Review

[Análise] LEGO DC Super Villains: Vale a Pena?

O jogo tem novidades bacanas, mas focando ainda em um gameplay que dá sinais de cansaço.

por Hugo Bastos
[Análise] LEGO DC Super Villains: Vale a Pena?

LEGO DC Super Villains coloca o jogador na pele dos vilões. Nada de Batman, Superman, Mulher Maravilha e a Liga da Justiça. Agora, você controla um recruta novato, que caiu nas graças de Lex Luthor, e tem que trabalhar com outros vilões (que você também controla).

O novo título da franquia LEGO surpreende com gráficos mais aprimorados e um estilo de movimentação e câmera mais dinâmicos e imersivos. A imensa gama de possibilidades de personalização e a proposta do protagonista também agradam.

No entanto, o jogo perde um pouco de sua beleza, uma vez que a história se torna bastante previsível. Ademais, a jogabilidade conta com algumas novidades. Mas mostra, finalmente, que a franquia precisa se reinventar. Com urgência.

O bom é ser mau

Simples e direta, a história gira em torno dos vilões que precisam se tornar heróis, por conta de vilões ainda piores. A Liga da Justiça desapareceu, e um grupo de “super-heróis” intitulado Sindicato da Justiça aparece para tomar seu lugar. Com motivos nobres e motivações, nem tanto, eles passam a “proteger” a cidade dos bandidos.

1
O Coruja, parte do Sindicato da Justiça. Fonte: LEGO DC Super Villains

Empenhados em descobrir a real sobre estes novos seres, os vilões mais malignos terminam por se aliar aos heróis que restaram neste mundo, e tentar parar este novo grupo. Algo do tipo “o inimigo do meu inimigo”. O problema é que isso se desvia da proposta e acaba sendo frustrante.

Você termina não jogando com vilões “per se”. Você será o cara que salva o dia. É inegável que a narrativa é interessante, e que se desenvolve de forma fluida e divertida. E, lógico, é necessário se levar em consideração o público-alvo do título. Mas analisando-se friamente, não é a proposta que se esperava.

2
Você começa lutando contra os mocinhos, para no final todos se unirem contra um mau maior. Fonte: LEGO DC Super Villains

Há ainda a possibilidade de ver as coisas por outros olhos (sem spoilers para não estragar a surpresa), como no primeiro LEGO Batman. Um motivo a mais para o jogador terminar a jornada.

Vendo as coisas sob outra perspectiva

LEGO DC Super Villains tem dois pontos excelentes, que merecem ser destacados. O primeiro é a qualidade audiovisual do título. Até mesmo quem não é acostumado a video games (fato real), nota uma qualidade gráfica absurda em relação a outros jogos. É quase como brincar com um set de montar de verdade.

Mesmo sendo um jogo LEGO, as estruturas, design das fases, cenários… Tudo é muito “realista”. Um destaque interessante vai, ainda, para o jogo de câmeras que o título tem em determinados momentos, especificamente contra chefes. Ela desce ao nível dos personagens na arena, e se movimenta junto com eles. Uma sacada interessante.

3
As lutas contra os chefes do jogo são uma beleza a parte. Fonte: Lego DC Super Villains

O jogo ainda apresenta uma dublagem extremamente competente, com o retorno de diversas vozes originais (de outros jogos LEGO DC e de outras mídias). Apenas um ou outro erro é percebido e apenas por ouvidos e olhos mais atentos. Mas nada que venha a prejudicar a experiência.

Tudo do meu jeito

O segundo ponto é a proposta de imersão que LEGO DC Super Villains traz. Primeiro, você joga com um recruta. Algo seu, criado por você,  que você controla. Apesar de não tê-lo inserido em todos os momentos do jogo, o Recruta acaba sendo parte integrante da história. E em determinado momento, o ponto crucial da narrativa.

4
Seu recruta pode ser o que quiser. Fonte: LEGO DC Super Villains

Para dar ainda mais imersão, o jogador pode (e deve) personalizar o novo vilão (ou herói) como desejar. E verdade seja dita: poucas vezes se observou um nível de personalização como o visto neste título. Absolutamente tudo pode ser modificado à vontade do jogador.

Quer uma barba maneira, um bigode estiloso, ou os dois? Você pode. Ah, quer braços, pernas, ou até mesmo olhos diferentes no mesmo personagem? Você também pode. “quero criar um boneco bombadão com voz fina”. Sim, você pode. Este é um dos melhores momentos do jogo: sua criatividade está liberada para criar o protagonista ao seu gosto.

5
Um faquir oriental com duas espadas, monóculo, capa e que solta raios pelos olhos? Por que não? Fonte: LEGO DC Super Villains

Com isso, o jogador realmente sente-se parte da narrativa. Claro, por ser um protagonista silencioso, o recruta “não é muito de se expressar”, o que os outros personagens remarcam o tempo todo. Mas ainda assim, esse nível de imersão e detalhes é algo poucas vezes visto em outros jogos, e inédito na franquia LEGO.

Os sinais do envelhecimento

Tendo em vista estes pontos, LEGO DC Super Villains é um jogo excelente, certo? Bom, nem tanto. Apesar de se destacar nestes aspectos, o jogo é o primeiro onde os sinais de que a franquia precisa se reinventar. Uma narrativa diferenciada, com um nível de imersão fora do comum não são capazes de esconder as mesmices da jogabilidade.

Vá de um ponto a outro, resolva quebra-cabeças, encontre peças escondidas, monte estruturas, enfim. Tudo o que, de alguma forma, já foi visto e experimentado em outros jogos da franquia foi aproveitado neste. Estes “sinais de envelhecimento” já se mostravam em outros jogos anteriores, mas estão mais escancarados neste aqui.

6
A cidade é bem grande. Muita coisa para fazer, mas nada que ainda não tenha feito antes. Fonte: LEGO DC Super Villains

Fora isso, não há um diferencial, algo que realmente destaque-o no cenário de jogos LEGO. O título anterior, LEGO Os Incríveis já se mostrava datado, mas veio com algumas mecânicas bem diferenciadas, que trouxeram um ar de novidade. Falta isto em LEGO DC Super Villains.

Jogar com um amigo/parente no modo cooperativo local torna as coisas menos chatas, e dá um ar mais divertido ao gameplay. No entanto, o pensamento “em time que está ganhando não se mexe” talvez esteja começando a ser uma barreira para os futuros jogos LEGO.

LEGO DC Super Villains: Vai encarar?

No final, LEGO DC Super Villains se torna um jogo mediano, com destaques gloriosos, e jogabilidade repetitiva e morna, que derruba a qualidade do título. É certo que muitas de suas qualidades não devem ser ignoradas, especialmente em se tratando do nível de detalhes gráficos e da personalização.

7

Isso, por si só, contudo, não é um balizador para recomendar o jogo. A cada novo lançamento, a TT Games/WB Games lançam um jogo ainda maior, recheado de missões para fazer, mas que se resumem às mesmas atividades. E isso não passa despercebido, mesmo para o maior fã da saga.

Aqui fica claro que há uma necessidade de reinventar-se. Trazer coisas novas, mostrar coisas novas, buscar algo que se destaque como um todo e que traga um frescor à franquia. Explorar mais as possibilidades de personalização, trazer de volta o modo online, enfim. São vertentes a serem exploradas.

LEGO DC Super Villains é um bom jogo, mas que será melhor aproveitado quando sair em alguma promoção maneira.

Hugo Bastos
Hugo Bastos
Publicações: 664
Jogando agora: Nada no momento.
Hugo Bastos e revisor do Meu PS4, apreciador de uma boa comida, e de platinas difíceis. E viciado em Rogue Legacy, OlliOlli2, Dead Cells, e não dispensa uma boa noite de jogatina.