The Last Case of Benedict Fox: vale a pena?
Mundo artisticamente inspirado e história instigante são quase ofuscados por uma experiência cheia de falhas técnicas
Após pouco menos de um ano desde seu lançamento no Xbox, The Last Case of Benedict Fox ganha uma nova casa. A aventura cósmica é mais uma novidade para os fãs de metroidvania e plataformas em 2024, e chega para aquecer as discussões sobre exclusividade nos consoles.
Agora fica a pergunta: será que esse é um jogo pela qual valeria “brigar” nas redes sociais? Será que o último caso de Benedict passará com indiferença por todas as plataformas ou pode trazer uma experiência memorável no PlayStation?
Uma coisa podemos “spoilar”: alguns tentáculos do Cthulhu certamente estariam se revirando no túmulo caso pisassem na Terra neste momento.
O último caso de Benedict Fox
Investigador autoproclamado, Benedict Fox retorna à mansão de sua família para investigar o misterioso assassinato do pai. Vinculado com um demônio intitulado apenas de “Companheiro”, ele busca respostas em todos os cômodos da casa, até que precisa ir para um lugar mais obscuro.
Enviado para um Limbo com o objetivo de explorar as memórias dos mortos, o herói embarca em uma aventura completa, onde ficção e realidade se confundem na forma de demônios, deformidades, sussurros e cenários semelhantes aos órgãos corporais.
O último caso de Benedict Fox está prestes a começar. Será que ele terminará a investigação com sucesso, ou será levado para o mesmo inferno onde seu pai e misteriosas pessoas de seu passado se perderam?
Inspirado no horror cósmico lovecraftiano, The Last Case of Benedict Fox é um título que possui a essência do gênero metroidvania. Desenvolvido pela Plot Twist, ele leva os jogadores a uma experiência de plataformas, quebra-cabeças e exploração, com momentos de combate “menos exigentes”.
A aventura possui um amplo foco narrativo e conta com inúmeros colecionáveis que expandem o universo do game. Eles podem ser encontrados através de um massivo sistema de backtracking, que exige o retorno constante a áreas descobertas para resolver os mistérios de acordo com a progressão.
Além de utilizar tentáculos e suporte psicológico de uma entidade cósmica, o investigador é capaz de usar uma adaga para ataques melee e uma baioneta para ataques à distância. Essas ferramentas são bastante funcionais e geram um certo dinamismo, mas amplamente limitado pelo moveset.
Por fim, The Last Case of Benedict Fox conta com uma exploração satisfatória e visivelmente recompensadora, apesar das primeiras horas serem extremamente confusas devido à integração entre jogabilidade e história — basicamente não há direcionamento para onde ir.
Mundo único e complexo
Basicamente, a ação de The Last Case of Benedict Fox ocorre em dois cenários: a mansão de James e os Limbos. Cada um possui propriedades únicas, com a mansão sendo o local seguro (interação com NPCs e upgrades) e os Limbos sendo onde a ação rola.
Apesar dessa suposta limitação ambiental, os cenários do game são vastos, bem interligados e visualmente impressionantes. A atenção aos detalhes é de tirar o chapéu e destaca tanto os aspectos físicos dos mapas quanto os efeitos técnicos de partículas, iluminação, sombras e reflexos.
The Last Case of Benedict Fox também possui um excelente level design, que dificilmente permite que os jogadores se percam. Infelizmente, as horas iniciais são desafiadoras, e devido à grande quantidade de bloqueios e de segredos indecifráveis é difícil saber para onde ir.
Além disso, há uma grande quantidade de documentos, eventos únicos em tempo real, missões paralelas e coerentes com a narrativa, e vantagens para serem utilizadas tanto no combate quanto na exploração. E tudo isso respeitando bastante o conceito do jogo e sua proposta como metroidvania.
Um aspecto que merece a atenção é o excelente trabalho de dublagem, em especial do “Companheiro”. Suas falas são perspicazes e muito pontuais, e sempre acentuam o drama de uma forma assustadora e, ao mesmo tempo, confortável. É uma contribuição narrativa única.
Os quebra-cabeças também são inteligentes e aparecem em uma boa variedade. Não há a impressão de que eles estão ali gratuitamente, pois suas exigências aumentam à medida que se aprofunda mais nos círculos do Limbo.
Enquanto isso, as ameaças de The Last Case of Benedict Fox são muitas. Zonas escuras incrivelmente atraentes, monstros de todos os tamanhos, caçadores da Ordem, plataformas com desafios moderados e algumas poucas armadilhas. É muito interessante ir com calma antes de entrar em confronto.
Combate foge do metroidvania
Colocando em uma escala, a abordagem de combate é inferior à de quebra-cabeças e exploração, mas poderia ser muito melhor. The Last Case of Benedict Fox não traz uma sensação de impacto e todos os movimentos parecem muito limitados, apesar de visualmente bonitos.
O herói é capaz de criar um escudo, de dar saltos triplos, de criar armadilhas com seus tentáculos e de deslizar por baixo de inimigos. Além disso, há um sistema de esquiva simplificado e ferramentas como bomba de gás e petrificação. Todos os gadgets funcionam com base em cooldown.
Os upgrades contribuem bastante no segundo ato do jogo, mas poderiam ser bem mais. Há apenas cinco aprimoramentos para cada arma e algumas poucas melhorias que conferem vantagens adicionais, como aumento de dano.
Porém, The Last Case of Benedict Fox poderia ser mais metroidvania. O sistema de exploração e de descoberta funciona de acordo, mas a ausência de builds, de status e de uma evolução mais complexa praticamente arranca a essência do gênero.
Tecnicamente muito abaixo
A otimização de The Last Case of Benedict Fox no PS5 é surpreendentemente negativa. Apesar da boa integração com os recursos do DualSense (todos são utilizados), a performance atrapalha muito e tem chances de trazer problemas maiores, como travamento do próprio console.
Do início ao fim, há quedas nítidas de FPS, das que chegam a incomodar. Basta um pulo para que os primeiros problemas fiquem evidentes. E quanto há vários inimigos na tela ou quando se usa um golpe em área, nem se fala. Tecnicamente é bem desastroso.
Além disso, os jogadores podem perceber alguns bugs de colisão em The Last Case of Benedict Fox, tempos de carregamento relativamente lentos e elementos pipocando na tela em algumas transições de áreas.
The Last Case of Benedict Fox: vale a pena?
Visualmente chamativo, The Last Case of Benedict Fox tem em sua direção de arte, na história e na exploração seus pontos fortes. Infelizmente, o combate limitado pode ser frustrante para os jogadores, enquanto os muitos problemas de otimização são nítidos desde os primeiros instantes da campanha.
Como a aventura pode ser completada entre 5h a 7h (pouco mais de 12h para a platina), há uma sensação grande de insuficiência. E mesmo os novos conteúdos da Definitive Edition, como missões, linhas de diálogo, colecionáveis e aprimoramentos, não impressionam de forma relevante.
Na PS Store, o game pode ser adquirido por R$ 133,90, e, em circunstâncias mais positivas, seria um preço justo para se pagar. Porém, devido aos problemas técnicos, à questão da duração e às poucas características de uma experiência memorável, não recomendamos investir esse valor.
The Last Case of Benedict Fox está disponível para PS5, Xbox One, Xbox Series e PC.
Veredito
The Last Case of Benedict Fox
Sistema: PlayStation 5
Desenvolvedor: Plot Twist
Jogadores: 1
Comprar com DescontoVantagens
- Estilo artístico incrível
- Excelente sistema de progressão
- Interação entre os protagonistas convincente
- Exploração bastante recompensadora
- Gameplay desafiador e balanceado
- Ótima integração com o DualSense
- Missões paralelas interessantes e sem sensação de desperdício
Desvantagens
- Muitos problemas de otimização
- Integração entre lore e gameplay muito confusa
- Combate limitado e com pouca sensação de impacto
- Tempos de carregamento poderiam ser melhores