless oferece um mundo contemplativo para percorrer, com uma trilha sonora que sabe priorizar cada emoção. Ao somente correr pelo continente do jogo, a música é calma e a vontade é de somente apreciar as belas paisagens que possui, com um estilo artístico que parece um quadro de pintura.
Em alguns momentos, é fácil esquecer que uma grande ameaça está pronta para nos derrotar. Correr pela ilha e tentar conseguir voos ainda mais altos se tornou quase uma obrigação entre as batalhas épicas contra os chefes do jogo.
Vale lembrar que o título não possui mapa e os jogadores precisam utilizar o sistema de visão dos espíritos para se guiar. Esse recurso permite rastrear por todo o continente onde estão os pontos mais importantes.
Apesar de assustar, a falta de um norte não é sentida em nenhum momento. Na verdade, é até mais fácil saber para onde tem que ir no The Pathless do que em muitos em outros games, o que foi surpreendente.
The Pathless: vale a pena?
O jogo custa R$199,90 na PlayStation Store. Apesar de ser um game que pode trazer ótimos momentos de diversão e com um gameplay diferenciado, é difícil recomendar por esse preço. Ainda mais que, focando somente na história e um pouco de exploração, dura em torno de 5 a 6 horas. Para fazer 100%, os jogadores poderão aproveitar até 15 horas.
Fora isso, The Pathless brilha em trazer uma jornada por um mundo contemplativo e com mecânicas bem diferentes de outros jogos atuais. As lutas contras chefes são momentos únicos e exigem as melhores habilidades dos jogadores. Além disso, o vilão principal é intrigante e pode ser assustador, atraindo a atenção de quem está jogando.
O DualSense é bem utilizado pela desenvolvedora, trazendo mais imersão ao título e sensações que privilegiam a precisão ao lidar com momentos tensos. O jogo peca quando não traz novas mecânicas, com puzzles repetitivos e exploração pouco recompensadora, apesar do belo mundo criado pela desenvolvedora.
A concorrência com outros games pode ser injusta com o The Pathless. Marvel’s Spider-Man Miles Morales, Demon’s Souls, Assassin’s Creed Valhalla e Cyberpunk 2077 certamente chamam mais atenção do público em geral. No entanto, para aqueles que desejam ter uma experiência diferente, o título da Giant Squid pode ser uma boa pedida.
Veredito
Vantagens
- Gameplay diferente do habitual
- Batalhas contra chefes são excelentes
- Vibração no DualSense é imersiva
- Bonita relação com a águia
- Trilha sonora impressionante
- Arte gráfica do mundo
Desvantagens
- Preço do jogo
- Curto tempo de duração
- Exploração não é tão recompensadora
- Puzzles são simples e repetitivos