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The Outlast Trials: vale a pena?

Outlast Trials foge do survival horror single player para garantir uma experiência divertida e muito funcional com amigos

por André Custodio
The Outlast Trials: vale a pena?

Após um período de acesso antecipado de sucesso no PC, The Outlast Trials finalmente chega aos consoles de nova geração. A partir deste mês, os jogadores terão a oportunidade de revisitar a brutal franquia de terror com amigos. Mas será que a essência estará lá quando chegar o momento?

O game parte do single-player e leva o público para uma jornada cooperativa, implementando muitas novidades. Felizmente, a mistura resulta em um divertido acerto, apesar de não escapar de alguns problemas que podem comprometer no médio e no longo prazo.

A incansável Murkoff

Em meio às tensões da Guerra Fria, a infame Murkoff Corporation recruta forçadamente cobais para testar práticas de lavagem cerebral e de controle mental. Essas pessoas são submetidas a terapias de todos os tipos, sendo obrigadas a encararem provas que levarão sua sanidade ao limite.

Ao longo das experiências, os participantes precisam trabalhar em conjunto com outros colegas para sobreviver aos maiores terrores. Escuridão, armadilhas, caminhos bloqueados e pacientes psicopatas são apenas algumas das ameaças que aguardam fora do Quarto do Sono.

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Fonte: André Custodio

Nunca o preço pela liberdade foi tão alto. E agora cabe aos poucos são provar para a administração da Murkoff que eles atingiram a iluminação mental e física. Você está pronto para começar sua terapia?

The Outlast Trials segue a premissa dos jogos originais, explorando a capacidade humana de superar experiências extremas. O título continua tendo como base as ações de psicopatas e, assim como os anteriores, aposta em violência gráfica.

O game consiste em expedições, onde cada uma leva a um cenário distinto com objetivos únicos. Todas as missões se baseiam em um grupo de até quatro participantes executar uma série de ações que se espalham entre diversos corredores, andares e seções de áreas bastante complexas.

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Fonte: André Custodio

Os mapas se repetem um pouco, mas não são completamente idênticos. Assim, The Outlast Trials traz uma sensação de familiaridade com belos visuais, mas dentro do contexto de algo que ocorre em uma única mega instalação — layouts pré-dispostos.

A ideia de deixar os jogadores perdidos em meio aos cenários é muito interessante, tanto por aumentar o senso de desespero quanto por estimular o trabalho em equipe. Assim, ir sozinho para um canto ou dividir o grupo em times menores pode ser determinante para o fim da terapia.

The Outlast Trials também conta com atividades em parceria (como abrir portas maiores e “dar pezinho”), modos de dificuldade adaptativos (para solo e coop), eventos limitados e um lobby com personalização, minigames e interações com NPCs.

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Fonte: André Custodio

Não há segurança nos experimentos

Em solo ou no cooperativo, The Outlast Trials não garante segurança há momento algum. O tempo todo, os jogadores devem estar atento às armadilhas de vidro que sinalizam suas posições, minas terrestres, patos infláveis e outras ameaças espalhadas pelos mapas.

Porém, o destaque fica para os perseguidores. As missões já são bastante criativas e interconectadas, mas nada supera a pressão que existe ao saber da existência de alguém à espreita. São vários tipos de vilões, sendo dois chefes, um gigante, um mestre em psicose e mobs menores.

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Fonte: André Custodio

Os chefes das áreas são Coyle e Gooseberry, antagonistas capazes de causar um grande dano e de incapacitar os Reagentes em poucos instantes. Enquanto isso, há um inimigo que vê no escuro e outro que causa efeito de psicose completa ao pegar de surpresa os jogadores.

Eles são recorrentes e aparecem em diversas fases de The Outlast Trials, independente do nível de dificuldade. Infelizmente, nesse aspecto, há uma baixa variação, mas nada que impacte significativamente as partidas ou as torne menos divertidas e intensas.

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Fonte: André Custodio

Outro ponto interessante é a boa inteligência artificial dos monstros. As criaturas, que ficaram presas na terapia como experimentos falhos, encontram atalhos para lhe alcançar e conseguem atravessar as mesmas superfícies que os sobreviventes, independentemente da extensão.

Dessa forma, a melhor escolha e conhecer bem o cenário, estar equipado com boas vantagens e sempre ter uma rota de fuga em mente, pois os inimigos pensarão de forma semelhante. Tudo isso, tendo em vista a ação cooperativa, se torna ainda mais complexo, pois outros podem depender de você.

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Fonte: André Custodio

The Outlast Trials encontra o equilíbrio perfeito entre o horror e diversão, mesmo sem dar a sensação profunda de agonia dos jogos single-player. O famoso “rir para não chorar” é um sentimento constante e não causa uma exaustão mesmo em quem tem baixa tolerância ao horror gráfico.

E caso queira parar um pouco para conhecer a lore do game, há diversos arquivos espalhados pelos mapas. Encontre-os, converse com os NPCs no ponto seguro, acesso o menu para ler documentos e veja como a história de cada experimento se relaciona com uma trama pesada e sensível.

Progressão é a chave para o sucesso

Não importa sua nota nas terapias, ou se obteve sucesso ao fim de cada jornada. Em The Outlast Trials, o que realmente vale é a tentativa. O título premia significativamente os resilientes e garante benefícios que ajudam bastante durante a sobrevivência.

Cada expedição resulta em moedas, itens cosméticos e bolsas de upgrade. Com as moedas, é possível expandir a personalização visual através de inúmeras skins, tanto para o personagem quanto para o Quarto do Sono. E tudo isso diretamente do game, sem gastar nenhum dinheiro real.

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Fonte: André Custodio

Além disso, as bolsas são essenciais para aprimorar os Reagentes. The Outlast Trials basicamente se divide em três tipos de upgrades: Rigs, seus melhoramentos e habilidades passivas. Cada uma custa bolsas (itens verdes) e faz muita diferença durante os jogos.

Essa é a melhor forma de garantir cura, melhorias no vigor, deslizar enquanto corre, novas formas de ajudar colegas e outras capacidades. Com o tempo, a tendência é se tornar mais preparado para as terapias, tanto em relação ao conhecimento das missões quanto em à capacidade física.

Dessa forma, o game estimula os jogadores a crescerem mental e fisicamente com os personagens, em busca da iluminação. Quanto mais vitórias e fracassos forem contabilizados, mais chances há para ganhar benefícios e completar missões nos níveis mais elevados.

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Fonte: André Custodio

Vale reforçar que a comunidade do game também é uma vantagem. Em uma época onde tanto se discute quanto à toxicidade do público, encarar jogadores que ajudam, têm paciência para ensinar e querem melhorar juntos é um passo importante para um título no longo prazo.

Isso tudo, com o recurso de crossplay completo adicionado em The Outlast Trials, resulta em um jogo como serviço com alto engajamento.

Há pontos fora da curva

Infelizmente, nem tudo são flores em The Outlast Trials. Os tempos de carregamento são longos em alguns momentos, especialmente pelo game contar com conectividade constante de rede. A demora pode atrapalhar o ritmo geral do fluxo e da imersão.

Outro ponto negativo fica por conta do baixo fator replay. Há muitas missões e terapias bastante criativas, mas claramente insustentáveis pelo modelo de jogo proposto. Como o título não é um roguelike, decorar onde está cada coletável e item-chave pode acabar com a variedade da experiência.

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Fonte: André Custodio

Isso tudo, aliado com a baixa variedade de criaturas (apenas dois “chefes” principais) e com a falta de mecânicas mais interessantes (colaborações e eventos em tempo real, por exemplo), afeta o impacto do game no médio prazo.

The Outlast Trials: vale a pena?

Como uma experiência de terror cooperativa, The Outlast Trials é recomendado mesmo para quem tem o coração fraco. As missões funcionam muito bem e os recursos de chat de voz e de mensagens contribuem com a comunicação, deixando a jornada para o abismo mais divertida e menos solitária.

O título também chega ao PS5 com visuais muito bonitos, bem como com uma inteligência artificial eficiente e capaz de pressionar. O baixo fator replay pode atrapalhar após algumas horas de gameplay, mas jogar com os amigos e ajudar outras pessoas a entenderem o game devem trazer um ar renovado.

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Fonte: André Custodio

Na PS Store, The Outlast Trials custa R$ 214,90 e vale o preço cheio, tanto por não incluir elementos de monetização real quanto pelo compromisso da Red Barrels em trazer mais conteúdos com recorrência. E se você sofreu com os dois primeiros games, esse pode ser o seu momento de conhecer a franquia.

Veredito

The Outlast Trials
The Outlast Trials

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Red Barrels

Jogadores: 1 a 4

Comprar com Desconto
82 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Visuais muito bonitos no PS5
  • Missões bastante criativas
  • Ótima IA dos inimigos em uma experiência justa
  • Mecânicas cooperativas funcionam muito bem
  • Bom equilíbrio entre o horror e a diversão
  • Sistema de monetização in-game sem consumo real
  • Progressão realmente recompensadora
  • Crossplay completo
Desvantagens
  • Tempos de carregamento podem ser longos
  • Fator replay moderado para baixo
  • Muitas áreas e chefes reaproveitados
André Custodio
André Custodio
Redator
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Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.