Perennial Order: vale a pena?
Apesar dos problemas, Perennial Order deve ser tratado como referência moderna no gênero boss rush
O gênero boss rush normalmente ocupa aquele pequeno espaço entre os games de ação e costumam passar despercebidos mesmo de fãs mais hardcore. Bom, seu estilo de fato é bastante único e corre riscos; mas precisamos falar quando ele supera todas as expectativas.
Neste mês, a Gardenfield Games teve a oportunidade de lançar Perennial Order, jogo vendido como um game de horror baseado em plantas. E olha… que surpresa agradável, hein? Continua não sendo para todos, mas ele estreia com virtudes de cair o queixo.
Quem está mais por dentro do boss rush sabe como funciona: sofra, sofra, sofra, mate um chefe e avance para o próximo. Mas que tal sofrer em um universo opressor e encantador ao mesmo tempo, enquanto vive uma experiência que ficará em seu coração?
Continue com a gente para saber tudo sobre esse novo game publicado pela Soedesco:
Uma flor entre as pragas
Na Idade das Trevas, a humanidade se afastou do mundo e viu suas terras serem corroídas por uma misteriosa praga. Agora, paisagens outrora ricas se juntam a selvas, pântanos, montanhas e cavernas abandonadas, dominadas apenas por plantas.
Algumas delas são hostis, outras não. Algumas preservaram suas capacidades originais e se preservam mesmo diante da opressão, enquanto outras se fortaleceram ao ponto de obterem senciência. E com isso, elas se espalharam pelos reinos.
Em meio à escuridão, uma flor nasce. Intitulada de Cavaleira Perene, ela surge com a missão de estabelecer a ordem natural do mundo. Porém, para isso, será necessário derrotar criaturas apavorantes e lembrar de como todo o mal teve origem.
Perennial Order é um jogo de ação em 2D no estilo boss rush. Sua campanha pode levar de 2h a 20h para ser concluída, pois depende única e absolutamente da habilidade. Enquanto isso, o título oferece um mundo não-linear, com vários meios de progressão.
Desde os primeiros instantes, é possível observar que o título traz fortes inspirações em Hollow Knight, Dark Souls e Salt and Sanctuary. Mundo atmosférico e escuro, caminhos alternativos, desafios autênticos e uma trilha sonora absurdamente inspirada.
Porém, seu destaque fica por conta da composição visual. Em termos artísticos, Perennial Order é uma experiência única, com cenários muito bem realizados, ótimo level design e uma bela contextualização do universo através de mapas, chefões e NPCs.
Os mesmos adjetivos exagerados podem ser utilizados para caracterizar a dificuldade. O título da Gardenfield é muito, mas muito difícil. Cada luta contra boss, além de ser bastante criativa, altera totalmente os padrões, exigindo respostas imediatas.
Isso porque a mecânica central de Perennial Order se baseia na famosa “no hit run”. A diferença é que, ao tomar dano, você morre e volta para o instante antes de enfrentar o boss. Mas em resumo, é isso: sofreu um encontrão, faleceu.
Criatividade exige criatividade
Todo o gameplay de Perennial Order incentiva o oportunismo. Como sua ideia é o combate de chefes de forma sucessiva, apenas os derrotando você chegará ao final (obviamente). Dessa forma, não há outra opção a não ser assumir uma postura ofensiva e atenta.
Os chefes do game são extremamente criativos. A cada confronto, você terá a sensação de que está entrando em um confronto injusto, porque de fato eles são. Assim, toda desvantagem dos inimigos é compensada não com uma ou com duas vantagens — mas várias.
Quando o monstro é do seu tamanho, ele é mais resistente. Quando ele é maior, ele é mais lento, porém alcança um raio superior. Quando é menor, se moverá quase na velocidade da luz. A dica? Sempre espere o pior. Você morrerá para aprender.
Perennial Order também possui armadilhas (incluindo em cenários de chefes), ambientes desfavoráveis (incluindo em cenários de chefes) e o terror de todo fã de jogo hardcore: batalha contra múltiplos inimigos. Não é brincadeira: espere sempre o pior.
Felizmente, o título conta com uma estética agradabilíssima, com ótimos tempos de carregamento pós-morte e com aquela sensação única de vitória que Dark Souls trouxe a todos nós, mas diversos outros projetos acabaram fortalecendo.
E não se preocupe: a Cavaleira Perene não deixará você sozinho.
Progressão interessante e contextual
A protagonista de Perennial Order é poderosa e precisa apenas de poucos ataques concentrados para derrotar os adversários. Por isso a campanha pode ser concluída em menos de 3h: um dos chefes, por exemplo, exige apenas um hit.
Além disso, explorar o mundo rende itens de aprimoramento da espada bétula, espaços para aumentar a quantidade de habilidades equipadas e vantagens especiais, incluindo dons tanto passivos quanto ativos.
Com o tempo, você se acostuma com o esquema de gameplay, que traz duas dificuldades adaptativas: atacar utilizando o analógico direito e ter limite de esquivas através da quantidade de Fogo-Fátuo. Mas caso prefira apostar em parry, é por sua conta em risco.
A progressão em Perennial Order também ocorre através de missões secundárias. Interagir com NPCs rende não apenas mais detalhes do mundo e gestos (Expressões), mas ativa eventos que devem ser concluídos apenas com os poucos e misteriosos direcionamentos.
Como a quantidade de habilidades atribuídas é limitada, é preciso se adaptar aos chefes da forma mais eficiente possível, mesmo que seja necessário sacrificar o dano causado, a quantidade de Fogos-Fátuos e sua própria movimentação.
Completar a campanha principal também abre dois modos de jogo: um New Game+, que transfere tudo (e um pouco mais) para uma segunda run, assim como uma espécie de Versus, onde é possível escolher qual boss será enfrentado.
Tudo isso, aliado ao suporte ao cooperativo completo para até dois participantes e à localização em português do Brasil, rende uma experiência indie completa, que agrada em praticamente todos os aspectos mesmo com o altíssimo nível de dificuldade. Praticamente…
O que não agrada no jogo
Por ser inspirado em Dark Souls, alguns elementos inconsistentes vieram no pacote. Entre eles, está a fatídica câmera, com pode atrapalhar bastante em alguns confrontos principalmente pelo conceito da Cavaleira Perene ser em 2D.
Como um golpe lhe mata, muitas vezes não há uma janela visível para a reação. Assim, como o game já é difícil e absurdamente punitivo a cada erro, você terá poucas chances de se recuperar.
Outra questão diz respeito a um problema de qualidade visual. Em cenários mais dinâmicos, como na neve e na névoa, há muitos serrilhados na tela. Eles ocorrem em paralelo com quedas de FPS, mas apenas durante a exploração — a luta contra chefes é suave.
Perennial Order: vale a pena?
Perennial Order deve ser tratado como uma referência no estilo boss rush. Ele sacrifica a simplicidade do gênero oferecendo um mundo rico em lore, que desperta a atenção dos jogadores por meio de cenários caprichados e de uma trilha sonora lindíssima.
As batalhas contra chefes são frustrantes e podem afastar parte da comunidade, mas essa é a opção dos desenvolvedores para satisfazer o gênero escolhido. A ideia é aprender com seus erros e dominar ao máximo seus sentidos para não ser pego desprevenido.
O título também chega com modos endgame, suporte online e como uma experiência bastante sólida, mesmo com os problemas técnicos citados. Dessa forma, fãs de games mais hardcore não podem deixar Perennial Order de lado de forma alguma.
Na PS Store, o jogo sai por apenas R$ 104,90 e recompensará quem investir. Ele já está disponível para PS5, Xbox Series e PC.
Veredito
Perennial Order
Sistema: PlayStation 5
Desenvolvedor: Gardenfield Games
Jogadores: 1 ou 2
Comprar com DescontoVantagens
- Visual artístico de impressionar
- Belíssima trilha sonora
- Batalhas contra chefes extremamente criativas
- Mundo diverso e bem contextualizado
- Mecânicas precisas e cheias de variedade
- Localização em português para menus e textos
- Ótima quantidade de conteúdos endgame
- Suporte para campanha cooperativa
Desvantagens
- Quedas constantes de FPS e serrilhados
- Câmera pode prejudicar em algumas batalhas