JoJo’s Bizarre Adventure: All-Star Battle R: vale a pena?
Feito para fãs, All-Star Battle se destaca pelo grande catálogo de personagens e referências ao anime
Quase dez anos após o lançamento do game original, a CyberConnect2 decidiu trazer JoJo’s Bizarre Adventure: All-Star Battle R aos jogadores. O remaster do game de PS3 agora tem aspectos renovados para os consoles mais recentes e é um conjunto de referências e outras novidades feito para fãs. Mas será que é o suficiente?
Para muitos, o game pode cair naquele famoso — e discutível — rol dos jogos que “ninguém pediu”. Isso porque o anime não está mais em alta como entre 2012 e 2013, com o início de sua exibição na TV. Porém, em meio a tantos riscos de lançamento, a Bandai Namco optou por investir no projeto e se dedicou a publicar um título minimamente robusto.
Essencialmente um game de luta
JoJo’s Bizarre Adventure: All-Star Battle R se propõe a ser o que sua categoria determina: um jogo de luta. Aqui, não há uma campanha com animações, exploração em modos livres ou qualquer outro sistema sem referência direta ao combate.
O título segue os sistemas implementados pelos games de anime da Bandai Namco e conta com movimentação em direção ao adversário, para longe dele e em movimentos laterais. Porém, não há muita estratégia implementada — espere o momento certo de atacar e simplesmente vá para cima com tudo.
All-Star Battle R é um título 1v1 com a possibilidade de utilizar parceiros como suporte. Essa mecânica é super limitada no modo campanha (All-Star Battle) e existe em menos de 10% das 104 lutas. Já nas outras modalidades, ela é obrigatória durante a seleção do personagem e facilita muito os desafios – apesar de ter um cooldown relativamente alto.
Em relação às mecânicas, o game oferece um recurso de acessibilidade conhecido como “Easy Beat System”. Ele funciona de forma semelhante aos combos em Dragon Ball FighterZ e permite a execução de habilidades especiais pressionando apenas o botão “quadrado”. É possível habilitar a função antes do início de toda batalha.
Apesar disso, ela não é obrigatória para garantir a intuitividade. Aqui, vale a pena tecer um elogio a JoJo’s Bizarre Adventure: All-Star Battle R, pois todos os comandos estão incrivelmente precisos e ágeis. No controle, os jogadores podem habilitar Stands, parry, esquiva perfeita, especiais únicos e estilos avançados de luta por um único botão.
ORAORAORA, ARIARIARI e muitas referências
JoJo’s Bizarre Adventure: All-Star Battle R é um game produzido para fãs e não há como escapar dessa proposta. Entusiastas de longa data ficarão maravilhados com as dublagens originais em japonês, com a arte visual, com o estilo único de cada lutador e com os inúmeros — e divertidos — golpes. Mas não há como fugir disso: é um game feito para fãs.
Não é que novatos da franquia encontrarão dificuldades. Porém, a ausência total de histórias ou detalhes mais aprofundados do anime certamente deixará muita gente perdida. Em All-Star Battle, os painéis de luta são divididos por temporadas, mas não há indicativos sobre a escolha por uma luta entre Yoshikage e Valentine, por exemplo.
Já fãs do anime saberão que todas as lutas são momentos importantes da série, onde foi dada uma certa visibilidade a um personagem específico. Com isso, os jogadores podem escolher seus combatentes favoritos e ter a chance de explorar mecânicas de outros. Aqui, outra vantagem: na campanha, todos os lutadores aparecem para o P1 ao menos uma vez.
Vale ressaltar também as lutas com Stands ativados. Os personagens que podem manifestar fisicamente suas energias vitais ficam muito mais poderosos e aumentam seu alcance, com um pequeno sacrifício de velocidade. Apelar em “ORAORAORA” e “ARIARIARI” é extremamente divertido e as reviravoltas por meio da entidade ocorrem a qualquer hora.
Outra novidade fica por conta dos cenários dinâmicos, mantidos em relação ao game original. Em certos pontos dos mapas, os jogadores habilitam um evento único, onde perigos específicos são adicionados em um indicador vermelho. Além disso, as lutas podem ser encerradas com “Finalizações Dramáticas” após a aparição de uma cena especial.
Modos com limitações
Um dos maiores problemas do remaster está na falta de sistemas recompensadores. Durante o All-Star Battle, é possível obter cosméticos, provocações, poses e G (dinheiro), mas realmente significante. Todos esses itens ficam listados em uma galeria, onde se encontram artes conceituais, modelos 3D, faixas de áudio e outros conteúdos desbloqueáveis.
Literalmente, essas são as únicas recompensas do jogo. Porém, com uma campanha completa no “Modo História”, não se obtém grana para comprar nem 10% de todos os materiais listados. Fora isso, os outros modos oferecem valores pífios em dinheiro e é praticamente impossível se estimular para adquirir 100% da galeria.
O modo principal, o All-Star Battle, é dividido em painéis de luta e não permite a escolha dos níveis de dificuldade — pré-determinados para cada embate. Felizmente, os desafios são acessíveis e mesmo lutas 5 estrelas podem ser concluídas rapidamente. Além disso, há objetivos secretos em cada combate que oferecem bônus em dinheiro e cosméticos.
A campanha pode ser experimentada com total liberdade. Com isso, escolha qualquer uma das oito temporadas do anime listadas pelo game e inicie confrontos sem a necessidade de seguir a linha “cronológica”.
Já os outros sistemas contemplam o online com alguns problemas de conexão — sem netcode via rollback — e partidas livres e ranqueadas e um arcade com Challenger (9 partidas e um chefão) e sobrevivência infinita. Já o Versus também se faz presente e funciona de forma bastante padrão, com lutas PvP e PvCPU com escolha de dificuldade e torneio.
Jogo original vs. remaster
Desde quando foi anunciado, JoJo’s Bizarre Adventure: All-Star Battle R surgiu como um remaster com poucas novidades em relação à versão original. No título, a CyberConnect2 implementou algumas melhorias gráficas e acelerou a movimentação geral da batalha, apesar de ainda estar relativamente lenta.
Além disso, com a chegada de novas temporadas, todos os personagens — até mesmo de Stone Ocean — foram inseridos no catálogo. Ao todo, mais de 50 nomes podem ser experimentados, todos com golpes únicos, dublagens refeitas, modelos 3D aprimorados e combate com as próprias características de luta.
Para quem jogou o primeiro game, o modo “gacha”, onde existia uma barra de stamina para dar sequência à campanha, foi totalmente eliminado. Para todas as lutas, novas linhas de diálogo foram adicionadas e permitem uma maior compreensão entre as relações, já que certos personagens ativam uma interação única por meio de golpes e provocações.
Por fim, o hitbox geral foi aprimorado, os tempos de carregamento no menu e entre as batalhas estão mais velozes e os especiais podem ser acompanhados através de um medidor na tela. Infelizmente, em relação à compatibilidade com o PS5, nada de revolucionário foi implementado pelos desenvolvedores, incluindo acesso aos recursos do DualSense.
JoJo’s Bizarre Adventure: All-Star Battle R: vale a pena?
JoJo’s Bizarre Adventure: All-Star Battle R é uma experiência essencialmente de luta que vale muito a pena para entusiastas do gênero e fãs do anime. Sem muita enrolação, o game vai direto ao ponto e evita completamente fugir das regras da categoria, fazendo o básico bem feito e até mesmo um pouco mais.
Novatos na série podem se sentir incomodados com a falta de profundidade nas histórias e nos personagens. Além disso, jogadores de nova geração certamente verão um remaster sem muito significado, feito apenas para renovar um game de luta lançado há dez anos e que tinha seus graves problemas.
Nas lojas digitais, JoJo’s Bizarre Adventure: All-Star Battle R custa R$ 249,50 em sua edição padrão (PS4/PS5) — algo que talvez incomode por ser um preço cheio para um remaster. Porém, no geral, o game oferece uma experiência duradoura e variável com um grande foco na diversão e no gameplay.
Veredito
JoJo's Bizarre Adventure: All-Star Battle R
Sistema: PlayStation 5
Desenvolvedor: CyberConnect2
Jogadores: 1 ou 2
Comprar com DescontoVantagens
- Catálogo com todos os personagens da franquia
- Estilo artístico fiel ao anime
- Dublagem completa e original
- Mecânicas de jogo intuitivas e acessíveis
Desvantagens
- Modos de jogo extremamente limitados
- Ausência do sentimento de recompensa
- Modo online sem netcode via rollback
- Poucas inovações gráficas