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Alex Kidd in Miracle World DX: vale a pena?

Jogo faz apelo à nostalgia, mas peca na jogabilidade pouco melhorada

por Raphael Batista
Alex Kidd in Miracle World DX: vale a pena?

Mario está para a Nintendo, assim como Alex Kidd está para o Master System. E nada mais justo do que trazer esse icônico personagem uma releitura fidedigna ao conteúdo original, tendo um charme único e outras novidades. Alex Kidd in Miracle World DX é uma boa homenagem ao clássico, mas talvez fique restrito a isso.

O título da SEGA remete às emoções estressantes dos games difíceis da época dos anos 80-90, mas também conta com um estilo bem contemporâneo. A história funciona como pano de fundo, e a experiência tenta se sustentar ao apelo pela nostalgia e na jogabilidade desafiadora.

Ligue o videogame e jogue

Alex Kidd in Miracle World DX volta à época que os jogadores não buscavam uma experiência narrativa ou uma história envolvente. Na verdade, o título é inteiramente dedicado ao gameplay e na superação dos desafios.

Existe uma história como pano de fundo, mas com a função apenas de apresentar os heróis, vilões e o universo do protagonista. O plot é simples: Alex Kidd é o campeão escolhido para libertar o reino do Imperador Jaken, que deseja oprimir a todos. Uma jornada clássica sobre bem versus mal.

Não há necessidade de entrar nos detalhes acerca do enredo porque o próprio jogo não se preocupa em desenvolvê-lo. Ele está ali apenas para ser o motivador das ações dos jogadores e construir o mundo dos desafios.

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O jogo conta com uma premissa simples: sobreviva aos desafios espalhados pelas fases.

Diversão ou superação?

A ênfase do game é justamente a jogabilidade e, por isso, vamos nos atentar mais a esse elemento. Assim como o clássico no Master System, a versão remasterizada oferece desafios ao longo das suas fases que exigem movimentos precisos para derrotar os inimigos e/ou superar os obstáculos.

O gameplay é básico com comandos de pulo, ataque e habilidades especiais disponíveis nas caixinhas destrutíveis. Além disso, é possível comprar melhorias consumíveis no início do estágio, que permanecem no inventário até o jogador morrer.

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Os cenários são simples, mas sempre trazem uma diversão específica.

Os jogadores podem adotar a abordagem de derrotar cada um dos inimigos e destruir todas as caixas para descobrir os colecionáveis (que fazem referências à franquia Alex Kidd) ou assumir o lado speedrun, pulando e correndo até o fim do estágio. Às vezes, é preciso ir com calma e, em outros momentos, a velocidade é essencial.

Embora a premissa do game seja a dificuldade, nem todos os cenários testam a habilidade. Os últimos estágios, principalmente o Castelo Final, exigem paciência e uma certa dose de memória para notar os padrões. São nesses momentos que a essência Alex Kidd se mostra: brutal, impiedosa e punitiva.

Os jogadores possuem três vidas para completar o estágio — chegando ao final delas, eles voltam para o início. É muito comum encontrar o chefe final e, utilizando a última vida, retornar para o início da fase. É frustrante, mas é sobre isso que Alex Kidd é.

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Alex Kidd tenta colocar os jogadores em fases com desafios e dificuldades específicas.

O calcanhar de Aquiles

A jogabilidade é o ponto forte de Alex Kidd in the Miracle World DX, mas também é onde se encontra os principais problemas. Os mais críticos entre eles são os comandos com um leve atraso nas respostas e a movimentação esquisita do herói.

No primeiro caso, as respostas do jogo possuem um pequeno delay que, infelizmente, causa muitas mortes. Em lugares onde os inimigos são mais velozes e o cenário conta com armadilhas, é comum o jogador morrer porque o game não executou corretamente as ordens. Em um game onde a dificuldade exige precisão, isso é um grande defeito.

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A falta de um controle preciso causa muita raiva na hora dos verdadeiros desafios.

No segundo exemplo, a movimentação do personagem principal é esquisita. Em títulos de plataforma, cada centímetro do posicionamento do herói conta, por isso, é muito importante ter controle completo dele. No entanto, durante a aventura, o protagonista parece que desliza por todos os cenários como se utilizasse patins no lugar das botas. Os players levarão danos não pela falta de habilidade, mas sim, porque o game não dá uma resposta correta.

Uma versão especial

Alex Kidd in Miracle World DX faz um ótimo trabalho de resgatar a nostalgia, mas também entrega um novo conteúdo para os tempos modernos. O visual completamente transformado é de encher os olhos – às vezes com efeitos até exagerados, mas os cenários são bonitos, coloridos e com detalhes legais.

No entanto, para quem é old school mesmo, é possível alternar para o estilo retrô igual à versão do Master System. Com apenas um botão (R2), todos os ambientes, personagens e músicas retornam para os anos 80 e convertem o jogo num verdadeiro clássico.

Vale uma menção especial para as músicas que foram remasterizadas e trabalhadas para encaixar em cada cenário ou luta contra chefão. Jogar Alex Kidd in Miracle World DX sem o som é perder uma boa parte da experiência que emociona, empolga e cria a tensão em fases difíceis.

Durante a campanha, os jogadores passarão por estágios que não existiam no game original e enfrentarão desafios especiais. São lugares com um nível de dificuldade mais elevado, enquanto outros ambientes servem mais para a diversão.

Além disso, há um modo de jogo simples e divertido onde é possível enfrentar os principais chefões em sequência com apenas uma vida. É uma tarefa um pouco complicada que exigirá dos players dominarem o “jokenpô” e serem rápidos, hábeis e mortais.

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A fase do deserto é uma das novidades inseridas no game.

Vale a pena retornar ao clássico?

Alex Kidd in Miracle World DX é um produto voltado para os fãs. O apelo à nostalgia é seu principal elemento com a jogabilidade replicada do Master System e os visuais transformados para dar “uma nova cara” ao simpático personagem.

Os jogadores conseguirão terminar a campanha rapidamente se dominarem os cenários — concluindo todas as fases em até quatro horas. O tempo pode até dobrar se eles tentarem coletar todos os troféus.

Para os gamers que não conhecem a história de Alex Kidd, não sentirão tanto apego ao game. As falhas do gameplay incomodam nos momentos críticos e as opções clássicas não são um atrativo para quem não é fã.

Veredito

Alex Kidd in Miracle World DX
Alex Kidd in Miracle World DX

Sistema: PlayStation 4

Desenvolvedor: Jankenteam

Jogadores: 1

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65 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Apelo à nostalgia
  • Remasterização dos cenários e das músicas
  • Um clima divertido nas fases
Desvantagens
  • Jogabilidade sem precisão
  • Bugs que causam mortes aleatórias
  • Pouco atrativos para os novatos
  • Duração relativamente curta
Raphael Batista
Raphael Batista
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Jogando agora: Dragon Age: The Veilguard | LEGO Horizon Adventures
Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.