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Armored Core VI: Fires of Rubicon: vale a pena?

Cheio de ação, com foco na agressividade e personalização do estilo de combate, game é a prova que a FromSoftware sabe fazer mais do que souls

por Raphael Batista
Armored Core VI: Fires of Rubicon: vale a pena?

Armored Core VI: Fires of Rubicon representa uma notável mudança em relação aos jogos mais recentes da FromSoftware. Após anos focados em desenvolver títulos soulslike, o estúdio ressuscitou a franquia de mechas, que não via um novo lançamento desde 2012.

Se você está mais familiarizado com os sucessos recentes da empresa, é importante deixar de lado as imagens imponentes de monstros, esquivas cronometradas, parries, entre outros elementos. Neste novo contexto, a abordagem é ousada e agressiva.

Do início ao fim, Armored Core VI parece ser uma declaração da FromSoftware ao público: “Somos capazes de criar algo completamente diferente“. Embora apresente alguns deslizes, esse projeto reforça a criatividade dessa talentosa equipe.

Chegou a hora, 612!

Armored Core VI: Fires of Rubicon narra a jornada do soldado 612, um mercenário operando um Armored Core (uma espécie de mecha de combate). Convocado pelo Treinador Walter para uma missão no planeta Rubicon, o protagonista começa sua empreitada como um simples mercenário, mas logo se envolve em algo muito maior.

A narrativa de Armored Core VI é direta e sem espaço para interpretações subjetivas. O enredo e a história se desenrolam de maneira clara conforme o jogador avança nas missões acessadas pelo menu principal. Antes de cada fase, o herói recebe um briefing com seus objetivos, o contratante e as possíveis consequências de suas ações, que podem abrir novas oportunidades ou romper contratos com diferentes agências, resultando em finais distintos.

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O planeta Rubicon é onde acontece a história de Armored Core VI.

Infelizmente, nosso herói é sem voz, não há NPCs marcantes e a história se desenrola por meio de diálogos entre eles. A trama se apoia em uma abordagem menos fantasiosa, focando mais nas escolhas que todos têm o direito de fazer.

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O soldado 612 é o personagem principal e a chave para mudar o rumo do planeta.

Mundo semi-aberto ou linear?

A estrutura de missões encaixou bem para a proposta do jogo que coloca o 612 em fases não conectadas. Ao fim de cada tarefa, há uma tela de “Missão Bem-Sucedida”, o jogador retorna para o Menu e escolhe novas Operações para realizar. Os objetivos de cada uma delas são parecidos, envolvendo a eliminação de alvos ou a interação com objetos específicos.

A grande vantagem é a variedade de abordagens que o jogador pode adotar de acordo com a personalização do Armored Core. Por exemplo, é possível concluir as operações rapidamente com um mecha altamente móvel e ágil. No entanto, é igualmente válido eliminar todos os inimigos para ganhar bônus em dinheiro, o que resultará em mais tempo de exploração. Devido à estrutura das fases, a experiência pode ser adaptada às preferências de cada jogador.

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As Operações dão detalhes dos objetivos e resumos da história.

Embora os objetivos sejam semelhantes, é importante destacar a variedade de cenários e ambientes. Os jogadores explorarão desde cidades em ruínas cercadas por areia até túneis enormes de instalações tecnológicas. Em nenhum momento, há sensação de fadiga ou repetição excessiva graças a essa diversidade.

O game oferece aproximadamente 40 missões e cobra, no mínimo, um investimento de 25h para conclusão da campanha. Ou seja, era alto o risco de uma sensação de repetição que foi evitada com maestria.

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Cada fase mostra cenários diferentes e com suas peculiaridades de exploração.

Armored Core VI não é soulslike!

Fires of Rubicon adota uma jogabilidade radicalmente diferente daquelas que tornaram a FromSoftware mundialmente famosa. Neste jogo, a verticalidade é enfatizada pela mobilidade dos mechas, com esquivas e propulsores que permitem movimentação rápida em todas as direções.

Os jogadores são incentivados a dominar todas as mecânicas. Embora seja possível jogar de forma mais simplificada, evitando algumas habilidades, enfrentar os desafios mais difíceis sem dominar completamente essas mecânicas pode ser bastante complicado. Em Armored Core, é necessário gerenciar uma série de comandos complexos, como atribuir equipamentos aos botões L1, L2, R1, R2, esquivar com o botão quadrado, ativar o Modo Boost com o botão círculo, usar o impulso a jato com R3 e acionar uma skill com o botão triângulo. Essa complexidade até confunde no início, mas com a prática e à medida que se avança pelas fases, os comandos se tornam mais naturais.

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O combate pode ser resumido em: agressividade.

Falando sobre os desafios, já mencionamos que o título coloca o jogador na posição do mais forte. Os inimigos comuns não oferecem perigo para 612, mas ao se deparar com os chefões, esteja preparado. As máquinas, além de amedrontadoras, exigem uma constante movimentação e o uso inteligente de armas em razão do cooldown e recarregamento. É necessário partir para cima enquanto combina os ataques corporais, armas cinéticas, explosivas ou energéticas.

Sobre os combates, é fundamental mencionar dois pontos. Primeiro, há o Sistema de Controle de Atitude, uma barra que enche a cada dano sofrido e, quando está cheia, deixa a máquina inimiga atordoada e vulnerável. Compreender essa mecânica é essencial para a vitória, pois é por meio dela que o jogador escolhe os equipamentos adequados para montar uma estratégia capaz de atordoar o alvo o mais rápido possível ou de se defender de maneira mais eficaz.

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A barra de SCA é um importante elemento estratégico do combate.

O segundo ponto é sobre a própria personalização. Ao fim de cada Operação, dá para comprar novas peças para o seu Armored Core que trazem atributos diferentes e permitem realizar combinações singulares. Um dos recursos mais legais é a possibilidade de testar novas formas de combate após o jogador morrer para um grande desafio. Antes de voltar ao combate, você pode modificar a armadura, equipamentos e habilidades para tentar uma nova abordagem – sem perder o progresso da fase ou algo do tipo.

E haja criatividade para customizar o mecha. Além de armas e componentes, há um sistema de criação visual que modifica inteiramente a máquina, fazendo com o que o jogador tenha um Armored Core único. Vale destacar ainda os conteúdos secundários divertidos que dão mais recompensas, como a Arena, simulações de combate contra outros mercenários que concedem melhorias; e o Ninho, modo multiplayer que tem salas com até cinco jogadores (infelizmente, as salas não estavam disponíveis durante o período de testes).

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O Armored Core pode ser inteiramente personalizado com novos equipamentos desbloqueados a cada Operação.

Alguns deslizes

Armored Core VI: Fires of Rubicon é uma demonstração de como a FromSoftware pode criar e investir em novas ideias. No entanto, algumas coisas excelentes da produtora não foram transferidas para esta experiência.

A ausência de uma trilha sonora marcante pesa um pouco. Há sons de combate e faixas durante a exploração, mas nenhuma memorável ou à altura dos títulos passados. Uma pena, pois existem chefões no game que poderiam ter uma apresentação mais marcante dessa forma.

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Alguns chefões não têm a “potência” do momento pela ausência de uma trilha sonora impactante.

Em seguida, surge uma complicação desnecessária na clareza visual, devido à sobrecarga de informações exibidas no heads-up display (HUD). A interface de combate apresenta uma quantidade excessiva de elementos que o jogador tende a ignorar facilmente. Além disso, durante a ação intensa com vários inimigos na fase, é perceptível que ocorre um diálogo que oferece detalhes importantes sobre a relação entre os personagens. Como é possível prestar atenção a esses detalhes diante da grande quantidade de atividade na tela? Isso se torna praticamente inviável.

Por último, há questões específicas relacionadas à câmera, especialmente ao ativar o recurso de Bloqueio Automático, que rastreia os inimigos. Em ambientes mais confinados, a velocidade do Armored Core não permite um posicionamento adequado da câmera para acompanhar o alvo com eficácia. Em um jogo em que cada movimento desempenha um papel crucial entre a vitória e a derrota, enfrentar essa limitação é bastante frustrante.

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Tem horas que é difícil distinguir o que está acontecendo na tela.

É importante mencionar que ocorreram algumas breves enroscadas em momentos pontuais do jogo. No entanto, de maneira geral, o jogo apresentou um desempenho notável no PS5, mantendo uma taxa constante de 60 quadros por segundo, sem quedas perceptíveis.

Armored Cored VI: Fires of Rubicon: vale a pena?

Este outro projeto da FromSoftware é uma demonstração notável da qualidade que define o estúdio. Eles não apenas dominam a criação de jogos no estilo souls, mas também demonstram sua capacidade de inovação, apresentando conceitos empolgantes. Isso resultou em uma experiência cativante e desafiadora que se destaca, especialmente devido à abordagem focada na personalização da jogabilidade.

Armored Core VI: Fires of Rubicon proporciona uma experiência com maior ênfase na ação e intensidade. Mesmo para aqueles que não são entusiastas do gênero, essa proposta pode ser apreciada devido à sua premissa ágil e impactante. Se você já é um admirador dos trabalhos anteriores da desenvolvedora, notará como elementos familiares são habilmente incorporados a esse contexto único e envolvente.

Veredito

Armored Core VI: Fires of Rubicon
Armored Core VI: Fires of Rubicon

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: FromSoftware

Jogadores: 1

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88 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Gameplay personalizável
  • História bem definida
  • Estrutura de fases
  • Conteúdos secundários divertidos
  • Fator replay
  • Desempenho técnico
Desvantagens
  • Ausência de trilha sonora marcante
  • Problemas pontuais com a câmera
Raphael Batista
Raphael Batista
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Jogando agora: Dragon Age: The Veilguard | LEGO Horizon Adventures
Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.