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Prey: Vale a pena?

Um dia da caça, outro do caçador...

por Tatiane Inês
Prey: Vale a pena?

Alienígenas, estações espaciais abandonadas, equipamentos tecnológicos avançados. Tudo isso tem sido “costumeiro” aos olhos de quem acompanha a cultura geek. Tanto no mercado de jogos como nos cinemas. Portanto, destacar-se entre as inúmeras propostas já produzidas é um desafio e tanto. Prey então diz: “desafio aceito”.

Contudo, mesmo em meio às muitas ofertas do gênero scientific-fantasy (sci-fi), Prey consegue se sobressair ao comum, apresentando uma atmosfera bem construída, aliada a uma jogabilidade entusiasmante.

Bom dia, Morgan!

É chegado o grande dia na vida de Morgan Yu (que pode ser do sexo masculino ou feminino, à critério do jogador), o (a) protagonista do título. A realização de testes para embarcar numa verdadeira “jornada nas estrelas” com seu irmão, Alex Yu. No entanto, eventos inesperados ocorrem e cabe ao jogador, basicamente, uma única missão: sobreviver aos Typhon, uma espécie de alienígena feroz, e sair com vida da Talos I, a estação espacial de pesquisa onde os acontecimentos ocorreram.

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Escolha do gênero de Morgan – Fonte: PlayStation 4

É então que o título mostra para o que veio. Criar um clima de suspense aliado ao combate cruel, mas com pouca abordagem para a narrativa. Aqueles que se aventuraram na amedrontadora e profunda história de Dead Space ou até mesmo no rico universo da trilogia Mass Effect, logo de cara percebem que, em Prey, não há muito espaço para o enredo. Contudo, tal qual DOOM, há o pretexto para uma jogabilidade violenta e divertida.  

É válido ressaltar que a narrativa cumpre bem o seu papel, com algumas reviravoltas interessantes e revelações durante a progressão. No entanto, é perceptível o foco na experiência a partir do controle das mecânicas presentes no protagonista.

Bu!

Assim como em Alien Isolation, o charme em Prey está na sua ambientação baseada no suspense. Apesar dos cenários por vezes, estarem limpos de inimigos, o jogador percorre os trajetos sempre com receio e atento a cada fresta dos cômodos, esperando pelo pior. Isso deve-se ao fato da habilidade de camuflagem dos Typhon, que permite a eles assumirem aparências de objetos comuns, como cadeiras, mesas, quadras, e dar o bote para o delírio e susto imediato do jogador.

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Cenários de Prey – Fonte: PlayStation 4

Obviamente, a atmosfera não seria tão bem construída sem efeitos sonoros dignos de filmes de terror. Assoalhos rangendo, barulhos ecoando pelos corredores, gemidos quase que sussurrantes são exemplos de como a imersão é garantida àqueles que embarcam neste título.

Em órbita

Estar no controle de Morgan Yu, seja ele ou ela, é uma experiência bem trabalhada. Em jogos de sobrevivência, os elementos de exploração não funcionam, geralmente, como deveriam. Porém, Prey consegue fugir à regra e ofertar um produto com uma movimentação fluída e a configuração ideal da câmera em primeira pessoa.

A produtora Arkane Studios, responsável também pelo desenvolvimento de Dishonored 2, fez o dever de casa. Trouxe características prontas da franquia Dishonored para a aventura de ficção científica. Subir em lugares elevados, utilização do jetpack, adentrar em caminhos apertados. Tudo isso funciona corretamente.

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Movimentação é bastante agradável – Fonte: PlayStation 4

Cientista, engenheiro, segurança, playboy, filantropo

Seja quem você quiser! As habilidades, chamadas de neuromods, desenvolvidas pela TranStar, garantem ao personagem um extenso leque de possibilidades. Novos desbloqueios permitem reparar máquinas danificadas, obter mais stamina e saúde, hackear estações de trabalho e cofres protegidos por senhas.

habilidades com os Neuromods - Fonte: PlayStation 4
Habilidades com os Neuromods – Fonte: PlayStation 4

No entanto, as melhores habilidades desbloqueáveis são as encontradas nos Typhon. Como por exemplo, a possibilidade de transformar-se em um fantasma para enganar os inimigos. Não se deixe levar pela diversão. Utilizar-se desses poderes custam a própria humanidade de Morgan e acarretam consequências para o final.

Ação e reação

Para cada tomada de decisão realizada ao longo da jornada, uma consequência será ativada. O bacana é que, em Prey, as escolhas não estão presentes especificamente no enredo, mas sim no uso das habilidades.

Conforme o jogador avança na progressão, os inimigos vão tomando novas proporções de dificuldade. Até aí, normal. Contudo, quando há o uso exagerado das habilidades psiônicas (os poderes dos alienígenas), então o jogo cria uma forma de balanceamento, inserindo os assustadores “Pesadelos”, alienígenas, mais fortes e rápidos, que causam um terror esquizofrênico logo à primeira vista.

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É como deparar-se com o Cabeça de Pirâmide, o icônico monstro de Silent Hills 2. Você fica amedrontado e só consegue pensar nas rotas de fuga e como irá sobreviver ao Pesadelo (literalmente). Mais uma vez, Prey acerta na construção do terror.

Lixo? Não mesmo!

Assim como que ocorre em Fallout 4, em Prey há a possibilidade de utilizar todo tipo de sucata para fins específicos e úteis. Existe uma constante interação com os objetos presentes no jogo, desde canecas personalizadas até itens mais pesados que podem ser arremessados em inimigos.

Coletar sucata torna-se uma tarefa habitual e divertida na aventura de Morgan. Em salas com recicladores e construtores, é possível transformar batatas fritas em materiais orgânicos e kits médicos, imprescindíveis para o sucesso. Porém, é preciso ser organizado. O espaço do inventário é limitado e há necessidade de gerenciá-lo com juízo para estar bem equipado e com espaço para novas descobertas.

Cientistas também erram

Assim como as grandes mentes da TranStar erraram, Prey não está livre de falhas em seu produto final. Como descrito inicialmente, pelo foco na jogabilidade, em dados momentos o enredo torna-se monótono. Você sente a necessidade de “pular a cena” ou mesmo sequer prestar atenção aos diálogos.

Outro quesito é a dificuldade. Prey não é um título totalmente casual. O game oferta uma considerável dificuldade que, infelizmente, fornece momentos injustos com os inimigos mais bem preparados que o próprio personagem. É preciso analisar o ambiente e adotar a estratégia “tentativa e erro” até conseguir ultrapassar.

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Provavelmente, o maior problema apresenta-se no desempenho de Prey. O título não é exuberante em beleza, mas oferece um visual gráfico decente para a oitava geração de consoles. Mesmo assim, devido ao processamento de múltiplas informações contidas no jogo, as renderizações são comprometidas. Os cenários tomam certo tempo para serem carregados, mesmo quando o jogador já está li no meio do ambiente. Tal fato incômoda aos olhos gravemente.

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É válido declarar que não foram encontrados bugs graves durante o período de análise, que forçassem a reinicialização do jogo ou perda de dados.

Preparar para lançamento: 10, 9, 8…

Olhar pela janela da Talos I e admirar o espaço, ou fazê-lo do lado de fora sob efeito da microgravidade, é realmente incrível e indescritível. Prey é inundado de momentos inimagináveis que envolvem o jogador além de instigá-lo a pensar, planejar, 11agir rápido e sobreviver.

Trata-se de um prato cheio para fãs de ficção científica com porções concisas de terror, ação e suspense. Um título que se sobressai e oferta muitas possibilidades, para que cada jogador aproveite da sua própria maneira, rendendo entre 20 – 45 horas de gameplay. E que merece entrar na lista entre os melhores jogos deste primeiro semestre de 2017.

Tatiane Inês
Tatiane Inês
Gerente de Operações
Publicações: 715
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Engenheira e gerente de mídia do MeuPlayStation. Atualmente em um relacionamento sério com o PlayStation 5 S2. Gosta muito de jogos FPS e aventuras com boas histórias.