Review

Control: vale a pena?

Novo jogo da Remedy é candidato a levar prêmios no fim do ano?

por Thiago Barros
Control: vale a pena?

Faz quase um mês que escrevi aqui que a missão de Control era superar Quantum Break. Agora, depois de terminar a história de Jesse Fadens, a certeza é de que a Remedy deve estar muito feliz com o que produziu. Uma história envolvente e um gameplay excelente fazem deste um dos melhores títulos de 2019 até agora.

As avaliações positivas na imprensa ajudam a provar isso. No Metacritic, ele passa Quantum Break, e com certa facilidade: 81 a 66 (por enquanto). E não é à toa. Control, sem dúvidas, é mais jogo. Visual, história, jogabilidade, imersão, áudio, RPG… É muito interessante. Tem suas falhas técnicas, mas é agradável. Perturbador. Viciante.

A primeira frase de Control já diz muito sobre o game: “Isso vai ser mais estranho do que o normal”, diz Jesse, em um diálogo que não sabemos com quem é. Conosco, talvez? Nas horas seguintes da jornada, o jogador descobre do que se trata. Toda a trama por trás de um mundo muito louco dentro de um prédio inspirado no FBI.

Control e o Mundo Invertido

O cenário da aventura de Jesse em Control lembra muito o Laboratório de Hawkins, que ficou imortalizado na série Stranger Things, da Netflix. É o chamado “Federal Bureau of Control”, uma organização que mistura realidade e misticismo em um prédio que é todo dividido em áreas.

E, assim como no seriado, tem áreas “limpas” e outras “contaminadas”. Só que não tem Mundo Invertido ou Demogorgon por aqui, mas sim algo chamado “Ruído”, ou “Hiss” em inglês. É uma espécie de “entidade” que deixa tudo no prédio muito louco. Não que esse Bureau já não seja maluco, com paredes que se movem e coisas do tipo.

Porém, com o Ruído, tudo fica pior. Pessoas ficam levitando pelos cenários, como em um transe, e outras são corrompidas a ponto de te atacarem. Guardas, executivos e diversas criaturas bem esquisitas que foram “criadas” com a ajuda da “entidade”. É um cenário já bastante complexo por si só, não é?

Pois bem, adicione “múltiplas realidades”, como um multiverso, e você estará no meio da trama de Control. No fim das contas, porém, é tudo sobre como Jesse e seu irmão foram expostos a um evento sobrenatural encoberto pelo Control na infância, e agora, 17 anos depois, ela encontrou a organização e quer respostas sobre o que houve com Dylan.

Ou seja, bichos misteriosos e combates frenéticos à parte, é uma história sobre família. Sobre ir atrás de quem lhe fez mal e também machucou quem você ama. E, claro, tem diversos plot twists e revelações que ninguém está esperando. Não daremos spoiler no review, mas o que você precisa saber é: o enredo é um dos pontos fortes de Control.

A forma como a narrativa se desenrola é muito interessante, a construção da personagem principal é bem feita e o ritmo de como as informações vão sendo coletadas e assimiladas também agrada. O final é algo que vai sendo construído a cada “revelação” do jogo e, por mais que fique claro em um dado momento, ainda assim é recompensador.

Você, realmente, em Control(e)

E o que dizer do gameplay de Control? Flutuar, esquivar, pegar objetos só com a força da mente e arremessá-los nos inimigos e, claro, usar uma arma que pode se transformar de cinco maneiras diferentes. A jogabilidade é muito fluida, todas essas ações são feitas sem nenhuma problema e, certamente, esse é um aspecto que se torna um pilar do game.

A começar pelas habilidades da protagonista – que você só desbloqueia se for curioso. Os poderes de Jesse são todos liberados em sidequests, exceto os mais básicos. O escudo e controlar a mente de um oponente, por exemplo, são em missões simples, mas que não fazem parte do arco principal da narrativa.

Conforme você vai cumprindo objetivos, vai ganhando pontos de habilidade para aumentar os níveis de cada habilidade. Desde sua saúde até o tempo que você consegue voar. Além disso, há modificações para as armas e para a própria Jesse, dando bônus como 20% de vida extra ou maior velocidade de disparo.

O level design do jogo também contribui bastante para a experiência. Os setores, os locais em que você encontra inimigos, a ambientação… Tudo é muito bem feito. Além, claro, da forma como a história é contada. Se você jogar com um fone de ouvido, então, vai sentir exatamente a confusão que parece ser a mente de Jesse. É incrível.

Nesse aspecto, é preciso destacar a incrível sequência final, quando Jesse, enfim, descobre a verdade, e um pouco antes disso, o “Labirinto do Cinzeiro”. Essa é uma das fases mais bem construídas dos jogos de ação da geração. Tanto quando você entra lá por engano quanto, principalmente, quando o jogador chega a ela na hora certa.

A trilha sonora, as animações do cenário, os combates… Caso você esteja curioso e não se importa com spoilers ou não pense em comprar o jogo agora, esse vídeo mostra o motivo dele ser tão incrível. A missão “Polaris”, que encerra o game antes do epílogo, que também tem contornos épicos, é a cereja do bolo após uma aventura memorável.

Em termos de gameplay, não há o que criticar em Control. Ele funciona exatamente como tem que ser. Checkpoints, viagens rápidas, customização, movimentos, combate. Tudo é executado com maestria. Se há um detalhe que poderia ser um pouco mais “justo” é em algumas fases haver checkpoints que não necessariamente são os pontos de controle.

Em “Polaris” mesmo, é preciso limpar cinco ondas de inimigos, em cenários bem abertos, para conseguir “zerar” o jogo. Tudo em uma sequência, sem morrer. Se você falhar lá na última onda, tem que voltar para a primeira. Além disso, não há ferramenta de seleção de dificuldade – o que nem é tão necessário na maior parte do jogo, mas poderia estar ali.

Vale destacar ainda as interações com o cenário (que é quase todo destrutível), o grande número de colecionáveis, as várias sidequests (que dão ao jogo uma vida útil maior para quem curte coletar troféus) e a a boa localização nas legendas (tem um errinho aqui ou outro ali, mas no geral é bem positiva).

Os Easter Eggs também são legais. Para quem jogou Alan Wake, então, é um prato cheio. Sem contar a presença de Hideo Kojima como um personagem. A trilha sonora, e todo o trabalho de áudio do jogo, são outros pontos que merecem todos os elogios. Eles dão ao game uma vibe que seria totalmente diferente se não houvesse tanto carinho no quesito.

Desempenho fora de Control(e)

Só que tudo que Control tem de envolvente e divertido é posto à prova com a performance pífia apresentado no PS4 Pro – plataforma usada para a avaliação do Meu PS4. Quedas de frames e travamentos constantes, além de loadings super demorados, fazem com que sua experiência seja bem menos agradável do que deveria. E muita gente já relatou isso.

Os cenários são bem construídos e os gráficos são bacanas, tirando um detalhe ou outro (como os fios de cabelo de Jesse). A fotografia do jogo é bem interessante e, em várias ocasiões, o jogador que se interessa por isso, vai querer fazer capturas de tela (e, muito em breve, usar o Modo Foto).

A interação com os cenários também é incrível. Você pode quebrar quase tudo o que vê pela frente com suas habilidades paranormais e armas. Contudo, de nada adianta esse trabalho visual todo se o jogo não é reproduzido corretamente. Segundo os analistas da Digital Foundry, por exemplo, o número de fps chega a 10 em algumas cenas.

Isso é inadmissível, e espera-se que a Remedy corrija essas falhas com um patch, o mais rápido possível. Afinal, é injusto o jogador comprar um game caro, que pode custar mais de R$ 330 (edição Deluxe), para ter um desempenho tão ruim. Sem falar nos travamentos, que são bem constantes, especialmente ao final de missões e no loading.

São esses problemas que pesam negativamente na avaliação de Control, e fazem com que seja impossível colocá-lo no mesmo patamar de outros grandes títulos do ano, como KH3, Resident Evil 2 e até Sekiro: Shadows Die Twice, por exemplo. Em história e jogabilidade, não deixa a desejar em nada. Só que essas bizarrices técnicas…

Control: vale a pena?

Apesar dos problemas, é impossível dizer que Control não vale a pena. No fim das contas, só fica a sensação de que ele tinha tudo para ser um jogo com nota 9 ou superior, e entrar para a galeria dos melhores da geração.

A narrativa é ótima e a jogabilidade irretocável. Os gráficos não chegam ao nível de um God of War e um Marvel’s Spider-Man, e por isso, talvez ele não fosse um 10/10. Porém, se não houvesse as quedas absurdas de frame e travamentos constantes, certamente Control seria muito melhor avaliado – aqui e em outros sites.

Ainda assim, ele é um jogo recomendado para quem curte aventuras em terceira pessoa, com histórias bacanas e um quê de sobrenatural – algo que costuma fazer bastante sucesso nos games.

Jesse é uma personagem carismática, o jogo tem uma variedade de elementos bacanas (considerando a sua jogabilidade) e, sem dúvidas Control é uma grata supresa. Resta só torcer para que a Remedy lance um patch, conforme prometido, para deixá-lo “perfeito” também na performance. Pois ela, infelizmente, é inaceitável.

Veredito

Control
Control

Sistema: PlayStation 4

Desenvolvedor: Remedy Entertainment

Jogadores: 1

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85 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Enredo envolvente
  • Gameplay excelente
  • Sidequests interessantes
Desvantagens
  • Travamentos
  • Quedas de FPS
Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Avatar: Frontiers of Pandora
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.