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Far Cry 6: vale a pena?

Novo título da Ubisoft entrega o que há de melhor na história da franquia e brilha no PlayStation 5

por Thiago Barros
Far Cry 6: vale a pena?

Regra 01. Far Cry sempre será um mundo aberto ousado, cheio de possibilidades, com ambientação incrível e horas e mais horas de jogo. Far Cry 6 não é exceção. Pelo contrário. Pode-se dizer que é “a experiência definitiva da franquia” até agora. Com ele, a Ubisoft parece ter atingido o ápice da saga. Em storytelling, jogabilidade, gráficos…

Tem de tudo em Far Cry 6. Um vilão cativante, uma história cheia de reviravoltas e personagens marcantes, exploração com direito a um enorme número de animais, armas e veículos, uma infinidade de missões, trilha sonora inspiradíssima, cenários estonteantes, localização para o português, o retorno do coop… E a promessa de que ainda vem mais coisa por aí!

Dá para citar que a temática é meio batida (quantos jogos/filmes/séries você viu falando de “resistência” nos últimos meses/anos?), que ele ainda tem alguns bugs (como de costume), que as legendas têm alguns momentos “esquisitos” em espanhol, que poderia haver maior variação de dificuldades… Mas, no fim das contas, isso são apenas detalhes.

Sem dúvidas, Far Cry 6 merece a sua atenção. Se você espera algo super diferente, esqueça. Agora, se quer “o mesmo Far Cry de sempre”, só que “tunado” na nova geração, é exatamente o que te espera.

O canto da sereia

Em Far Cry 6, tudo gira em torno de Yara. Não, não é a Iara, sereia do nosso folclore, mas sim a fictícia ilha de Yara – que não tem nada a ver com Cuba, não, tá gente? Tudo coisa da mente de vocês! Mas, traçando um paralelo com a personagem brasileira, é como se essa ilha tivesse aquele canto doce, que te atrai para cada vez mais fundo dela.

Far Cry 6 chegou! (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Far Cry 6 chegou! (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

A começar pela história. Sim, o papo de resistência está meio chato, mas ter Giancarlo Esposito como vilão de um game já faz com que os jogadores vejam tudo com outros olhos (apesar de ele mesmo também estar bem batidinho recentemente). E, quando você começar a ver mais do que rola, da relação dele com o filho, os outros personagens… Certamente vai se encantar.

Especialmente porque, como já estamos acostumados na saga, o cara mau nunca é apenas um maluco fazendo o mal por fazer. O general Antón Castillo é filho de um homem que governou a ilha, assumiu o seu lugar e agora prepara a próxima geração para fazer o mesmo, ao treinar duramente seu filho Diego e ao apostar numa substância milagrosa para cura do câncer como a redenção que o país precisa.

O Viviro é o motivo principal da resistência dos guerrilheiros. Ele é extraído do tabaco de Yara em campos espalhados por toda a ilha. A grande questão é que as pessoas são forçadas a trabalhar lá, escravizadas. Normalmente, as mais pobres. A ideia do ditador é “investir” nisso para produzir o máximo de substância possível, para exportar e enriquecer.

Castillo e Diego brilham em Far Cry 6 (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Castillo e Diego brilham em Far Cry 6 (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

E o seu propósito básico é o mesmo de sempre da série: reunir forçar para derrotar um vilão. Mas algumas coisas são diferentes em Far Cry 6. Começando pelo fato de, pela primeira vez na história da saga, Dani Rojas, protagonista do título, ter um rosto. Ser uma pessoa de fato – que você pode até escolher se quer que seja homem ou mulher.

As relações de Dani com os seus coadjuvantes vão moldando não só o enredo como também a jogabilidade. Você vai desbloqueando as possibilidades enquanto entende mais do que acontece na ilha – que é dividida em grandes territórios: Santuário, El Este, Madrugada, Valle de Oro e Esperanza, a capital.

Locais com suas características próprias e que valorizam o trabalho de ambientação feito pela Ubisoft em Far Cry 6. Montanhas, praias, florestas, clima dinâmico (tanto nas horas do dia como em termos de sol/chuva), detalhes de armas e veículos, personagens… Tudo tem aquele toque de qualidade comum da série potencializado pelo hardware do PlayStation 5 – como acontece também nos carregamentos.

Visual de Far Cry 6 é impressionante (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Visual de Far Cry 6 é impressionante (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Quem nunca se irritou com as telas de loading eternas nos Far Cry do PlayStation 4 e do PlayStation 3? Isso não acontece nessa geração. As telas ainda estão lá, mas agora são extremamente rápidas. Outro ponto bacana do PS5 no jogo é a questão das dicas e atividades, que está bem completinha. Por outro lado, o DualSense, tirando a questão do manejo das armas, não tem lá grandes destaques.

Senta que lá vem tiroteio (ou stealth)

Cada região, como também já é tradicional em Far Cry, é “controlada” por um “sub-vilão”. Um tenente de Antón Castillo. E aqui entra uma diferença fundamental de Far Cry 6. Se ele tem seus homens-fortes em cada área, você também pode encontrar aliados “de peso” para ajudá-lo a libertar os locais.

Far Cry 6 tem uma infinidade de missões (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Far Cry 6 tem uma infinidade de missões (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Além de seus principais parceiros, Clara Garcia e Juan Cortez, você ainda encontrará uma série de outras pessoas dispostas a fazerem tudo o que for preciso para que a Libertad – grupo guerrilheiro do qual Dani faz parte – consiga enfrentar Castillo de igual para igual e, assim, faça Yara ser livre novamente.

Mas para isso, meu amigo, você vai precisar suar muito. Os arcos de cada um dos vilões são bem longos e, se você gosta de explorar e realmente fazer tudo o que o jogo tem a oferecer, terá bastante trabalho. Até para os padrões estabelecidos anteriormente na série. É, claramente, o maior Far Cry já feito.

Maior e mais ousado. Cheio de possibilidades. Valorizando tanto tiroteios quanto stealth, com missões de variados tipos – infiltrar-se e roubar itens, queimar fazendas de viviro, caçar animais, derrotar inimigos no meio do mapa. Usando tanques, barcos, aviões, cavalos, motos. Atirando com armas normais e umas bugingangas doidas que você vai se amarrar.

Sua missão é derrubar o ditador yarense (Foto: Reproduçãoo/Thiago Barros)
Sua missão é derrubar o ditador yarense (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

E ainda tem o aspecto da personalização, tanto visual quanto de equipamentos e armas. As roupas que Dani usa dão boosts em diversas habilidades para explorar/combater. O aspecto “RPG” de Far Cry está mais forte do que nunca. Afinal, também é possível coletar vários itens para montar acessórios e armas, comprar coisas na loja e por aí vai.

Sem falar nos minigames – outro ponto bem tradicional de Far Cry que está de volta em Far Cry 6. Tem corrida, tem pesca, tem até rinha de galo. Mais do que isso, rinha de galo no estilo Mortal Kombat/Street Fighter! Só vendo para crer – e talvez, nem vendo… Obviamente, tudo isso faz você ir subindo de nível – até para ter condições de enfrentar os inimigos mais fortes.

É um gameplay extremamente divertido, e que fica ainda mais com a opção de coop. Sim, o multiplayer está de volta e faz com que tudo seja mais intenso e até engraçado nas quests. Pena que só há duas dificuldades possíveis: uma fácil, que é bem fácil, e outra normal, que está no padrão dos jogos de ação desse tipo.

Rinha de galo apenas (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Rinha de galo apenas (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Você pode gastar 40, 50, 60 horas tranquilamente. E isso é só o começo, porque o roadmap da Ubisoft para o título promete muito mais conteúdo, com atividades end-game nunca antes vistas na história da franquia e crossovers que prometem ser épicos. E tudo ao som de uma trilha sonora incrível e com localização completa para o português (apesar de umas legendas saírem em espanhol).

Far Cry 6: vale a pena?

Antón Castillo não chega a ser um Vaas Montenegro (ou chega?), mas Far Cry 6, sem dúvidas, é o jogo da série que mais chama a atenção desde sua “explosão” em Far Cry 3. A Ubisoft parece ter aprendido com os pontos fracos de Far Cry 5 (e evoluído os fortes) para entregar aquilo que se pode chamar de “a experiência definitiva” da franquia.

Far Cry 6 tem mais elementos de RPG (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Far Cry 6 tem mais elementos de RPG (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Três anos e uma geração de consoles depois do seu antecessor, o novo título leva tudo o que conhecemos de FC a um novo nível: mundo aberto, caça, veículos, armas, personalização, tiroteios, stealth… Tudo isso com o potencial gráfico e o carregamento rápido do PS5. Sem falar em uma história interessante, apesar de simples, e em personagens que voltam a ser marcantes.

Os ensinamentos de Juan, a intensa relação pai-filho de Antón e Diego, a primeira protagonista a “ter uma cara” na saga…  Diálogos que intrigam, missões que motivam a continuar explorando, uma variedade de possibilidades seja de como abordar um objetivo seja para as suas armas e equipamentos. E ainda com um roadmap de bastante conteúdo pós-lançamento.

Expansões de Far Cry 6 prometem! (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Expansões de Far Cry 6 prometem! (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

É claro que R$ 279,90 não é um preço baixo, mas Far Cry 6 vai te oferecer muita coisa para fazer. Se é o seu estilo, se você curtiu o que a franquia já proporcionou até agora, não tem como deixar passar. Mesmo que aguarde uma promoção. Yara te espera – e conta com você para alcançar sua sonhada liberdade.

Regra 02. Far Cry sempre (ou quase sempre) vale a pena.

Veredito

Far Cry 6
Far Cry 6

Sistema: PlayStation 4 | PlayStation 5

Desenvolvedor: Ubisoft

Jogadores: 1-2

Comprar com Desconto
90 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Gráficos deslumbrantes
  • Variedade de armas e equipamentos
  • Gameplay cheio de possibilidades
  • Personagens carismáticos
  • Quantidade de conteúdo é enorme (e ainda vem mais!)
  • Volta do modo coop
  • Trilha sonora incrível
Desvantagens
  • Os tradicionais bugs que você já conhece
  • Pequenos problemas nas legendas
  • Apenas duas opções de dificuldade
  • Temática pode ser um pouco "batida"
  • DualSense não tem grandes possibilidades
  • Quantidade de conteúdo pode ser grande demais
Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Silent Hill 2
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.