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Alan Wake Remastered: vale a pena?

Por um preço razoável, amantes de boas histórias single player podem se apegar ao game

por Vinícius Paráboa
Alan Wake Remastered: vale a pena?

Há 11 anos, a Remedy Entertainment lançava no PC e Xbox 360, Alan Wake, um jogo de terror que conquistou muitos fãs, especialmente por se focar na história. Agora, a empresa traz Alan Wake Remastered, para os jogadores de PlayStation terem a oportunidade de experimentar a aventura.

O título chega com diversas melhorias gráficas, um gameplay mais fluido em 60 FPS e dois DLCs. Sua conexão com Control, o outro jogo da Remedy, também é um excelente atrativo para quem quiser jogá-lo.

Apesar das boas novidades, Alan Wake Remastered ainda escorrega em alguns probleminhas técnicos. Não só isso, mas também não chega a ter uma jogatina assustadora — o medo vem mesmo através da narrativa.

Um escritor frustrado

Quem jogou Alan Wake (2010) já conhece a história, mas é sempre bom recapitulá-la. O protagonista homônimo ao jogo, é um escritor de uma série de best-sellers — não existe uma alma viva naquele universo que não tenha lido uma de suas obras. Entretanto, ele está passando por um baita bloqueio mental.

Para tentar ajudá-lo a superar essa fase ruim, sua esposa Alice sai de férias com ele. O destino? Um chalé no meio do lago Cauldron, na pacata cidade de Bright Falls. Ambiente favorável para um artista se inspirar e voltar aos seus melhores dias, correto? Nem tanto.

Alice, que possui nictofobia (medo do escuro), é sequestrada por uma entidade e afunda na escuridão do tal lago. Agora, cabe a Alan procurar por ela em meio à noite, onde diversos espíritos aparecem para lhe tirar a vida. Para ficar a salvo, só lhe resta ficar em ambientes iluminados, onde esses seres enfraquecem.

Alan Wake Remastered: Alan Wake em meio a noite
A luz é o único lugar seguro (Foto: Vinícius Paráboa)

A narrativa é o forte de Alan Wake Remastered. É nela onde o jogador sente o medo imposto pelo gênero de terror e entende as motivações do personagem, bem como suas angústias. A história é muito bem amarrada e, intencionalmente, deixa pontas soltas em seu final — nas quais são objeto de discussão entre os fãs até hoje.

Outro fator pelo qual seja interessante dar uma chance ao game, é o universo compartilhado da Remedy. Control, o outro título da empresa, ocorre no mesmo mundo de Alan Wake e possui referências ao mesmo. O DLC “AWE” até serve como uma sequência aos eventos presenciados pelo escritor.

No fim das contas, a única ressalva em relação à história fica por conta dos personagens secundários. Apenas Barry Wheeler, o melhor amigo de Alan, é carismático o suficiente para os jogadores se apegarem. Cynthia Weaver, Sarah Breaker e Robert Nightingale acabam caindo no esquecimento.

Barry Wheeler em Alan Wake Remastered
Barry é um personagem super carismático (Foto: Vinícius Paráboa)

Jogabilidade de Alan Wake Remastered não assusta

É comum que em jogos de terror, o jogador sinta medo de progredir pelos mapas. Afinal de contas, alguma armadilha ou monstro podem estar à espreita e tornarem sua vida mais difícil. Mas calma, não há o que temer: os perigos de Alan Wake Remastered não assustam.

Conforme o player avança pelos cenários escuros, diversas entidades assolam Alan. E embora ser perseguido não seja o melhor dos sentimentos, é possível saber quando esses seres vão te atacar: tudo por conta da trilha sonora.

A música até constrói um ambiente sombrio e assustador, mas também denuncia o momento no qual uma entidade está próxima do protagonista. É só prestar atenção à sonoridade intensa e pronto, os inimigos iniciam o combate. Tal elemento quebra o que seria um “jump scare”.

Alan Wake Remastered: Alan contra seus inimigos
Inimigos e combate não assustam (Foto: Reprodução)

Para se defender desses espíritos, Alan utiliza uma lanterna. Basta mirar a luz do objeto em um deles, até certo ponto, onde haverá como atingi-los. Aí, basta atirar com sua arma (seja um revólver, escopeta, rifle ou pistola sinalizadora) para mandá-lo para o outro mundo.

A ação funciona bem em Alan Wake Remastered. Os combates ocorrem com muita frequência, e o jogador não sente estar em um ambiente monótono. O problema é a repetitividade: derrote adversários, chegue em um poste de luz, continue, repita o processo. Não existe quase nenhum puzzle para quebrar essa rotina.

Por fim, há os itens colecionáveis. Nos cenários, o protagonista pode coletar páginas de manuscritos, que detalham a história do jogo, e garrafas térmicas de café. Esses elementos incentivam o player a explorar, caso busque um desafio a mais.

Gráficos melhores do que nunca

Quando falamos de remasterizações, muitas pessoas confundem-nas com remakes. Então vamos direto ao ponto: a Remedy não refez Alan Wake do zero. Um remaster é uma forma de portar o game para plataformas mais recentes, com melhorias técnicas aqui e acolá.

Dito tudo isso, Alan Wake Remastered se sai bem ao elevar seu patamar gráfico. Os ambientes estão bonitos, e os personagens mantiveram suas respectivas essências. O ponto negativo é que por se tratar de um jogo de “luz vs. escuridão”, talvez, a produtora precisasse incluir ray tracing, mas não o fez.

Alan Wake Remastered: floresta e Alan
A luz do dia é reconfortante (Foto: Vinícius Paráboa)

No PlayStation 5, os tempos de carregamento são bem pequenos, o que deixa a experiência dinâmica. O DualSense também participa da aventura: é possível sentir os passos de Alan pelo cenário com o feedback tátil, bem como utilizar o L2 como um gatilho adaptável — pressionar o botão até a metade mira a lanterna, enquanto apertá-lo até o fim ativa a luz forte contra seus inimigos.

Infelizmente, a grande falha técnica do título fica para as cutscenes. Quedas de FPS são regulares, quando a câmera se movimenta rapidamente por um ambiente ao exibir a paisagem de um local, por exemplo. Quando comparamos essas cenas ao gameplay, este tão fluido, é difícil de entender porque isso ocorre.

Cutscene de Alan Wake Remastered
Cutscenes possuem quedas de FPS frequentes (Foto: Vinícius Paráboa)

Alan Wake Remastered: vale a pena?

Se você é um jogador de PlayStation ao longo de várias gerações, provavelmente, ainda não experimentou Alan Wake. O jogo passa longe de ser dispensável, principalmente para os amantes de uma boa história, mas pode afastar quem procura por um survival horror assustador e com “jump scares”.

O jogo possui seis capítulos, mais dois episódios por DLC — todos duram entre 2 e 3 horas, em média. Portanto, em 18 horas o jogador já terá concluído a saga, caso não saia atrás dos colecionáveis. Atualmente, isso pode parecer pouco, mas é bom lembrar que o título original é de 2010, quando o número era ótimo.

Alan Wake Remastered
Uma boa história sempre vale a pena (Foto: Vinícius Paráboa)

Na PS Store, Alan Wake Remastered sai por R$ 99,50 (com upgrade gratuito do PS4 para o PS5), um preço bem razoável ao compará-lo com outros lançamentos. Portanto, é uma “luz” em meio a escuridão de tantos jogos por mais de R$ 300.

Veredito

Alan Wake Remastered
Alan Wake Remastered

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Remedy Entertainment

Jogadores: 1

Comprar com Desconto
80 Ranking geral de 100
Vantagens
  • História misteriosa, assustadora e intrigante
  • Gráficos muito bons para uma remasterização
  • Gameplay fluido
  • Preço bom para os padrões atuais (com upgrade gratuito)
Desvantagens
  • Gameplay repetitivo e pouco assustador
  • Duração pode ser curta (depende do jogador)
  • Cutscenes com quedas de FPS
Vinícius Paráboa
Vinícius Paráboa
Editor
Publicações: 5.440
Jogando agora: Final Fantasy VII Rebirth, A Plague Tale: Requiem, Dragon's Dogma 2
Editor no MeuPlayStation. Fanático por Crash Bandicoot, God of War e pelo Grêmio.