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Fate Seeker II: vale a pena?

Jogo do universo wuxia tem boas ideias, mas uma execução pouco inspirada

por Raphael Batista
Fate Seeker II: vale a pena?

Jogos ambientados na mitologia e cultura oriental estão com a popularidade em alta. Além dos clássicos Like a Dragon, há os novatos Kunitsu-Gami: Path of the Goddess e Black Myth: Wukong. Nessa onda de  projetos asiáticos, Fate Seeker II traz uma ambientação chinesa fidedigna, mas com uma execução simplória.

O título apresenta um universo wuxia, um gênero literário chinês que mescla fantasia com artes marciais. Neste jornada, há elementos mágicos e poderes especiais enquanto que a cultura oriental é retratada nas relações políticas. Embora haja boas ideias, o desempenho do game não é cativante e o ritmo acaba desinteressando ao jogador.

Fate Seeker II parece ser uma proposta para agradar somente os jogadores do primeiro jogo lançado há seis anos e afasta a possibilidade de novatos se interessarem pelo conceito que abraça características de MMORPG e jogos investigativos.

Tal pai, tal filho

Fate Seeker II é protagonizado por Zhuge Yu, filho do detetive Zhuge Wei do primeiro jogo. O novo herói segue os mesmos passos de seu pai: destronar a corrupção que envolve a China através da facção Defiant. Assim como seu pai, o personagem é um justiceiro que é movido pelo bem e não precisa de outra justificativa para se envolver com problemas de grande escala.

Para desmascarar a sociedade secreta que tem assassinado inocentes, o herói coleta pistas conforme cumpre missões ao longo de sua jornada. As mecânicas investigativas funcionam através da escolha de opções de diálogo e apontamento de pistas. É um sistema com ideias boas e traz consequências reais, dificultando o caminho ou abrindo novas possibilidades.

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Há muitos textos e a construção deles não é nada fácil. Fonte: captura de tela.

Um dos grandes problemas da experiência é a barreira do idioma. O game não tem legendas em PT-BR e a localização para o inglês é confusa – afinal, a língua original é o chinês. Com isso, muitas frases são difíceis de compreender e complicam o entendimento dos diálogos, da narrativa e até dos menus. Por isso, é comum fracassar nas investigações por uma compreensão errada em razão da forma escrita.

Combates acrobáticos e parados

Fate Seeker II oferece uma grande variedade de movimentos de ataque e defesa acrobáticos, característicos do gênero wuxia. No entanto, eles são executados de forma automática ao pressionar os botões, como se fosse um MMORPG ou até mesmo algo no estilo de League of Legends com os atalhos atribuídos para os golpes especiais.

Embora as habilidades tenham efeitos visuais legais e um apelo autêntico, o gameplay se torna extremamente repetitivo após poucas horas já que as batalhas são limitadas a pressionar poucos botões e esperar o cooldown dos golpes.

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O combate de Fate Seeker II acontece com o uso de habilidades e movimentos automáticos. Fonte: captura de tela.

O game conta com uma variedade de técnicas e habilidades. No primeiro caso, são itens que expandem o arsenal de golpes e estilos de combate. O jogador pode variar entre modelos mais agressivos, outros mais artísticos e velozes ou até mais defensivos. No segundo caso, a árvore de habilidades personaliza atributos como o crítico, recarga das habilidades, HP e etc.

Enquanto o Zhuge Yu não está brigando, ele está investigando. O sistema de dedução é até funcional e poderia ser melhor executado se não fosse o texto mal traduzido e as mecânicas superficialmente exploradas. O recurso poderia ser melhor empregado para conciliar com os momentos de exploração, mas ele surge esporadicamente com uma impressão de “estar ali para preencher o espaço”.

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O sistema investigativo do jogo tem ideias boas, mas acontece de modo superficial. Fonte: captura de tela.

Ambientação e trilha sonora inspiradas

Se até então o jogo não brilhou no que apresentou, ele acerta em cheio na direção de arte e na ambientação do game por meio das músicas. O visual das cidades, dungeons, campos e monastérios possuem características autênticas que prendem os olhares do jogador. Não se trata de detalhes técnicos exuberantes, mas o modo como o visual é apresentado merece elogios.

A trilha sonora do game também atende muito bem na experiência com sons ambientes e músicas de combate mais movimentadas. Além disso, os ritmos extraem a sensação oriental com instrumentos de cordas mais típicos.

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A ambientação do jogo acerta na temática oriental. Fonte: captura de tela.

Fate Seeker II: vale a pena?

Por mais que seja um jogo mais barato – na PS Store, por R$ 149,90 – Fate Seeker II é um exemplo de jogo que tem poucas características que o destacam. O projeto atende bem que gostou da primeira experiência por aprimorar e trazer algumas novidades nas mecânicas, mas o ritmo do game e a simplicidade excessiva de todos os outros elementos podem cansar rapidamente o jogador.

Para quem busca uma jornada focada nos elementos wuxia com apelo oriental, uma promoção ao jogo cai bem. No entanto, a sensação que fica são de boas ideias com uma execução superficial.

Veredito

Fate Seeker II
Fate Seeker II

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: NiuGamer

Jogadores: 1

Comprar com Desconto
55 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Direção de arte e trilha sonora
Desvantagens
  • Repetitividade desanimadora
  • Localização confusa
  • Enredo superficial
Raphael Batista
Raphael Batista
Publicações: 7.024
Jogando agora: Dragon Age: The Veilguard | LEGO Horizon Adventures
Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.