ARK: Survival Ascended: vale a pena?

ARK: Survival Ascended prometia ser a experiência gráfica definitiva dos lançamentos de ARK. O game foi aprimorado com a tecnologia da Unreal Engine 5, contando com texturas e paisagens muito mais realistas. No entanto, a versão final foi arranhada pela pata de um dinossauro, mesmo que ainda seja uma experiência divertida com os amigos, ampliada com o crossplay.

Em ARK: Survival Evolved, os jogadores despertam em uma ilha misteriosa sem memória, com o objetivo de sobreviver. Uma ferramenta implantada no pulso funciona como um dispositivo para acessar informações e verificar o progresso.

Além de enfrentar os perigos da ilha, repleta de ameaças selvagens, explorar permitirá que seu avatar se fortaleça o suficiente para domesticar dinossauros e enfrentar desafios mais complexos.

A proposta parece muito divertida, certo? Em teoria, sim, mas infelizmente, a Studio Wildcard não conseguiu cumprir grande parte das promessas nesta versão do jogo.

Sobreviva e evolua

ARK: Survival Ascended propõe um desafio de sobrevivência em um mundo habitado por dinossauros e outras criaturas, mantendo a essência do jogo original. Sua jornada se inicia com um personagem nu e desprovido de recursos, obrigado a coletar materiais para construir abrigos e ferramentas.

À medida que realiza essas ações, seu avatar adquire conhecimentos diversos em criação de equipamentos, elaboração de abrigos, receitas e, como resultado, avança de nível. Esse progresso permite aprimorar as vestimentas, tornando-o forte o suficiente para explorar territórios mais perigosos dentro da ilha.

A atração principal reside na fauna diversificada, que pode ser domesticada para auxiliar na locomoção e combate. Ao atribuir nomes aos companheiros silvestres, é possível contar com eles na luta contra outras ameaças espalhadas pela ilha.

Na versão Ascended, as texturas e os reflexos elevam as paisagens e os animais, predominantemente dinossauros, a uma aparência significativamente mais realista em comparação com o título original.

A dinâmica do ciclo dia e noite acrescenta complexidade, especialmente durante as noites, quando criaturas mais hostis emergem. Por essa razão, a construção de abrigos torna-se vital para proteger os recursos acumulados. Seu personagem experimenta sensações de fome, frio e calor, além de precisar se esconder das criaturas em determinados momentos; portanto, ter uma “casa” é essencial.

Ter um refúgio não significa que o jogo desencoraja a exploração de novos horizontes. A exploração é incentivada em ambientes diversos, cada um com seus próprios desafios. Essa dinâmica se intensifica em servidores onde o PvP está ativo, tornando cada setor das florestas ainda mais perigoso.

No entanto, a proposta de proporcionar uma experiência mais imersiva e visualmente aprimorada em ARK: Survival Ascended é prejudicada pelos problemas técnicos.

Um dos motivos é a presença de um fenômeno semelhante ao screen tearing. No entanto, aqui a culpa não recai sobre o monitor/televisor ou algo do tipo. O jogo está, de fato, apresentando comportamentos estranhos, e girar a câmera evidencia o problema instantaneamente.

O screen tearing é um fenômeno visual que ocorre durante a exibição de imagens em movimento em um monitor ou tela. Ele acontece quando a taxa de atualização da tela não está sincronizada com a taxa de quadros gerada pela placa gráfica. Isso pode resultar na divisão da imagem em duas ou mais partes, criando uma linha horizontal irregular que atravessa a tela.

A imagem fragmentada durante os movimentos da câmera não é apenas uma distração; ela prejudica significativamente a imersão visual. E não é necessário esperar muito para encontrar esse contratempo durante a jogatina. Logo na área inicial, os primeiros sinais desse problema se destacam.

Além disso, é evidente uma considerável inconsistência na taxa de quadros. As variações são significativas e mais pronunciadas no início da aventura.

Curiosamente, à medida que aprimoramos os equipamentos e prosseguimos com a exploração, observamos uma melhoria no quadro geral. No entanto, mesmo após o lançamento de dois pacotes em dezembro, o problema persiste.

A situação se agrava no aspecto multiplayer, onde a gama de falhas se estende tanto para sessões públicas quanto para salas privadas. Desconexões, problemas de sincronização e a perda de progresso podem comprometer significativamente a experiência dos jogadores de forma geral.

O alto ping para a região brasileira é outro problema que merece destaque. Não se pode esperar conexões tão fluídas como em EA FC 24, Fortnite e outros jogos multiplayer, nos quais a estabilidade é mantida para partidas competitivas. Aqui, você pode se deparar com números ultrapassando a casa dos “70 de ping”.

Juntamente com os problemas de desempenho e conectividade, as animações dos dinossauros não correspondem ao que é exibido na tela. O jogador pode estar fora do alcance de um dos monstros que atacam de curta distância e sofrer dano mesmo assim.

Para obter uma experiência menos problemática, optamos por partidas em servidores privados. Isso permite que a criação de personagem não fique vinculada a um servidor que pode ou não estar lotado na próxima sessão.

No entanto, a evolução dos avatares não é transferida de um servidor para outro, exigindo um reinício constante do zero. Em algumas sessões, o personagem foi derrotado devido a falhas de conexão, agravadas por animações mal preparadas, resultando em situações caóticas.

Além disso, a localização em PT-BR apresenta uma qualidade bastante duvidosa nos menus. Muitos termos aparecem em espanhol, Português de Portugal ou permanecem em inglês, indicando uma falta de cuidado na tradução.

ARK: Survival Ascended: vale a pena?

Com o preço de R$ 224,50 na PS Store, ARK: Survival Ascended se torna uma proposta difícil de justificar. A experiência comprometida pelas falhas técnicas acaba colocando em cheque a relação custo-benefício. Além disso, as melhorias não são suficientes para validar um investimento adicional a fim de obter a experiência no PS5, já que nada funciona como em um jogo de atual geração.

Apesar de tão divertido quanto o original, os aprimoramentos não tornam o jogo desenvolvido na Unreal Engine 5 mais atrativo.

O peso do custo-benefício inclina-se mais para o lado de um “prejuízo” ao adicionar o jogo à biblioteca, pelo menos com as atualizações feitas até o momento. A Studio Wildcard prometeu expandir ainda mais o jogo em 2024, e, como acontece com outros jogos contínuos, talvez ele possa ser salvo.