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Agony: Vale a Pena?

Um jogo infernal e agoniante, no pior e mais literal sentido da palavra.

por Hugo Bastos
Agony: Vale a Pena?

Agony, em uma definição direta e simples, é uma total decepção. Essa análise poderia discorrer sobre os inúmeros e extensos motivos dessa afirmação. Controles ruins, atmosfera que falha em captar o verdadeiro sentido do jogo, bugs (bugs everywhere!), gráficos, etc, etc, etc. Você pode escolher.

Mas a maior das frustrações com este título é que ele tem potencial para ser bom. Pegue a premissa do jogo: uma alma atormentada no inferno. Amnésica. Que não faz a menor ideia do porque foi parar lá. E que, agora, precisa desesperadamente achar a saída, e enfrentar uma “divindade” no processo. Não tem como dar errado, certo?

Pois é. Esperava-se mesmo que os desenvolvedores tivessem sido realmente possuídos por entidades demoníacas, e que este fosse a representação literal do inferno. Não foi bem assim, no final.

https://www.youtube.com/watch?v=8PWnccgh90k

O inferno de Agony

Esta, talvez, seja a melhor coisa do jogo: a sua apresentação. A abertura do jogo é, de fato, impressionante. Seus primeiros momentos são deixando a vida e caindo no que, aparentemente, é a versão bíblica do inferno. “Onde haverá choro e ranger de dentes”, lembra?

Lá, completamente desmemoriado, a única coisa que preenche seus pensamentos é a Deusa Vermelha. A criadora dessa versão do inferno. Para escapar, você precisa encontra-la, o que por si só não será uma tarefa fácil. Além disso, precisará lidar com almas condenadas, que o acusam de ser o responsável por estarem lá.

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Depois dessa maravilhosa apresentação, o jogo não poderia dar errado, certo? CERTO? Fonte: Agony

Para ajuda-lo em sua busca, a entidade contará com habilidades que permitem a possessão de almas atormentadas e, posteriormente, de demônios neste inferno. Sua jornada será cheia de gritos de terror e paisagens obscuras, que remetem ao mais sombrio do imaginário humano.

E exatamente por isso, Agony é tão decepcionante. Com um enredo desses, e uma ambientação ousada, era quase certo que o jogo teria sucesso. Mas o produto final é algo completamente oposto.

Um tipo de pesadelo agoniante

Agony aposta demais em chocar o jogador pela sua apresentação gráfica. Grande parte do conteúdo nesse aspecto remete a órgãos sexuais. Você verá muitas almas atormentadas hermafroditas, demônios em orgias, e coisas do gênero. E nada disso causa espanto, mas apenas faz ter certeza que houve um severo bloqueio nas ideias do desenvolvimento.

A parte do “terror” fica relegada a gritos e sussurros, sons de estripamento, e um grande número de cabeças explodindo. Não experiência de medo real aqui. Aliás, todo o jogo é um grande mar de vísceras e sangue. Não parece o inferno, mas o interior de um abatedouro humano. Isso não causa medo, mas repulsa.

Agony
Ao que tudo indica, o inferno é o interior de alguma entidade demoníaca, não o fogo e enxofre que imaginávamos. Fonte: Agony.

Fora que os cenários são bem mal executados. Muitas vezes, o jogador dará com a cara na parede, sem saber para onde ir ou o que fazer. Isso, por si só, não é ruim: a sensação de estar perdido até contribuiria para uma atmosfera mais sombria. Mas aqui isso é tão mal executado que causa apenas frustração e tédio.

E agora, o caminho sem volta

Mas então você pensa: “bom, ao menos o jogo deve ser bom, ter umas mecânicas diferenciadas, e gráficos condizentes, certo?”. Hummm. Não. Sonoplastia mal executada, gráficos muito abaixo da expectativa e controles ruins são apenas o começo.

O jogo sofre de todo tipo de problema imaginável. Bugs terríveis. A exemplo, temos o remapeamento total dos botões quando você apenas quer mudar a sensitividade dos movimentos. A IA é muito imprevisível e estúpida. E para completar, tem esse foco estranho em teor de cunho sexual.

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Há um grande foco em tentar constranger o jogador, ao invés de assustar. E isso não funciona bem. Fonte: Agony

A furtividade é outro ponto que não funciona. Primeiro, porque o jogo é escuro demais, mesmo com o contraste da TV no máximo. Uns podem argumentar “mas é para dar um ar mais sombrio”. Bom, Outlast usa esse mesmo recurso e ele não é tão quebrado. Aqui, o jogador é literalmente deixado às cegas.

Então, vem os demônios que o matam com um acerto. Você tem um tempo limitado para encontrar outro corpo para possuir. E precisa se esconder dos demônios de forma furtiva. Mas essas mecânicas, tão alardeadas durante o desenvolvimento do jogo, simplesmente não funcionam.

Os demônios o veem mesmo quando você não se move. Os ambientes são muito estreitos, por vezes, para poder escapar a uma investida. Os cenários também são construídos de forma irregular, e muitas vezes não é possível sequer desviar dos inimigos. E cadê as pilhas de corpos para se esconder?

Quero sair desse inferno!

Como dito acima, Agony passa longe de ser aceitável. E os motivos são vários. Mas o principal deles é a frustração que vem junto com os primeiros minutos de gameplay. Gráficos malfeitos, controles ruins, bugs e glitches que simplesmente destroem qualquer possibilidade deste jogo ser bom.

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O que vemos aqui é uma ideia fantástica ser destruída pela vontade de impressionar mais pela violência gráfica do que pelo medo em si. E nem isso o jogo consegue. Para completar, o conteúdo que precisou ser cortado do jogo, para que ele conseguisse ser classificado, e que estavam com a intenção de desbloquea-lo na versão para PC por meio de um patch futuro, não será mais readicionado ao jogo, por “problemas legais”.

Mesmo com localização para nosso idioma, com menus e legendas (mal) traduzidos, e um troféu de platina para conquistar, o jogo não se sustenta.

Como dito antes, eu queria gostar de Agony. Sinceramente. Esperava que este fosse, de fato, à altura de P.T. e todos os grandes jogos de terror de antigamente. Mas nem com um limiar de qualidade muito camarada. Ao invés disso, o jogo me fez dormir, literalmente.

Quem dorme em um jogo de terror?

Hugo Bastos
Hugo Bastos
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Jogando agora: Nada no momento.
Hugo Bastos e revisor do Meu PS4, apreciador de uma boa comida, e de platinas difíceis. E viciado em Rogue Legacy, OlliOlli2, Dead Cells, e não dispensa uma boa noite de jogatina.