Fallout 4: Vale a pena?
A guerra… A guerra nunca muda! Esse é o primeiro ensinamento de Fallout 4 logo na introdução. O título desenvolvido pela Bethesda há pelo menos 4 anos foi uma das maiores surpresas na E3 2015, principalmente por ter sido planejado ainda para 2015.
Fallout 4 foi lançado no dia 10 de novembro e já vendeu milhões de cópias no mundo todo arrecadando uma receita bilionária em pouquíssimos dias. Além disso, a edição de colecionador que conta com uma réplica perfeita e funcional do Pip-Boy se esgotou em poucos dias após o anúncio.
A franquia Fallout é uma das principais da produtora e conta com uma legião de fãs apaixonados e que muito esperavam pelo lançamento mais recente. O jogo já faz parte da lista de indicados ao título de “Melhor Jogo do Ano” (Game of The Year), premiação que acontece em dezembro no The Game Awards.
Jogamos essa fabulosa obra de arte e trouxemos uma análise completa do que ela oferece e se realmente vale o investimento. Para aqueles que procuram conhecer e saber sobre o jogo sem sofrer spoilers vieram ao lugar certo. Confira!
Enredo
Boston, 2077, esse é o primeiro cenário de Fallout 4. Após utilizar a energia nuclear para avanços tecnológicos, o mundo se torna diferente do que você imaginaria: esse recurso foi concentrado para desenvolver luxos como robôs domésticos, computadores, carros e tecnologia.
Após uma introdução com uma narrativa envolvente, nosso personagem aparece frente a um espelho: ali podemos escolher como ele vai ser desde o sexo (homem e mulher) até a aparência e porte físico. A quantidade de detalhes que podemos inserir em nosso personagem é requintada: o tamanho e formato das partes do rosto, inserir marcas, cicatrizes, cores, etc.
Ao finalizar a personalização, notamos que estamos em casa com nosso cônjuge, filho (ainda um bebê) e o robô doméstico.
Essa alegria do ambiente familiar não dura muito tempo, pois logo recebemos uma notícia pela TV que detonações nucleares, próximas ao nosso local estão ocorrendo. Nesse momento, deixamos nosso lar para trás, levando conosco somente os familiares e corremos para o abrigo 111, onde teoricamente, estaríamos seguros.
Infelizmente as coisas não acontecem como planejado e despertamos, cerca de 210 anos depois, em um universo pós-apocalíptico, sozinhos sem saber pra onde ir; nesse momento nossa jornada realmente começa.
Além do nosso objetivo principal, Fallout 4 leva-nos a envolver em causas para ajudar outras pessoas e até outros assentamentos inteiros. No decorrer das nossas andanças, encontramos muitos inimigos, criaturas horrendas e letais, mas também boas pessoas e um leal companheiro, que estará conosco durante toda nossa jornada. Mas, o maior inimigo que enfrentaremos é a radiação: ela está por toda parte!
Neste momento, se faz necessário lutar pelo que queremos e para tentar entender tudo o que perdemos no longo sono de 210 anos, mergulhando cada vez mais no imenso mundo que há para explorar no jogo.
Visual
Inicialmente vemos algo bem curioso que é o casamento de um visual vintage, de coisas antigas e características dos anos 50-60 associadas à recursos avançados como robôs, armaduras de combate, cápsulas de criogenia. Interessante que a Bethesda conseguiu casar muito bem as duas “épocas” e rapidamente conseguimos nos acostumar a tudo ao nosso redor.
A quantidade de detalhes em tudo como a imagem na TV, as expressões do cônjuge e do bebê, a mesa do café da manhã e dos utensílios são de impressionar. Uma grande quantidade de itens que passam a impressão de realmente estarmos vivendo tudo aquilo.
O que se deixa a desejar realmente é o visual. Após alguns títulos riquíssimos em gráficos e próximos da realidade,fazem com que as paisagens, expressões e a modelagem dos personagens de Fallout 4 não impressionem muito. Nesse quesito não foi possível ver um grande salto para a nova geração.
Em alguns momentos, principalmente durante os salvamentos automáticos, pequenos travamentos ocorrem sem comprometer a jogabilidade ou mesmo corromper os dados. Também notamos leves quedas de frame-rate nos locais com mais detalhes ou mais luz.
Fora isso, é possível explorar e encontrar os itens sem dificuldade e sem levar desvantagem nas batalhas, sejam com humanos ou mesmo baratas ou vespas do tamanho de um cachorro.
Audio e trilha sonora
Como todos sabem, Fallout 4 não recebeu dublagem em PT-BR, mas ele está completamente legendado no idioma. Com pequenos deslizes de alguns momentos em que a legenda não aparece, ela é muito boa e contribui significativamente para o compreender do enredo.
Pode-se notar que os detalhes de áudio como o correr das águas, pássaros, passos e conversas de invasores que auxiliam na sua localização, juntamente com aquela trilha sonora ao fundo acompanhando os diferentes momentos do gameplay (ação, construção, exploração, suspense, etc.)
Além disso, a medida que descobrimos as cidades, obtemos as frequências de rádios para ouvir músicas diretamente do nosso Pip-Boy!
A trilha sonora acompanha o estilo dos anos 50-60, além disso a maior parte das músicas da principal estação de rádio tem como tema explosões, desastres, mas também sobre esperança!
Jogabilidade
Muito além de um clássico RPG
Afinal, Fallout 4 é um RPG ou um FPS? Na verdade, os dois. Com certeza os que ainda não jogaram devem se perguntar se isso funciona: garantimos que sim. Até aqueles que não gostam muito dos tradicionais RPGs podem se impressionar e gostar de Fallout 4.
A câmera pode ser alternada entre primeira e terceira pessoa. Em primeira pessoa tudo fica mais fácil nas batalhas com inimigos e criaturas, pois não é muito simples atirar em terceira pessoa. Para explorar ou mesmo utilizar armas brancas de ataque corpo a corpo (como facas, bastões, rolos de macarrão) a visão completa do personagem facilita.
Como todo bom RPG, é preciso ter o instinto de explorador. Tudo, absolutamente TUDO o que encontramos serve para alguma coisa. Máquinas de escrever podem ser desmontadas gerando aço, engrenagens que serão úteis no momento em que você precisar evoluir suas armas. Até mesmo a água suja pode ser purificada e ser utilizada na criação de um remédio ou na revitalização de seu vital durante uma batalha fervorosa. O lema é: explorar, e não deixar nada para trás.
A facilidade no seu braço esquerdo
Um dos itens mais importantes de Fallout 4 é o Pip-Boy que encontramos antes de sair do refúgio 111. É esse dispositivo que utilizaremos para acessar praticamente tudo em Fallout 4: nele temos acesso ao nosso inventário, os dados das missões, nossas habilidades, mapa e claro estações de rádio para curtir aquela música!
Algo bem legal desenvolvido pela Bethesda foi o aplicativo do Pip-Boy para smartphones e tablets, que pode ser baixado na respectiva loja do seu gadget gratuitamente. A conexão com seu PlayStation 4 é configurada de forma bem simples, seguindo os passos indicados no software.
Em uma edição de colecionador, que se esgotou no mesmo dia do anúncio, acompanhava uma versão funcional do Pip-Boy, que pode ser utilizado no braço mesmo, um verdadeiro luxo e para poucos!
Desperte o espírito criativo que há em você
O que fazer com todas aqueles amontoados de objetos que coletamos nas nossas aventuras? Construir! Em Fallout 4 somos capazes de “aprender” a fazer tudo, desde alimentos para recuperar o vital à construir os mais seguros e “modernos” acampamentos.
O jogo nos dá muita liberdade, principalmente para criar ou mesmo modificar itens. Há infinitas possibilidades para uma arma como, por exemplo, transformar uma simples pistola em um rifle de precisão.
Uma sábia decisão é concentrar os recursos em um local estratégico para facilitar nos momentos em que se faz necessário um upgrade, um reparo na armadura ou algo para recuperar o life. A criação de itens são momentos que exigirão muito do tempo do jogador, pois os recursos mais preciosos geralmente são escassos, e é necessário utilizá-los com sabedoria!
Há variadas combinações e possibilidades no modo construtor de Fallout 4, desde modelos prontos e sugeridos a uma variedade de itens como estruturas, mobílias e até mesmo itens de decoração. Tudo para o lar doce lar!
S.P.E.C.I.A.L.
S.P.E.C.I.A.L. são todas as habilidades ou vantagens que o personagem de Fallout 4 pode ter. Strenght (Força), Perception (Percepção), Endurance (Resistência), Charism (Carisma), Intelligence (Inteligência), Agility (Agilidade) e Luck (Sorte) definem a personalidade do protagonista.
Ao iniciarmos o jogo, um representante da Vault-Tec nos visita para oferecer os serviços da empresa e é nesse momento que distribuímos 20 pontos disponíveis entre as habilidades. É importante pensar bem, e analisar nosso perfil como jogador ao escolher suas habilidades pois elas interferem em todos os momentos durante a jornada.
Há ainda 70 variações do S.P.E.C.I.A.L., as chamadas vantagens, que podem ser adquiridas com pontos que recebemos cada vez que subimos de nível ao acumular XP.
As skills variam de armas que dão mais dano à habilidades de arrombamento para conseguir abrir fechaduras mais complexas, hackear terminais de nível avançado, armas que dão mais dano em combate ou mesmo uma melhora significativa no seu poder de persuasão.
Um companheiro sempre vai bem
Sabe a história de que sozinho vai mais rápido, mas junto se vai mais longe? Em Fallout 4 ter sempre alguém conosco é praticamente vital!
Dogmeat é o primeiro companheiro que encontramos e, desde o início, ganhamos sua lealdade e amizade. O carismático cão nos ajuda nas batalhas contra as criaturas e mesmo inimigos armados, sempre obedecendo nossos comandos e nos ajudando a encontrar itens que passam desapercebidos ao nossos olhos.
Diferente de Fallout 3, Dogmeat não pode ser morto, mas saber disso não alivia nossa preocupação ao vê-lo sendo atacado ou mesmo caído. É muito interessante a relação que construímos com o animal.
Além do melhor amigo Dogmeat, a medida que avançamos na história outros aliados podem ser recrutados para nos acompanhar e nos ajudar nos momentos em que as batalhas e tiroteios ficam intensos.
Além disso, um acompanhante é bem útil quando se fica sobrecarregado de peso ao coletar os itens que encontramos. Eles podem ajudar nisso: basta passar as coisas que não utilizaremos durante a missão para que eles carreguem.
Bugs e problemas
Apesar de sua beleza, da extensão do mapa e a quantidade de conteúdo que Fallout 4 oferece, durante o jogo não apagam alguns problemas que poderão ser encontrados no decorrer da aventura.
Momentos com chuva ou com maior riqueza de detalhes em determinados cenários causam quedas de frame-rate as vezes leves e outras um pouco mais bruscas. Esses problemas podem atrapalhar se ocorrerem em momentos de combates.
Outro pequeno problema são as legendas que, em poucos momentos não aparecem nos diálogos, deixando-nos um pouco confusos com relação ao contexto.
Podem ser encontrados também alguns bugs de movimentação principalmente quando recrutamos algum aliado e ele, por algum momento, se recusa a sair da nossa frente travando o personagem em algum lugar.
Considerações Finais
Fallout 4 pode não ser o jogo que impressiona pelo visual, mas sim pelo incalculável conteúdo disponível e pela simpatia e liberdade que o jogo oferece. O envolvimento e os laços que criamos com os personagens e suas histórias realmente são inexplicáveis e surpreendentes.
A diversidade das missões não permitem que o jogo fique monótono e até mesmo andar sem rumo e descobrir novos locais e desafios dá a sensação de realmente vivermos em Boston após uma guerra nuclear.
O título da Bethesda cumpre muito bem ao que se propõe e capricha quando o assunto é diversão, variedade, liberdade, emoção e muito conteúdo de qualidade que não são apagados pelos problemas que aparecem ou mesmo por não possuir o mais deslumbrante gráfico.
O belíssimo jogo vai muito além de uma simples história de sobrevivência em um mundo devastado, e talvez seja esse o maior acerto da franquia: o cuidado e “carinho” em desenvolver um enredo que proporcione tal envolvimento.
Para os apaixonados por uma excelente história a ser contada com boas doses de surpresas, humor e personalidade aliadas ao imenso “mundo” a ser descoberto e todas as possibilidades que se tem às mãos, Fallout 4 não é obrigatório de ser jogado, e sim vivenciado!