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Dying Light 2: Stay Human: vale a pena?

Um jogo bom e divertido, mas que peca no desempenho técnico

por Raphael Batista
Dying Light 2: Stay Human: vale a pena?

Qual é a justificativa para uma sequência? Apenas a continuidade da história ou a necessidade de novas mecânicas? A expansão do universo construído ou a possibilidade de transformar a marca em algo a mais? Dying Light 2: Stay Human aposta em todas essas áreas, mas no geral, parece mais uma expansão do que um novo jogo.

Com tantos lançamentos promissores para o ano — inclusive, para o mês de fevereiro — é uma missão difícil se destacar. Dying Light 2 é um bom jogo, mas não necessariamente pode se tornar uma prioridade na coleção dos jogadores.

Nessa tentativa de “manter-se humano” e relevante na indústria de jogos, o título da Techland oferece uma experiência mista com bons acertos e muitos erros.

Um mundo, um homem

A história de Dying Light 2: Stay Human foca na vida do protagonista. Ao contrário do primeiro título em que o objetivo era “o bem maior da humanidade”, a sequência assume as desgraças ocorridas no mundo e, agora, o único interesse da população é sobreviver a todo custo. Nesse mundo violento, desolado e sem esperança, o herói Aiden só tem uma missão: encontrar sua irmã desaparecida.

Aiden é um peregrino, um termo dado às pessoas que fazem trabalhos por dinheiro a fim de sobreviver e não se aliam a nenhuma causa. Ele está disposto a viajar quilômetros em busca de sua parente e, para isso, ele chega à região de Villedor, onde a EGS dominou por tempos e fez testes em crianças em busca da vacina para a praga que assola o mundo. O game se desenrola nessa cidade, na qual Aiden descobre a verdade e confronta seus maiores medos.

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Aiden faz suas escolhas apenas para cumprir sua tarefa

Um acerto em Dying Light 2: Stay Human é a forma como narrativa acontece. O protagonista tem seu objetivo, mas ele pode se aliar às facções de Villedor para facilitar sua vida. Se unir aos Pacificadores, grupo militar devoto à ordem e hierarquia, eliminará possibilidades com os Sobreviventes, civis de um ajuntamento que valorizam a individualidade. Contudo, nenhum é melhor que o outro.

Em um mundo onde os humanos desejam apenas sobreviver, não há lado certo ou errado. A narrativa destaca isso a cada novo personagem introduzido, a cada arco concluído, a cada descoberta. Por isso, as escolhas do jogador — tanto no enredo principal quanto nas questões secundárias — trazem consequências reais para Aiden. Os Pacificadores darão recursos de combate, os Sobreviventes darão ferramentas de parkour. Aliar-se a um soldado abrirá portas no subterrâneo, mas ajudar um criminoso abrirá pontos de segurança.

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As consequências dependem das decisões do jogador

Um playground pós-apocalíptico

Dying Light 2: Stay Human acerta novamente no parkour, assim como seu antecessor, mas expande com novos recursos e movimentações ainda mais precisas. Parece que rodar a 60 FPS é algo obrigatório para a experiência — falaremos mais disso para frente — mas a dinâmica é ótima em razão da interação com as paredes, cordas, outdoors e demais itens do cenário. Basicamente, tudo é escalável e não há obstáculos para Aiden.

Um ponto muito legal no jogo é a possibilidade de lidar com os desafios de modo criativo. Em certos momentos, o game indica o caminho “correto” para seguir, mas o jogador pode utilizar uma corda em vez de subir pelas paredes ou ativar o paraquedas até chegar ao ponto desejado. Assim como a narrativa, o gameplay não segue a fórmula do “certo ou errado”, a liberdade é peça fundamental na experiência.

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Pule, pendure-se, agarre-se, tudo é muito livre para o jogador

O mesmo acontece com o combate. As armas corporais são mescladas com o parkour e existem muitas possibilidades de personalização. É possível aplicar modificadores às armas, como poderes elétricos ou de fogo, além de realizar manobras com o cenário para atingir os alvos. Assim como o jogo anterior, Dying Light 2 conta com uma vasta árvore de habilidades — tanto para a exploração quanto para o combate — e cada uma delas adiciona variedades únicas à jogabilidade.

Como um jogo de mundo aberto, as atividades tornam-se repetitivas após um período, mas o sentimento é completamente amenizado em razão da liberdade e da diversão de exploração. Fazer corridas de tempo sempre são inusitadas porque os cenários são variados e os jogadores podem construir percursos únicos.

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Villedor é um grande parque de diversões acrobáticos

Diferenças do primeiro jogo

A interface do usuário de Dying Light 2: Stay Human é significantemente melhor que o antecessor, tornando-se mais intuitivo para a escolha de armas e equipamentos. Além disso, a Techland adicionou a possibilidade de modificadores de armas que dão um nível a mais de estratégia no combate.

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Há uma boa variedade criativa dos visuais das armas — embora elas sejam basicamente possuam o mesmo set move

Enquanto a desenvolvedora abusou da criatividade na criação de armas, isso faltou nos demais elementos do jogo. Os inimigos são extremamente repetitivos e os NPCs possuem expressões quase idênticas. Chega a ser cômico conhecer um rosto do lado dos Sobreviventes e, pouco tempo depois, encontrar “a mesma cara” do lado dos Pacificadores.

Claro que o DualSense é uma diferença natural em razão do hardware mais avançado. Contudo, o caso é peculiar. Muitos jogos foram criticados pela falta de uso do controle do PS5, mas em Dying Light 2, a utilização dos gatilhos adaptáveis é até exagerada e não serve o propósito de imersão. Toda arma tem a mesma resistência e até dar zoom no menu do mapa deixa o R2 mais resistente.

Outra diferença trata-se da exploração à noite. No primeiro jogo era quase impossível realizar missões noturnas pela dificuldade. Agora, em Dying Light 2, o jogo encoraja esse gameplay arriscado com recompensas melhores. As criaturas são mais difíceis e vorazes, mas há um equilíbrio muito bom entre os obstáculos e os prêmios para os corajosos.

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As perseguições noturnas são cheias de adrenalina, mas com recompensas muito boas

Um jogo next-gen?

Dois grandes defeitos de Dying Light 2: Stay Human são seu visual e até mesmo o desempenho na nova geração. É necessário dividir essa questão em dois tópicos: a performance técnica e as opções de modo de jogo. Em primeiro lugar, o game está cheio de bugs. Desde objetos flutuantes pelo cenário até crashes que quebram o game. Durante o período de análise, a Techland lançou três atualizações focadas em correções e, mesmo assim, há muitos probleminhas.

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É comum ver objetos voando e cenários quebrados no game

Os bugs não estragam a experiência ou fazem o jogador perder o progresso, mas existem erros que incomodam: legendas que somem, personagens com visuais defeituosos, comandos que não respondem imediatamente. O fato desses defeitos repetirem o tempo todo causa ao jogador um estresse desnecessário.

Ainda há uma situação irritante: os cenários extremamente escuros que o brilho da TV não consegue iluminar. Caso sua sala ou quarto tenha uma boa iluminação, é recomendado apagar as luzes ou fechar as janelas durante as cutscenes.

Agora, tratando especificamente sobre as opções de modo de jogo, Dying Light 2 mostra uma grande limitação. Os jogadores podem escolher entre o Modo Resolução (gráficos 4K), Modo Qualidade (com opção ray-tracing) e Performance (com 60 FPS). Infelizmente, para se ter uma experiência minimamente jogável e/ou divertida, é necessário deixar fixo no modo Performance.

No título da Techland, várias coisas acontecem ao mesmo tempo (combate contra inimigos, movimentos acrobáticos no cenário, etc), portanto, é necessária uma boa resposta do videogame. As opções Resolução e Qualidade deixam o game em 30 FPS e a aventura fica travada e pouco fluida. Além disso, os visuais não recebem uma melhoria tão significativa assim porque os gráficos ficam abaixo do padrão next-gen. Por isso, o modo Desempenho torna-se a única opção — mais por obrigação do que por decisão.

Dying Light 2: Stay Human: vale a pena?

Dying Light 2: Stay Human é um bom jogo, mas traz uma sensação de ser uma expansão do que uma sequência. A boa história e a narrativa que apresenta dilemas constantes são capazes de entreter o jogador ao lado do gameplay divertido, mas o desempenho técnico e sua superficialidade não tornam a experiência obrigatória. Além disso, jogar o primeiro game com o update para o PS5 já dará uma ótima (se não inteira) prévia do que é Dying Light 2.

Para os curiosos: dá para concluir a campanha com 20h tranquilamente. Para a análise, completamos a história principal com 30h mesclando atividades secundárias, missões de exploração e obtendo os troféus de colecionáveis. Até o momento, o progresso para a platina está em 67% com mais de 40h.

Em um mês com lançamentos bombásticos, como Elden Ring e Horizon Forbidden West, é difícil colocar o título na lista de prioridades. Não se trata de um game de baixa qualidade, mas sim, de um produto que poderia ser melhor do que foi apresentado até então.

Veredito

Dying Light 2: Stay Human
Dying Light 2: Stay Human

Sistema: PlayStation 4 | PlayStation 5

Desenvolvedor: Techland

Jogadores: 1-4

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75 Ranking geral de 100
Vantagens
  • História com escolhas difíceis
  • Parkour divertido
  • Novas opções de combate
Desvantagens
  • Pouca inovação em comparação ao primeiro
  • Muitos problemas técnicos
  • Limitação quanto às configurações de jogo
Raphael Batista
Raphael Batista
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Jogando agora: Dragon Age: The Veilguard | LEGO Horizon Adventures
Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.