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The Foglands: vale a pena?

Roguelike em realidade virtual, The Foglands executa bem a essência, mas chama mais a atenção pelos inúmeros problemas

por André Custodio
The Foglands: vale a pena?

Anunciado durante o State of Play de fevereiro, The Foglands apareceu como uma experiência promissora, surgindo como um dos grandes projetos para o PS VR2 em seu primeiro ano. Porém, quanto maior a expectativa, maior a queda, e os fãs devem estar com um grande galo na cabeça até hoje.

O roguelike em realidade virtual obviamente tem suas virtudes, mas traz uma aventura pouco convidativa. E apesar de ser funcional em todas as plataformas compatíveis, ele é repleto de problemas que não podem ser ignorados.

O mundo imerso em uma névoa

Uma misteriosa névoa tomou conta do planeta, e os habitantes foram forçados a se mudarem para o subsolo, com a esperança de não serem engolidos por criaturas apavorantes e caçadores enlouquecidos.

Os centros de resistência passaram a ser guiados por uma entidade conhecida como O Estranho, que guia um trem espiritual interligando os últimos fortes da humanidade. E como se já não bastasse, o próprio subsolo começa a ser engolido pela névoa, especialmente depois do aparecimento de anomalias.

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Fonte: André Custodio

Sob a pele de um batedor, os jogadores precisam investigar o que estaria causando os terremotos. Além disso, Jim, o protagonista, começa a ter visões de membros de sua classe perdidos no limbo, algo que o leva a crer na possibilidade de alguns deles estarem vivos.

Dessa forma, o explorador deve atravessar três níveis em direção ao abismo mais profundo, sendo monitorado pelo Estranho e por forças capazes de tornar a jornada um pouco menos desafiadora.

O fato é: The Foglands possui uma premissa narrativa. Sua história é contada por interações com NPCs, por descobertas nos mapas do subsolo e por fracassos — ou sucessos — a cada batida (run). Assim, a trama é construída gradativamente, estimulando os jogadores a continuarem explorando.

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Fonte: André Custodio

Para fãs brasileiros, todos os diálogos estão localizados em português e não exigem muita complexidade para serem compreendidos. Nesse aspecto, apenas algumas falhas nos menus podem ser observadas, como a tradução de armas e de outros itens.

As dublagens cumprem seu papel e transparecem bem a personalidade de todos os NPCs. Além disso, Jim possui voz e interage naturalmente com outros seres ao redor da névoa, demonstrando um interesse em conhecer suas histórias.

Quando roguelike e RPG se misturam

Não é incomum ver roguelike e RPG em um mesmo conceito de jogo, e The Foglands trabalha bem com esses dois gêneros. A experiência procedural é bem realizada e oferece um alto fator replay mesmo diante do fracasso. Morrer durante batidas também habilita novos diálogos e interações com o mundo.

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Fonte: André Custodio

Os cenários são limitados, e em poucas campanhas já é possível decorar cada área e conhecer o que elas oferecem em relação ao loot. Além disso, o game traz três zonas principais, cada uma defendida por um único chefe e com aspectos atmosféricos bem distintos.

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Fonte: André Custodio

Infelizmente, os problemas graves começam aí. A randomização dos mapas parece ser feita antes do layout ser gerado. Assim, toda vez que atravessa uma área há uma espécie de glitch visual com travamentos, favorecendo bastante o engasgo do console e potenciais crashes.

Outro detalhe fica por conta dos bugs de progressão. Algumas interações com o mapa, como plataformas de piso, não entendem muito bem a ordem das coisas. Dessa forma, é comum ficar preso no cenário caso não siga a linha “normal” da progressão, perdendo a run por completa.

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Fonte: André Custodio

Um bug grave que ocorre também está envolvido com a munição. As balas de armas estão longe de serem um problema no game — há muitas espalhadas por aí. Porém, caso você carregue e pause a animação para executar outra ação, não é possível mais dar reload nos equipamentos.

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Fonte: André Custodio

Quanto ao RPG, The Foglands possui um sistema de progressão bem interessante. Ao longo das batidas, é possível coletar chaves para desbloquear armários na sala segura. Cada armário fornece uma Carta do Estranho, que habilita vantagens especiais para aproveitar durante as jornadas.

Alguns desses cards facilitam bastante o gameplay, enquanto outros permitem a configuração de builds de sangramento ou elétrica. Há também mapas nos armários, e utilizar chaves para destravá-los ativa salas secretas espalhadas pelo subsolo.

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Fonte: André Custodio

Dessa forma, The Foglands incentiva muito a exploração, tanto para ativar as cartas nas campanhas quanto para encontrar segredos. Os mapas possuem salas escondidas, plataformas de difícil alcance e com recompensas, eventos de interação com o mundo e itens quebráveis para obter grana.

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Fonte: André Custodio

Tudo isso contribui para um gameplay muito preciso. Os saltos são de fácil controle, atirar em inimigos é relativamente satisfatório e o sistema de carregar armas no PS VR2 é ok.

Problemas que mascaram completamente as virtudes

Enquanto os controles são intuitivos e simples, não é possível falar isso sobre o combate corpo a corpo. No modo PS VR2, é muito difícil entender a proximidade dos inimigos, bem como o local onde se deve acertar para causar qualquer tipo de impacto.

Além disso, The Foglands realmente é um jogo sem beleza. Os efeitos de névoa mascaram cenários com texturas mal polidas, os inimigos com uma baixíssima variedade são bem genéricos e com uma IA falha, e existem alguns problemas envolvendo a física das armas.

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Fonte: André Custodio

Porém, nada é tão ruim que não possa piorar. O último ato do roguelike é simplesmente horroroso. Level design totalmente destoante dos níveis anteriores, mapas extremamente escuros e com zonas mortas, inimigos quase invisíveis e um layout difícil de entender.

Apesar de uma batida durar cerca de 45 minutos, é impossível chegar ao ato 3 sem algum nível de estresse. A música rasgando os ouvidos não contribui e uma ambientação mais voltada para plataformas certamente acabarão com as campanhas de muitos jogadores. Como resultado, comece tudo do zero.

The Foglands: vale a pena?

The Foglands traz destaques positivos no quesito RPG, mas nem de longe deve ser recomendado como um roguelike essencial. Problemático, visualmente ruim e sem grandes atrativos no dispositivo de realidade virtual, o game não parece ser o mesmo que foi mostrado no trailer de revelação.

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Fonte: André Custodio

O título não é recomendado para donos do PS VR2 também por conta de seu alto preço na PS Store. É possível encontrar títulos muito mais interessantes e imersivos pagando bem menos que R$ 187,90.

The Foglands também traz um suporte para o modo FPS no PS5, mas essa experiência destaca ainda mais as falhas em texturas e de level design. Dessa forma, o título vale a pena unicamente se estiver em uma promoção e saindo por menos de R$ 50.

Veredito

The Foglands
The Foglands

Sistema: PlayStation VR2

Desenvolvedor: Well Told Entertainment

Jogadores: 1

Comprar com Desconto
40 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Fator replay satisfatório
  • Comandos muito precisos no VR e no modo FPS
  • Mecânicas interessantes de progressão
  • Muito incentivo à exploração
Desvantagens
  • Glitches visuais que causam crashes
  • Muitos bugs de progressão
  • Hitbox esquisitíssima, especialmente no modo VR
  • Baixa variedade de inimigos
  • Visuais escuros atrapalham consideravelmente o gameplay
  • Level design do último nível é simplesmente pavoroso
  • Cenários feios e mal polidos
  • Falhas pontuais na localização em PTBR
André Custodio
André Custodio
Redator
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Jogando agora: Metro Awakening, Diablo IV
Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.