O Escudeiro Valente: vale a pena?
All Possible Futures traz uma maneira inovadora de abordar temas clichês com leveza e muita criatividade
O Escudeiro Valente, ou The Plucky Squire como é conhecido mundialmente, é um dos jogos publicados pela Devolver Digital que começou a chamar bastante atenção da mídia desde sua revelação. Tivemos a honra de jogá-lo antecipadamente no PS5 e podemos confirmar: é tudo isso que se espera mesmo.
No jogo, seguimos a aventura de Pontinho em um livro infantil, entretanto, de alguma forma, sua história corre o risco de não ter o final feliz desejado por todos os personagens. O título não é apenas um game de plataforma onde há transições 2D para 3D bem trabalhadas, não. Estamos falando de muita imersão e qualidade.
Pontinho e sua espada contra tudo e todos
O Escudeiro Valente nos apresenta a um plano de fundo que aparentemente é bem infantil. Corremos nas páginas dos livros em uma perspectiva 2D com certa profundidade em determinados momentos que flertam com um 2.5D, mas continuam sendo dentro de uma página.
A saga começa com Pontinho tendo de buscar um Pote de Mel para seu tutor, Barbaluar. Nessa parte da história, você já encontra um elenco com personagens cativantes, únicos e cheios de um molejo baseados nos rascunhos do livro — com direito a uma trilha sonora bem feita e que encaixa perfeitamente no gameplay.
Em busca desse pote de mel, Pontinho e seus amigos encontram algo fora do lugar. Um raio verde tomou as páginas do livro e eles quase foram pegos. Quem causou isso? Enfezaldo. O vilão que aterroriza todas as aventuras do protagonista e que sempre é derrotado no final — mas, aparentemente, não dessa vez.
Com a ajuda de Barbaluar e de seus amigos, o Escudeiro Valente é convocado a enfrentar seu eterno rival. Quando chega lá, uma surpresa o aguarda: Enfezaldo agora controla uma habilidade jamais vista em qualquer página de todo esse embate: a metamagia.
A metamagia joga Pontinho para fora de seu livro, e é aqui que o gameplay fica em 3D e cheio de inovações.
Gameplay e puzzles criativos começam a chamar atenção
Pontinho conta com diversas habilidades. Ele pula e ataca com a espada, arremessa sua lâmina e a recupera com rapidez, faz rolamentos para desviar dos ataques adversários… O conjunto é bem simples, mas encaixa em todas as propostas possíveis — citando os ambientes em 2D e 3D como cenários.
A exploração e a campanha de O Escudeiro Valente é bem linear e se baseia nas fugas pelos cantos das páginas. Toda a exploração passa por resolver uma série de puzzles, pegar recursos escondidos dentro de arbustos, e de viajar pelas páginas do livro para usar as palavras como você quiser.
Como isso funciona? Os quebra-cabeças contam com palavras que se soltam dentro do livro. Por exemplo: se você bater na frase “O peixe é grande” e a palavra “grande” se soltar, você consegue editar o significado disso trocando para outra palavra perdida pelas páginas e deixá-la como “O peixe é pequeno” ou “O peixe é esquisito”.
Pequenas trocas como essa podem abrir caminhos, deixar as páginas menos densas e até mudar o rumo da história.
Fora do livro, a magia é diferente. O Escudeiro Valente passa por momentos de alta intensidade no estilo stealth para fugir dos insetos espalhados pelo quarto, precisa alternar entre os universos 2D e 3D para superar uns obstáculos e pode até levar objetos de um mundo para o outro.
Vale ressaltar também os momentos onde o 2D e o 3D variam. Por exemplo, há uma luta de boxe logo no início, depois há um embate no estilo RPG de turnos em outra fase que é bem especial. Enfim, variedade, fofura e criatividade reinam na jogatina.
Em um momento mais avançado da história, tudo isso se mistura. Pontinho precisa levar palavras para fora do livro, avançar nas páginas, procurar uma frase que se adequa melhor a situações específicas e encontrar uma forma de fazer as palavras trabalharem a seu favor.
Tudo isso vai ocorrendo conforme Enfezaldo explora e entende melhor seus poderes. A preocupação de Pontinho vai muito além de ser um protagonista de um livro infantil. O Barbaluar abre o jogo após a primeira volta do herói do mundo 3D.
Se o vilão obtiver sucesso, a vida de Sam, a criança que é dona do livro, sofre as consequências. O destino do jovem é se tornar um escritor renomado e de sucesso. Como ele aprende isso? Vendo Pontinho vencendo o mal e se inspirando nos seus ensinamentos.
E se o Enfezaldo tiver sucesso? O destino de Sam mudará completamente, fazendo com que ele não siga o caminho de um escritor capaz de inspirar toda uma geração de jovens leitores. Ou seja, o sucesso de Pontinho é crucial para sua própria história, para salvar seus amigos, e para Sam.
Claro, para enfrentar tudo isso, o pacote básico de habilidades do Pontinho não é o suficiente. O Escudeiro Valente conta com um sistema de compra de upgrades e habilidades. A cada lâmpada coletada nos arbustos e ao abater os alvos, o jogador obtém recursos para investir em produtos específicos.
Pontinho aprende a arremessar a espada, a lançar combos aéreos e ainda por cima consegue aprimorar suas próprias habilidades. A força dessas skills sobe e com isso ele enfrenta as criaturas espalhadas pelo mapa com muito mais potência e facilidade.
Falando em facilidade, o jogo conta com dois modos. Um para os aventureiros que querem ação para bater nos monstros, ou outro mais simples com maior ênfase na história, deixando seus alvos mais simples de serem abatidos — você é quem escolhe antes de tudo começar.
O percurso até o desfecho dessa história não é tão longo assim e é prazeroso de acompanhar todo o desenrolar. O Escudeiro Valente tem dez horas de duração e pode se estender caso você deseje explorar as áreas com um pouco mais de calma ou passe por alguns perrengues nos quebra-cabeças.
Ah, vale ressaltar também o belo trabalho de localização feito em O Escudeiro Valente. The Plucky Squire é um nome legal, Jot também, mas ser “O Escudeiro Valente, o jogo do Pontinho” é ainda melhor. As narrações, legendas e menus nos entregam momentos cômicos e muito imersivos!
Onde o Escudeiro Valente erra?
Até aqui parece um jogo perfeito não é mesmo? E é, mas com ressalvas. O Escudeiro Valente não tem um processamento das sombras no universo 3D tão bom assim, mas como isso não prejudica em nada a experiência, só estamos citando para não deixar passar batido — mas é perceptível.
Entretanto, a parte ruim fica para o formato dos puzzles. Na maioria do tempo é buscar por uma chave para abrir um cadeado e seguir em frente. Os puzzles com palavras são altamente criativos, toda a estrutura é bem preparada e as frases geram efeitos cômicos, mas o desfecho é muitas das vezes é levar a chave até a fechadura.
Aqui faltou um pouco de diversificação, mas nada que tire o brilhantismo da All Possible Futures nesse incrível projeto.
O Escudeiro Valente vale muito a pena!
O Escudeiro Valente é uma aventura com várias camadas. Você entra pensando que é um jogo simples com alterações simples de sair de um livro e entrar no mundo real e cai em um universo onde toda palavra bem colocada muda o rumo de uma história. Uma vida depende do sucesso de Pontinho. Ponto.
Mesmo com uma maneira leve de nos apresentar a história e um gameplay extremamente criativo, a simplicidade se destaca, e isso que faz de O Escudeiro Valente um lançamento digno da sua atenção. Vale muito a pena, sim.
Para os baixinhos, é necessário ter um conhecimento básico de gramática, então, é bom ter isso em mente caso você deseje adquirir o título. Por outro lado, ele é parte dos jogos que chegam ao PS Plus Extra e Deluxe neste mês de setembro, ou seja, para os assinantes, o teste nesse aqui deveria ser obrigatório!
Você não se decepcionará com Pontinho. Espere momentos emocionantes, muita fofura, aprendizado e uma jogatina de qualidade ao longo de sua jornada — que agrada a todas as idades.
Veredito
O Escudeiro Valente
Sistema: PlayStation 5
Desenvolvedor: All Possible Futures
Jogadores: 1
Comprar com DescontoVantagens
- Narrativa que evolui e nos entrega momentos emocionantes (e fofinhos)
- Quebra-cabeças muito bem pensados
- Transição entre os universos 2D-3D encanta
- Personagens carismáticos e com motivações claras
- Gameplay e progressão com Pontinho são simples e funcionam bem demais em relação à proposta
- MUITA imersão graças à localização em PT-BR!
Desvantagens
- Desfecho dos puzzles poderia ser tratado de uma melhor maneira