Metal Gear Solid V: Ground Zeroes: Vale a pena?
Metal Gear Solid V: Ground Zeroes apresenta-se como uma prequela aos eventos que terão lugar no próximo episódio da série, The Phantom Pain, e apesar das críticas iniciais tecidas em desfavor do título, em relação à sua duração e preço, o jogo sustenta-se por si só como o primeiro Metal Gear da atual geração de consoles, agradando não somente, em grande parte, os antigos fãs da série, mas também apresentando mecânicas atrativas aos seus iniciados.
O jogo, que na linha temporal da série se passa após os eventos de Metal Gear Solid: Peace Walker, título lançado originalmente para PSP em 2010 e remasterizado para PS Vita, Playstation 3 e Xbox 360 em 2013, e dá continuidade à saga de Big Boss, peça central de todos os eventos que dão substrato à complexa trama de Hideo Kojima.
De início, jogando na pele de Snake (cujo título de Big Boss luta para renegar desde os eventos de Peace Walker), somos introduzidos em uma missão de resgate à Paz e Chico, dois membros da Militaires Sans Frontières, unidade criada e conduzida por Snake e seu camarada Kazuhira Miller, que são mantidos em cativeiro em uma base estado unidense na região da América Central.
Ligeiramente mais velho e bem modelado na nova Fox Engine, motor gráfico desenvolvido pela Kojima Productions, somos colocados no controle de Snake, cujo dublador ocidental passa a ser Kiefer Sutherland em substituição à grave e tradicional voz de David Hayter, que sob torrencial chuva equatorial encontra a referida base que é comandada por Skull Face, personagem misterioso que mantem como prisioneiros Chico e Paz.
Com rápida transição entre as cinemáticas e a ação, os fãs de longa data perceberão desde logo mudanças na jogabilidade na série, uma vez que a aplicação da Fox Engine permitiu que se aprimorasse a movimentação dos personagens e sua interação com o cenário, que passa a ser mais orgânica e fluida. A consultoria militar, ponto forte de referência na série, mostra-se mais uma vez bem aplicada, a ponto de o jogador realmente se sentir na pele de um experiente combatente que tem como inimigos militares treinados que protegem a base e seu acesso aos alvos do resgate.
Certos elementos mecânicos famosos da série, como os pontos de exclamação e interrogação que os inimigos manifestam em suas cabeças, bem como certos sons característicos que denotavam que seus adversários haviam o encontrado, foram abandonados nesse novo capítulo da série, muito em decorrência do novo clima soturno que reveste os acontecimentos de Ground Zeroes e que refletirá, tendo como base os trailers divulgados, na personalidade de Snake em Phantom Pain.
Outra alteração que influência diretamente no núcleo da jogabilidade furtiva é a adição do “Reflex”, efeito de câmera lenta que é ativada automática e instantaneamente no momento em que Snake é flagrado por um inimigo. A mecânica, inédita na série, permite que, durante os poucos segundos em que o “reflex” se ativa, o jogador elimine o referido alvo antes que este comunique a invasão aos demais. Tal adição, apesar de duramente criticada pelos fãs mais puristas da série, acrescenta fluidez à progressão do jogo, uma vez que a falha em jogos de stealth acarreta frustação ao jogador que, por muitas vezes, prefere reiniciar seu progresso ao último checkpoint ao invés de sair no braço. E se esse argumento ainda não te convenceu, basta desligar o “reflex” nas opções, simples assim.
Tocando nesse ponto, o combate da série também foi significantemente otimizado. Agora, enfrentando o jogador uma situação em que se faça necessário abordar a problemática de modo mais incisivo, nos é dado ferramentas para que não apenas possamos contornar a situação, mas que também o façamos de maneira divertida, posto que a movimentação, sistema de cobertura, peso das armas e sistema de dano em que a vida regenera-se automaticamente fazem com que Metal Gear Solid, ao expor-se ao combate, faça frente à consagrados título de TPS (third person shooters – tiro em terceira pessoa).
Em acréscimo, além das melhorias mecânicas acima ressaltadas, merece destaque a interação entre as competentes texturas e belos efeitos de iluminação que compõe o quadro do jogo que, graças ao esmero da direção artística por detrás do jogo, torna-o atualmente um dos jogos mais bonitos para PlayStation 4 e Xbox One.
A missão principal de Ground Zeroes pode ser concluída em aproximadamente duas horas, desde que o jogador encare o jogo do modo que sua ambientação sugere que se faça, ou seja, de maneira furtiva, “stealth” como o próprio gênero já diz. Finda a missão de resgate, o jogo oferece outras missões secundárias a ser cumpridas dentro do mesmo cenário de campanha, além de colecionáveis como fitas cassete que complementam a história de fundo, auxiliando o jogador a compreender os eventos que circundam a trama.
Ground Zeros é rápido, rasteiro e visceral (no tocante ao desfecho da campanha principal), prestando um ótimo serviço aos fãs da série que ansiavam por um novo título, uma vez que éramos órfãos da franquia desde o lançamento de Metal Gear Solid: Peace Walker em 2010 (desconsiderando o spin-off Metal Gear Rising), e supurando questões mercadológicas envolvendo o preço inicial cobrado pelo jogo, $30,00 (trinta dólares), o que atiçou calorosas discussões acerca do fator “custo-benefício” que deve se extrair do jogo, o título não apenas sustenta-se por si só como também nos prepara para o lançamento de Metal Gear Solid V: The Phatom Pain no final de 2014.
Metal Gear Solid V: Ground Zeroes foi lançado em 18 de março de 2014, para Playstation 4, Playstation 3, Xbox One e Xbox 360.