Clair Obscur: Expedition 33: vale a pena?
Um RPG ousado, com combate envolvente, escolhas narrativas corajosas e uma estética arrebatadora
Inspirado por gigantes como Final Fantasy VII, VIII, IX, X, Sekiro: Shadows Die Twice e até mesmo alguns deckbuilders, Clair Obscur: Expedition 33 parecia carregar um fardo pesado demais — especialmente vindo de um estúdio novato como a Sandfall Interactive. A expectativa era alta, mas a dúvida também: será que daria certo?
A resposta é um surpreendente sim. Expedition 33 não vive à sombra de ninguém. Ele encontra sua própria voz, sua identidade — e entrega uma experiência única, especial e memorável. No PS5, o jogo brilha com força própria.
Assista ao trailer abaixo e entenda por que essa nova IP está encantando os fãs de RPG.
A trama de Clair Obscur: Expedition 33 exala um charme fantasioso desde o início. Logo surge a grande pergunta: por que pessoas com 34 anos simplesmente desaparecem, transformando-se em pétalas vermelhas após o temido fenômeno conhecido como Gommage? Para tentar entender e impedir esse destino, uma nova expedição parte da misteriosa cidade de Lumière rumo ao desconhecido.

Nela, embarcam Gustave, a última esperança da humanidade aos 33 anos, e Maelle, uma jovem de apenas 16, cuja presença já carrega seus próprios mistérios. Juntos, eles enfrentam uma jornada que mistura beleza e desespero em doses intensas.
Importante destacar: a introdução do jogo passa por um leve downgrade gráfico em relação ao que vimos nos trailers. Mas não se engane — o gameplay entrega com sobras. A ambientação, o combate e o ritmo da aventura fazem a experiência valer cada segundo.
Gameplay de Clair Obscur: Expedition 33 é uma mistura de elementos, mas tem seu próprio brilho
Lembra quando você jogou Final Fantasy pela primeira vez? São lutas épicas, mas cada um tem que respeitar a sua vez. Um menu na parte de baixo ficaria “padrão demais”. Que tal pegar inspiração na Atlus, que recentemente trouxe Metaphor: ReFantazio e quase saiu do The Game Awards com o GOTY? Justo.
Não era o suficiente para os desenvolvedores franceses. Cadê o molho? Sea of Stars e os botões que fazem praticamente um Quick Time Event no meio da batalha? Ok, está ficando interessante. Para fechar a receita, os dois ingredientes principais: ritmo e aprendizado.
Ou você dança para lidar com os inimigos, ou eles te engolem. Se Clair Obscur: Expedition 33 te deu a opção de esquivar ou bloquear e contra-atacar, o gameplay prontamente te cobrará isso. Prontamente mesmo!
A evolução não chega a ser tão punitiva quanto Sekiro, mas sim, ou você demonstra que aprendeu e supera os monstros que dançam, cambaleiam, pregam peças, voam e até te desafiam para uma valsa de ataque e defesa, ou você não vai passar daquele ponto.
Mas, como diz o lema da Expedição: NÓS PERSISTIMOS. E, quando há sucesso, como é bom avançar na trama e entender tudo um pouco melhor!

Clair Obscur: Expedition 33 surpreende ao reinventar os tradicionais RPGs por turnos, trazendo um sistema de combate que mescla estratégia com ação em tempo real e uma execução visual de tirar o fôlego. A proposta vai além do convencional, entregando batalhas envolventes e um cuidado estético que salta aos olhos, tornando cada momento de gameplay tão belo quanto intenso.
Apesar da estrutura baseada em turnos, o combate exige atenção constante. A cada confronto, os jogadores precisam executar comandos no momento certo para atacar, defender, esquivar ou realizar contra-ataques com precisão. Essa abordagem ativa transforma cada embate em um desafio de leitura corporal dos inimigos, criando uma atmosfera intensa e imersiva.
Mesmo quem costuma evitar o ritmo mais cadenciado dos RPGs tradicionais pode se surpreender com a agilidade das batalhas. A interação direta com os comandos elimina a sensação de passividade, promovendo uma experiência tática, mas com foco na ação contínua. É um jogo que exige reflexos, planejamento e adaptação em tempo real.
A profundidade do combate cresce à medida que novos membros se unem à Expedição. Cada personagem introduz novas possibilidades e estilos de jogo, garantindo diversidade e mantendo o ritmo da campanha. Elementos como sinergia entre habilidades e efeitos elementais ampliam as possibilidades estratégicas e ajudam a evitar a repetição, comum em outros títulos do gênero.
Outro diferencial está na composição da equipe. O jogo permite selecionar três personagens ativos por vez, o que obriga o jogador a tomar decisões táticas importantes: quem assume a linha de frente e quem atua como suporte? Além disso, há a possibilidade de substituir os integrantes em campo caso todos sejam abatidos, o que funciona como uma segunda chance durante as lutas mais difíceis.
A construção dos personagens se apoia em atributos clássicos como força, agilidade, vitalidade e sorte. No entanto, eles não mexem com os protagonistas de forma tão fria e direta como em outros games.
A forma como esses atributos interagem com cada arma amplia a profundidade do sistema. Algumas armas escalam melhor com agilidade, outras com sorte. Isso incentiva testes, combinações e ajustes, valorizando a personalização da equipe.
Os efeitos elementais também têm papel relevante no combate. Fogo, gelo, eletricidade e outros elementos não apenas causam dano adicional, mas podem ser combinados para criar reações em cadeia. Essas interações geram combos poderosos que influenciam diretamente o rumo das lutas, incentivando o uso criativo das habilidades disponíveis.
Fora do campo de batalha, o jogo mantém um alto nível de qualidade. Os cenários, apesar de confusos em determinados momentos, estimulam a exploração e oferecem um mundo rico em detalhes.

Há uma estética melancólica e inspiradora que se alinha ao tom da narrativa, reforçada por uma trilha sonora sensível e atmosférica. E nessas entradas e saídas pelos mapas, que têm uma parte “aberta” para entrar nos cenários lineares e mais guiados, há muitos chefões poderosos — que te liberam bônus como armas, skins e outros.

A história se destaca ao apresentar um mundo ameaçado por um ciclo de destruição. A figura da Artífice, responsável por pintar um número a cada ano — e, com isso, selar o destino de um grupo inteiro — adiciona peso à missão da Expedição 33.
A proposta narrativa nos prepara para lutar contra os Nevrons, criaturas que estão nessa ilha misteriosa que precisa ser vencida pelos protagonistas. Entretanto, ao chegar lá, eles entendem que há muitas outras coisas impossibilitando que a humanidade viva tranquilamente — e os monstros são o menor dos problemas.
À medida que o jogador avança, a trama se aprofunda, revelando os dilemas morais e os conflitos emocionais enfrentados pelos personagens. A ameaça constante de aniquilação confere um senso de urgência às decisões tomadas ao longo da jornada, tornando a experiência mais envolvente e pessoal, mesmo sem recorrer a melodrama forçado.
As atuações dos dubladores são outro ponto alto. Os diálogos carregam emoção e autenticidade, revelando personalidades bem definidas. Como é um jogo francês, optamos por jogar em francês, e o desempenho de cada um deles foi digno de aplausos.

A conexão entre os membros da Expedição é perceptível, e isso contribui para a construção de um grupo coeso, que vai além de arquétipos comuns em RPGs do tipo.
A trilha sonora, composta com cuidado, acompanha cada virada da história e ajuda a intensificar momentos de tensão e alívio. Cada faixa parece composta para dialogar com os sentimentos transmitidos em cena, ampliando o impacto das batalhas e dos momentos mais introspectivos.

Diante de tantas qualidades, Clair Obscur: Expedition 33 não se resume a um RPG estiloso com boas ideias. É uma experiência pensada para desafiar e emocionar. Ao renovar as bases do gênero sem perder sua essência, o jogo se posiciona como uma das surpresas mais promissoras da temporada.
Para veteranos de RPGs táticos, o título oferece uma abordagem sofisticada, cheia de variedades. Já para quem costuma evitar o gênero, Expedition 33 pode servir como uma introdução acessível e estimulante. A combinação entre narrativa com decisões super ousadas, combate dinâmico e visual impactante cria uma experiência memorável.
Clair Obscur: Expedition 33 vale a pena?
Clair Obscur: Expedition 33 chega em 24 de abril com tudo para ser uma das surpresas mais marcantes do ano. Suas mecânicas refinadas, a ambientação de tirar o fôlego e uma narrativa fora do padrão fazem dele muito mais do que apenas “mais um RPG”: ele é uma experiência completa, ousada e cheia de personalidade.

O peso das inspirações era grande — mas o jogo não apenas carrega esse legado com honra, como também constrói algo totalmente seu. Seja no combate fluido, nas decisões narrativas corajosas ou na atmosfera arrebatadora, Expedition 33 brilha do seu próprio jeito.
Disponível por R$ 249,50 na PS Store, ele entrega tudo o que prometeu — e talvez um pouco mais. Ainda é cedo para cravar, mas o projeto tem potencial para disputar algumas estatuetas no The Game Awards.
Veredito

Clair Obscur: Expedition 33
Sistema: PlayStation 5
Desenvolvedor: Sandfall Interactive
Jogadores: 1
Comprar com DescontoVantagens
- Combate por turnos com ritmo acelerado
- Parry, esquiva e pulo bem integrados
- Personagens com histórias marcantes
- Narrativa que instiga o tempo todo
- Trilha sonora que dita o ritmo da ação
- Dublagem francesa excelente, com boa legenda em PT-BR
- Até o humor mantém a imersão da aventura
Desvantagens
- Exploração poderia ser melhor
- Pequeno downgrade visual
