Destiny: Vale a pena?
Eu aposto que você, ao começar a ler esse review (e muito obrigado por isso, querido leitor!), já o fez com uma opinião pré estabelecida sobre o Destiny, seja por ter lido outros reviews, assistido a gameplays ou simplesmente testemunhado o buzz negativo que se formou em volta do título. A pergunta é: Destiny: Vale a pena? Confira nossa análise!
Primeiramente, as críticas em relação ao Destiny estão quase todas apuradas, mas nós vamos chegar lá. O meu ponto aqui é dar minha opinião sobre o jogo baseado na minha experiência que, apesar de também ter reconhecido os problemas desse novo gigante dos videogames, foi bem mais satisfatória do que a da maioria. Então caso sua vontade de jogar Destiny tenha sobrevivido ao massacre das críticas sobre o jogo, você está no lugar certo!
Lançado em 09 de setembro de 2014 para PlayStation 4, PlayStation 3, Xbox One e Xbox 360, Destiny é o novo e ambicioso projeto da Bungie, a consagrada desenvolvedora que deu vida à série Halo, um dos nomes mais fortes do Xbox 360 em sua exclusividade, em parceria e distribuição com a Activision, também responsável por aquela franquia “pequena” que é Call of Duty.
Jogabilidade e mecânicas
Destiny trata-se de um FPS com mecânicas leves e precisas, bem nos moldes do Call of Duty e Halo (diferente, por exemplo, da precisão pesada e carrancuda de Battlefield). Em Destiny, o jogador conta com uma movimentação rápida, fluída, com um ótimo feel das armas, elementos fortemente favorecidos pela constante taxa de quadros do jogo.
Ainda dentro da jogabilidade, o combate se intensifica pelo uso de habilidades de movimento, como pulos duplos, pequenos teletransportes e planar no ar, além das habilidades especiais que variam de classe para classe. Aqui, após carregar a barra de especial, você poderá fazer uso de habilidades como bombas que dão dano em área, tiros críticos, escudos em forma de bolha etc., tudo a depender da classe (e subclasse) escolhida.
Assim, sendo, faz-se necessário expor que o jogador pode escolher entre as três classes disponíveis, cada qual com duas subclasses: Titan, focado em dano, combate corpo a corpo e defesa, Caçador, focado em velocidade e danos críticos, e Arcano, um “mago espacial” que se utiliza de magias (ou seria ciência?) em combate. As subclasses, por sua vez, mantém as características especiais de cada classe, apresentando, porém, pequenas variações nas árvores de habilidade e ataques especiais.
Árvore de habilidades? Sim, você leu bem. Apesar de o core de Destiny ser de um FPS, o jogo flerta com elementos de RPG, e até mesmo de MMORPGs. Um MMOFPS, que tal? Conforme você derrota inimigos ou conclui missões, o jogo te recompensa com pontos de experiência, necessários para abrir novas habilidades e subir o nível de seus equipamentos.
E essa combinação, a princípio, é ótima. A sensação de obter novos equipamentos e habilidades, melhorá-los e imediatamente testá-los em combate é excelente. E assim como o nível de seu personagem (que faz melhorar seus atributos), você, a cada partida, melhora em relação ao uso de seu personagem, masterizando as habilidades novas e tornando seu Guardião mais e mais efetivo.
As habilidades, do personagem e jogador, serão colocadas a prova em missões via de regra lineares, cujos objetivos se resumem a ir de o ponto A ao ponto B, matando um sem número de inimigos menores no caminho para no final enfrentar um grande chefe. A fórmula, infelizmente, se repete demais, uma vez que todas as missões do jogo seguem esse mesmo rito.
A repetitividade do jogo pode ser facilmente mitigada se você estiver na companhia de alguns amigos e elevar a dificuldade das missões para que, juntos, seja necessário que se coordene estratégias melhores para concluir desafios mais difíceis, mérito que, convenhamos, não pode ser atribuído ao jogo, uma vez que na companhia de amigos, até atirar pedrinhas no lago pode ser extremamente divertido.
O jogo também oferece seus modos de competitivos, o PVP, onde jogadores se enfrentarão em objetivos de captura de pontos, mata-mata etc., exatamente nos moldes dos mais clássicos FPS. A despeito da necessidade de um ou outro balanceamento, o PVP é fluido, divertido e desafiador, e pode gerar várias horas de desafio para quem quiser se testar contra outros jogadores.
Outro tropeço de Destiny é a (tentativa de) implementação de elementos de MMO. No universo de Destiny, existe apenas uma cidade que ainda é habitada graças a proteção do Viajante que orbita sobre a Torre, centro de comando dos Guardiões. E é ali que você encontrará outros players, cumprindo tarefas, coletando contratos, comprando itens etc. Ocorre que, diferentemente de outros MMO, Destiny faz com que essa cidade seja “instanciada”, ou seja, os servidores criaram hubs onde um número aleatório e pequeno de players se encontram simultaneamente, o que retira toda a sensação de imensidão dos jogos do gênero. Ao explorar as áreas de combate, o jogador também se deparará com outros players fazendo suas missões, mas em um número manifestamente reduzido.
As interações entre os jogadores também ficam aquém do esperado em MMO. Não há opção de chat por texto, a comunicação por voz é limitada apenas para as parties e você não pode, em hipótese nenhuma, trocar ou vender seus itens para outros players. Em compensação, dançar é bem legal. Sempre dance!
Gráficos e som
Destiny é lindo. Indubitavelmente lindo em todo seu singular aspecto. Vamos começar com os menus. Todo menu de Destiny é simples, minimalista, de fácil acesso e entrega toda a informação que o jogador precisa. O seu navegador, que te permite escolher seus destinos de viagem, é algo que deve servir de inspiração para muitos jogos no futuro, seja na escolha da palheta de cores ou na disposição das opções de viagem e modos de jogo.
Graficamente, impecável. A recriação dos planetas nos mínimos detalhes, respeitando as características gerais destes em consonância com a mitologia que explica o desenvolvimento de planetas até então sem vida, prende o jogador durante toda a exploração dos cenários.
A modelagem dos personagens também não fica pra trás. Os Guardiões apresentam uma riqueza de detalhes ímpar em suas roupas e armaduras, e muita criatividade também foi empenhada na criação dos inimigos e NPCs, variados em suas raças, movimentações, comportamentos etc.
Toda essa beleza visual é acompanha de uma das mais belas trilhas compostas para um jogo de videogame. Ela é épica, clássica e pontual, alterando-se nos momentos de combate mais intensos para música eletrônica, o que imprime ritmo frenético e intenso. Os sons dos tiros, pulos, golpes e veículos é outro espetáculo a parte, sendo extremamente bem executados durante todo jogo. A pontualidade faz com que a imersão no universo do jogo seja completa, transmitindo a mesma sensação de enfrentamento do desconhecido que seu Guardião passa pela história. E quanto à história…
História
Não há como não ressaltar o quanto eu fiquei decepcionado com a história de Destiny, e muito disso se deve ao potencial que enxerguei em toda aquela construção de universo que a Bungie criou; toda a mitologia que circunda a história.
A trama de Destiny gira em torno da secular luta do Viajante, entidade misteriosa e sem gênero que vaga pelo Universo trazendo progresso aos sistemas solares pelos quais ela passa, contra a Treva, que busca consumir a luz do Guardião e destruí-lo. Em auxílio do Viajante, este conta com seus Fantasmas, seres criados a partir do próprio Viajante para guiar os guardiões na luta contra a Treva; o início do jogo cuida bem disso, sendo seu personagem revivido por seu Fantasma e guiado nessa luta.
E apesar de criar esse belo plano de fundo que mistura fantasia e ficção científica, nos melhores moldes de Star Wars e outros expoentes do gênero, Destiny falha miseravelmente em executar sua trama.
Isso porque, apesar de certos momentos de iniciais de clímax que o jogo oferece, ele não a desenvolve, entregando diálogos, missões e personagens genéricos. O gosto de desbravar toda a trama, coisa que o jogo faz o jogador acreditar existir, não é entregue pelas conclusões apresentadas na história, e o final se resume a um agradecimento, um tapinha nas costas, depois de enfrentar um chefe genérico ao final de uma missão genérica.
Os detalhes da trama, que poderiam ser muito bem explicados pela inserção de novos personagens e diálogos, não são feitos dessa maneira. Ao invés disso, a Bungie preferiu focar os detalhes através de informações contidas no site bungie.net e obtidas através dos feitos do jogador no desenrolar do jogo. No site, você encontrará fichas que descreverão os detalhes dos inimigos, planetas, mitologia, ciência etc. Basicamente, tudo de relevante nesse incrível universo não está no jogo.
E não me venham com o papo de Destiny ser um jogo com conteúdo programado para ainda mais 10 anos! Acho ótimo haver esse nível de empenho da desenvolvedora com a longevidade do jogo, mas injustificável que, sob esse argumento, eles não entreguem o mínimo necessário de um jogo que se vende como uno.
Conclusões
Destiny não é nenhuma dessas aberrações que alguns insistem em dizer por aí. Ele é um jogo sólido, com ótimos elementos, mas que se ofusca por simples falhas que a própria Bungie ousou cometer.
Jogar Destiny é como programar uma grande viagem para a praia em um dia chuvoso. A praia ainda está lá, com suas belezas e atrativos, mas o tempo inamistoso fere a completude do passeio, e as chances de se decepcionar, pela expectativa gerada, são muito grandes.