Scholar’s Mate: vale a pena?
Com quebra-cabeças inteligentes, escape room se sustenta no conceito, mas poderia ser um terror mais desafiador e tenso
No xadrez, Scholar’s Mate é uma das estratégias mais brutais existentes. E apesar de haver formas de combatê-la, ela consegue terminar partidas em poucos minutos, tendo como base apenas o senso tático e a objetividade.
É com isso em mente que a Jandusoft lança seu novo game de terror. Com mecânicas de escape room, o título que leva o mesmo nome da jogada no tabuleiro finalmente chega ao PlayStation, seguindo os mesmos preceitos de concentração e antagonismo.
Porém, diferentemente dos sistemas tradicionais, ele não consiste em um jogo de fuga cronometrado, mas sim fatal. Um perseguidor estará constantemente na sua cola e testará suas habilidades de manter o sangue frio enquanto você cumpre diversas tarefas.
Confira abaixo a análise completa de Scholar’s Mate, game que segue uma premissa interessante de horror e quebra-cabeças, mas evitando se arriscar muito:
Judith tem sérios problemas
Ao acordar desmaiada em um hospital psiquiátrico, Judith descobre que a única forma de escapar do local é resistindo à clausfrofobia. Não demora para que ela sinta a presença de algo a observando, supostamente envolvido com rituais macabros.
Desesperada, ela descobre que, de fato, está sendo vigiada por um ser maligno. E não só isso: logo, um humano conhecido como Eddie começa a persegui-la, sob um desejo sádico pelo sangue de sua presa.
Fisicamente indefesa, Judith só pode se esconder e evitar ser pega, enquanto dá um jeito de abrir portas fechadas, ativar energia e investigar documentos espalhados pelo tenebroso lugar. A resposta para esta situação pode, literalmente, estar em qualquer canto.
Scholar’s Mate é um jogo de terror e quebra-cabeças que funciona como um escape room. Com uma curta — mas suficiente — campanha de pouco mais de 2h, o título leva os jogadores a fugirem de um perseguidor enquanto resolvem problemas.
Além de trazer mecânicas simples de movimentação e de interação, o jogo possui um foco narrativo, mas com poucas animações. Basicamente, a história é contada por meio de documentos e consegue ser eficiente ao escalar de forma bastante intrigante.
Já o terror no game é pouco apelativo e não se fundamente em jumpscares. Em Scholar’s Mate, a sensação de inquietude é o que se supera nesse aspecto, exigindo um alto backtracking e reações rápidas, pois Eddie não para de se mexer pelos dois andares.
A essência de um escape room
Quem já brincou de escape room sabe mais ou menos a ideia. O tempo não pode se esticar, pois isso tende a tornar a experiência frustrante. Além disso, há uma forte necessidade de erro e tentativa, com as estratégias de progressão sendo revistas várias vezes.
Em Scholar’s Mate funciona mais ou menos dessa forma. A curta campanha de cerca de 2h é suficiente para que os jogadores explorem todo o pequeno mapa. Porém, em termos de jogo, o cenário de dois andares e com alguns salas faz jus ao estilo proposto.
O game exige que documentos sejam lidos, chaves e outros itens sejam coletados e portas sejam abertas. Caso algo esteja lhe impedindo de progredir, é necessário voltar para as salas já destravadas e descobrir como aquela área pode lhe ajudar.
O que muda em Scholar’s Mate é a presença de Eddie. Ele tem um bom campo de visão, mesmo em dificuldades inferiores, e estará automaticamente em sua cola caso você corra. Assim, dosar o uso da lanterna, andar agachado e se esconder são ações essenciais.
Outro detalhe é que acionar puzzles não interrompe o fluxo do game. Caso Judith esteja em um painel mexendo no que for, a aproximação de Eddie será sentida e, se ele a ver, é morte instantânea. Reinicie o save e tente mais uma vez.
Cada passo do perseguidor é transmitido de forma muito funcional pelo sistema de som. O áudio em 3D ajuda a identificar sua distância, assim como a aproximação ou afastamento. A voz do vilão também é bastante macabra e acrescenta tensão nessa mistura.
Porém, mesmo na dificuldade mais alta Eddie é bastante previsível. Seus movimentos são circulares e de velocidade média. O único elemento afetado entre os três níveis, nos termos de ameaças, é seu campo de visão.
Experiência de quebrar a cabeça
Assim como nos escape rooms físicos, os quebra-cabeças de Scholar’s Mate estão longe de serem óbvios. Apesar de haver uma linearidade da campanha, a resolução de problemas requer constantes idas e vindas, assim como leituras precisas de arquivos.
A localização em português do Brasil ajuda bastante, mas apenas como um ponto de partida. Nada é entregue de mão beijada (com exceção de onde usar as chaves), então fique preparado para pensar e entender os desafios oferecidos.
Aqui, o tempo não será seu inimigo e não há absolutamente nada que envolva cronometragem. Então, fique de olho em Eddie, explore bem o mapa que já não é grande e encontre uma saída para completar códigos, charadas e mais.
O título também possui algumas informações perdíveis de história. Esses elementos são quase atividades paralelas e não impactam no desenrolar da aventura principal. Porém, ativá-las certamente resultará em uma compreensão maior do pesadelo de Judith.
No geral, a ausência de bugs comprometedores (há apenas uns visuais), o rico detalhamento dos cenários e os tempos de carregamento eficientes completam uma experiência satisfatória em Scholar’s Mate. Não há como negar que se trata de um projeto inteligente.
Scholar’s Mate: vale a pena?
Scholar’s Mate cumpre muito bem o que se propõe a fazer. Obviamente, existem os riscos de um game curto e baseado em puzzles, como a ausência total de fator replay, mas nos termos de desafios, visuais e imersão é tudo bastante agradável.
O game é recomendado para quem curte esse estilo e procura aventuras com elementos originais. Além disso, ele possui uma platina bem fácil; algo que pode agradar os caçadores de troféus.
Na PS Store, o game custa R$ 66,90, mas assinantes PS Plus pagam apenas R$ 53,52 até o dia 19 de julho. Por esse preço, vale muito a pena e é uma cobrança honesta da Jandusoft por tudo que é entregue.
Scholar’s Mate está disponível para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series e PC.
Veredito
Vantagens
- Quebra-cabeças muito inteligentes
- História intrigante e fora do comum
- Visuais e aspectos técnicos bem detalhados
- Localização em português do Brasil para menus e textos
- Proposta de escape room bastante acessível
- Excelente sistema de som (em especial com headsets)
Desvantagens
- Alguns bugs visuais
- Ausência completa de fator replay
- Perseguidor previsível