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Mare: vale a pena?

Aventura relembra as marcantes histórias de Fumito Ueda, mas de forma mais simplificada e objetiva

por André Custodio
Mare: vale a pena?

Mesmo sem ter jogado, você certamente deve lembrar do impacto que os jogos de Fumito Ueda tiveram no mercado. Começando com Ico e terminando com The Last Guardian, o universo “espiritual” do designer japonês criou uma fiel legião de fãs.

Não há como ignorar os traços dos games: seus personagens, elementos ambientais e abordagem narrativa são bastante evidentes. E em Mare, novo título de quebra-cabeças do estúdio Lonekite Games, essas ideias se fazem presentes do início ao fim.

O projeto é uma experiência em realidade virtual bastante honesta e carismática. E apesar do curto tempo de campanha e da simplicidade em termos de mecânicas e narrativa, é impossível ser fã de Ueda e não ficar tocado pela aventura do pássaro mecânico.

Uma força, um pássaro e uma menina

Após passar por uma intensa tempestade, um pássaro mecânico controlado por uma força benevolente acaba encerrando sua curta jornada em uma ilha remota. Mas o que era para ser o fim se torna apenas o início de uma aventura mágica e intrigante.

À deriva no litoral, uma garota desconhecida sai de um caixão de metal. Imediatamente apegada ao pássaro, ela decide segui-lo para onde for e logo ambos constroem laços de confiança, apesar dela ainda não ser plena.

Mare
Fonte: André Custodio

Agora, diante de um propósito ainda desconhecido, eles devem explorar um mundo em ruínas e trabalhar juntos, à medida que descobrem haver algo maligno e mal-intencionado controlando o que seria o núcleo da região.

Mare é um jogo de aventura e quebra-cabeças com leves sistemas de plataformas. Os jogadores controlam as ações de um pássaro robótico, ao mesmo tempo que dão ordens para a garota trilhar caminhos específicos, sendo guiada por IA.

Mare
Fonte: André Custodio

O game não exige comandos desafiadores: enquanto o modo com os controles Sense utiliza apenas os gatilhos, o modo com rastreamento ocular necessita basicamente do uso da câmera e da tecnologia do headset — e os dois funcionam com perfeição.

Além disso, Mare possui uma estrutura narrativa de capítulos, onde cada um deles termina com um momento importante para a história. São sete ao todo, distribuídos em um tempo máximo de campanha de 4h de duração.

Pulando de galho em galho

Mare traz algumas inovações em relação aos games de plataformas e quebra-cabeças. Aqui, não há liberdade de movimentação, pois cada comando fará o pássaro pousar em espécies de poleiros eletrificados.

Ao permanecer fixo, você pode girar a câmera para identificar pontos de interação ou simplesmente passear pelos cenários para progredir na história. Tudo isso também pode ser feito através do olho: basta encarar um local específico por um tempo.

Mare
Fonte: André Custodio

O game também conta com um sistema de combate, mas que poderia ser mais profundo. O protagonista é capaz de utilizar raios para controlar bandos de pássaros menores, para controlar estruturas ancestrais e eliminar inimigos em formato de sombras.

Vez ou outra, a menina é atacada ou perturbada por criaturas semelhantes às de Ico e de The Last Guardian. Porém, para derrotá-las é muito simples: basta olhar por um tempo para elas ou apertar os gatilhos, caso você use o modo com os controles Sense.

Mare
Fonte: André Custodio

Os puzzles também exigem total atenção com a menina. No universo, ela é a única que pode abrir portas e destravar mais poleiros. Assim, é preciso não apenas a atrair, mas chamá-la por meio de objetos destacados, como sinos e pétalas.

Apesar dessa simplicidade, Mare tem mecânicas acessíveis e precisas. Elas funcionam bem no contexto minimalista de mundo e ganham ainda mais riqueza devido ao uso eficiente do headset, do feedback tátil, dos gatilhos adaptáveis e do rastreamento ocular.

O multiverso de Shadow of the Colossus e Ico

Mare poderia muito bem se passar no universo de Shadow of the Colossus e Ico. As referências ao trabalho de Fumito Ueda são bastante claras, mas felizmente elas não passam disso, pois o jogo da Lonekite Games é fundamentalmente original.

Ao longo da campanha, os jogadores podem explorar um mundo solitário, onde a vida ainda é pouca e se resume a borboletas e pássaros. Além disso, uma surpresa aguarda os fãs nos momentos finais da campanha — certamente despertará bons momentos.

Mare
Fonte: André Custodio

Desde Ico, a série também chamou a atenção pelos movimentos realistas dos personagens. E é assim que acontece com a garota: ela cai, escala, corre, se equilibra, dá tchau e conversa bastante, perguntando algumas coisas divertidas e em português.

E por falar em localização, Mare conta com menus, textos e áudio em português. O game é bastante silencioso até mesmo no sentido de trilha sonora, mas tudo que você escutar ou ler será no nosso próprio idioma.

Mare: vale a pena?

Ótimo como um jogo de quebra-cabeças e eficiente como experiência em realidade virtual, Mare é uma ótima aposta para quem está chegando ao PS VR2. Além disso, fãs de Shadow of the Colossus e Ico certamente se apaixonarão por um mundo muito característico.

Personagens carismáticos, universo rico em detalhes, ótimo level design e trilha sonora impactante são apenas alguns elementos que você pode esperar para o game. É um jogo single-player que realmente destaca o potencial dos dispositivos em realidade virtual.

A simplicidade e o curto tempo de campanha podem deixar aquele gosto de “quero mais”, mas nada que atrapalhe de forma significante uma aventura de impacto. O preço de R$ 133,90 na PS Store ainda é acima do sugerido, então vale a pena ficar de olho em uma oferta.

Veredito

Mare
Mare

Sistema: PlayStation VR2

Desenvolvedor: Lonekite Games

Jogadores: 1

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76 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Belo universo inspirado em Ico
  • Dois modos de jogo com mecânicas acessíveis
  • Quebra-cabeças inteligentes e funcionais
  • Excelente integração com o PS VR2
  • Trilha sonora comovente
Desvantagens
  • Curto tempo de campanha
André Custodio
André Custodio
Redator
Publicações: 8.020
Jogando agora: Metro Awakening, Diablo IV
Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.