South Park: A Fenda que Abunda Força: Vale a Pena?
Tirem (MESMO) as crianças da sala...
Não há uma maneira mais simples e direta de definir South Park: A Fenda que Abunda Força, como “cara, o bagulho é muito louco”. O mais novo título do universo criado por Trey Parker e Matt Stone abusa de piadas politicamente incorretas ao extremo, profanação, insultos, e um humor negro como Vantablack. E nós adoramos isso.
Ambientado na cidade homônima, o jogador assume o papel de um garoto sem nome, chamado apenas de “Novato”. Pego no meio de uma “guerra” entre duas facções de Super Heróis, o protagonista se vê envolto em uma disputa para ver quem irá protagonizar o mais novo show de TV da Netflix.
Vários personagens fazem seu retorno, e com o jogo totalmente localizado para nosso idioma, o jogador poderá desfrutar de diversas das vozes originais do desenho. Acompanhe nossa análise, e veja porque você não pode dispensar esse jogo. Mas antes, um aviso:
Agora que foram avisados, voltemos à nossa programação normal.
A Fenda com Força Abundante
South Park: AFQAF (carinhosamente chamado) possui uma história que se desenrola de forma um tanto lenta. Mas um de seus pontos mais positivos é que houve envolvimento direto dos criadores da série, o que trouxe uma fidelidade fora do comum ao título.
O jogador (protagonista silencioso) se pega envolto em uma trama de negócios que envolvem desde a criação de uma série rentável na Netflix, até envolvimento com uma corporação corrupta, amigos que se tornaram inimigos, e um vilão maquiavélico. No meio dessa briga, inúmeras missões paralelas e pessoas para ajudar, brigas para apartar, etc.
Explorar o mundo de South Park se torna entediante depois de um certo tempo, e este é um dos (poucos) problemas que o jogo apresenta. Não há muita razão ou profundidade para tal, além da exploração e coleta de itens. E determinadas áreas só ficam disponíveis após completar certos desafios.
Mas suas missões paralelas oferecem oportunidades de conhecer mais sobre os personagens e dar boas risadas no processo. Estas são divertidas e geralmente agregam mais valor que a própria história do jogo. E como já dito, o título é totalmente localizado em nosso idioma, e com a maioria das vozes originais do desenho.
Certamente, um presente para os fãs.
Um jogo fora de controle!
As mecânicas de South Park: A Fenda que Abunda Força são parecidas com seu antecessor. Similaridades se encontram no fato de ambos serem jogos de RPG, ambos usam narrativas mundanas que podem incorporar cada aspecto social, e fazer uma piada dele, sem esforço. Já as mecânicas de combate foram um pouco modificadas.
Aquele esquema de turnos, ao estilo JRPGs, deu lugar a batalhas mais táticas, ainda com combates por turnos. O jogador pode personalizar seu avatar, que irá encarnar o protagonista silencioso, de uma forma bastante ampla. Basicamente tudo pode ser alterado (menos a estrutura física). Gênero, cor da pele, cabelos, e até mesmo a opção sexual.
Por ser um jogo baseado em super-heróis, cada personagem (o protagonista e os integrantes da história) tem um super poder específico. No caso do protagonista, este pode ser baseado em força, velocidade e poderes de fogo. O interessante é que há a construção do personagem. Ele não é apenas jogado na história, mas integrado nela.
E as habilidades de batalha são vastas e interessantes. Cada jogador conta com um conjunto de poderes, e um poder especial, a ser ativado quando a barra específica está em 100%. As animações são fluidas, e refletem a base de cada um deles. Fora que é extremamente divertido usar um “balão de mijo” ou poderes baseados em gases.
À medida que o jogador avança na história, novos poderes e equipamentos são liberados. E por falar em avançar, há uma vasta gama de interações das mídias sociais, desde um Guaxingram (com a necessidade de adicionar seguidores para destravar certas habilidades), até uma agenda de fichas de personagens, com habilidades e mais.
É possível também fabricar itens diversos. Mas esta parte do jogo é um tanto fraca e enfadonha, tirando a diversão que deveria estar presente nela. Itens de recuperação são particularmente difíceis de se fabricar. E existe uma loja que supre a necessidade do jogador, sem muito esforço.
Imagens violentas e perturbadoras neste jogo
Um dos grandes trunfos de South Park é recriar, com maestria, todo o universo da série. Os gráficos foram feitos para garantir a máxima fidelidade. De tal forma que o jogador não sente que está “jogando” A Fenda que Abunda Força, mas assistindo a mais um episódio (muito longo) da série.
Interessante notar que os ambientes do jogo foram recriados de forma fiel à série. Casas, ruas, personagens… Aliás, a inserção dos personagens originais não poderia ser mais acertada. A movimentação de todos é caricata, como se estivessem pulando. Aqueles que assistem/gostam da franquia certamente não irão se decepcionar.
Mas toda essa qualidade do trabalho ficaria prejudicada se o produto não fosse adaptado à sua temática. E o título o faz muito bem. A demonstração dos “super-poderes” dos garotos é excelente. Cada um com suas qualidades, as animações se destacam pela fluidez e perfeição nas execuções. Um toque de mestre, sem dúvidas.
E o mais interessante disso tudo é que a integração entre a série e a proposta do jogo é feita de forma automática. O jogador realmente se sentirá dentro de um episódio (como já dito, muito longo), sem que isso prejudique seu senso de diversão. Graficamente falando, South Park não deixa nada a desejar. Ponto para ele!
C@#@$%*! Isso é mesmo South Park!
South Park: A Fenda que Abunda Força é uma coletânea de absurdos do mais alto grau. E por mais incrível que pareça, tal fato não é ruim. Tenha em mente, caro leitor, que o ponto de vista aqui expressado é estritamente baseado no que o jogo oferece, que por sua vez é baseado em uma das séries mais polêmicas (e divertidas) já criadas.
O título trata o politicamente correto como algo inexistente. Para começar, o sistema de criação de personagens classifica o nível de dificuldade do jogo de acordo com sua cor de pele. Quanto mais negra, mais difíceis serão as batalhas. Além disso, o jogo lida ainda com temas como homossexualidade infantil, violência, profanação e temas religiosos.
Obviamente, as temáticas usadas nas interações do jogo, diálogos, e situações, podem não agradar a uma parcela mais sensível. E é inegável que determinadas piadas ou manifestações foram demasiadamente forçadas. Mas isso é South Park. Nada está à salvo de sua mira satírica.
Certamente não é um jogo recomendado para quem seja demasiado sensível com tópicos como racismo, estereótipos raciais, animes, video games, super-heróis, religiões, judeus, piadas de fezes e gases, entre tantos outros. E como um jogo, não deveria ser diferente.
Maior, melhor, (mais absurdo) e sem cortes. Mesmo!
A Fenda que Abunda Força mostra a competência do trabalho dos criadores da série, e dos desenvolvedores do jogo. O título é uma clara evolução de seu antecessor, agregando muito mais valor, trazendo ainda mais conteúdo, e mostrando que em uma época onde um simples trailer provoca reações controversas, o politicamente correto aqui é ignorado.
Com um trabalho sonoro competente, com a adição de diversas das vozes originais, inúmeras referências a todos os setores da sociedade atual, e uma lista de troféus (com direito a um troféu de platina) desafiadora e variada, o que temos é um produto evoluído, diverso e extremamente divertido.
Não há um só ponto em que South Park: A Fenda que Abunda Força não provoque uma reflexão de até onde as piadas podem ir, sem se tornarem ofensivas. E não há um único momento em que isso importe nessa obra prima. Sente-se. Aproveite e relaxe. Este é, com certeza, um dos melhores jogos do ano.
Só lembre-se de tirar as crianças da sala. Elas podem ficar bastante perturbadas com certas coisas, como um certo drink feito de… bem… líquidos corporais e meleca…
Veredito
South Park: A Fenda que Abunda Força
Sistema: PlayStation 4
Desenvolvedor: Ubisoft
Jogadores: 1
Comprar com DescontoVantagens
- Irreverente e divertido
- Trabalho sonoro competente
- Platina desafiadora
Desvantagens
- História se desenrola de maneira lenta