OMS classifica vício em games como doença, e Sony promete ajudar
O vício em video games foi classificado oficialmente como doença na nova revisão do CID pela Organização Mundial de Saúde.
Inflamando ainda mais as discussões sobre o tema, a Organização Mundial de Saúde – OMS decidiu, na última semana, incluir oficialmente o “vício em games” em seu catálogo de doenças. A 11a revisão da Classificação Internacional de Doenças e Problemas de Saúde Relacionados (ICD-11) traz a descrição detalhada do que seria esse mal.
Com mais detalhes, o site Gamasutra lembra ainda que a discussão em torno desse assunto não são recentes, datando desde 2017. O assunto ganhou notoriedade em 2018, quando foi tornada pública a possibilidade de inclusão de “vício em games” como doença pela OMS. À época, diversas vozes se levantaram, contra e a favor.
Até mesmo o Meu PS4 fez um podcast sobre o assunto – relembre aqui. Já a descrição completa do que se trata a inclusão da nova doença no ICD-11:
Desordem associada a jogos é caracterizada por um padrão persistente e recorrente de comportamentos relacionados a jogos (digitais, ou video games), que podem ser online (pela internet), offline, manifestados por:
- Controle sobre a vontade de jogar prejudicado (ex.: início, frequência, intensidade, duração, término, contexto);
- Prioridade crescente dirigida a jogos, a tomar precedência sobre outras atividades corriqueiras ou interesses diários;
- Tempo de jogo contínuo ou escalar, apesar das ocorrências de consequências negativas. O padrão de comportamento é de suficiente gravidade para resultar em impedimento significativo em áreas funcionais, tais como pessoal, familiar, social, educacional, ocupacional, e outras importantes.
O padrão dos comportamentos descritos pode ser contínuo ou episódico e recorrente. O comportamento associado a jogos e outras características são evidenciadas geralmente durante um período de ao menos 12 meses, para que um diagnóstico possa ser dado.(…)
O documento foi oficialmente endossado pela mesa diretora da OMS, e deverá entrar em pleno efeito a partir de janeiro de 2022.
Reações contrárias à decisão da OMS
Por outro lado, diversas entidades se manifestaram contra. Em entrevista recente também ao site Gamasutra, a Entertainment Software Association – ESA, uma das principais vozes na indústria de entretenimento eletrônico, classificou tal movimento como “uma irresponsabilidade que banaliza os problemas mentais verdadeiros”
Ainda em sua manifestação, a ESA diz que “a OMS sabe que o senso comum e a pesquisa especializada já demonstraram que video games não são viciantes”, e que “assim como fãs ávidos de esportes, os jogadores são dedicados às suas atividades”.
Seguindo seu exemplo, diversas outras entidades da área, em conjunto, publicaram um manifesto aberto, criticando a decisão da OMS. De forma resumida, grupos como ESA, ESA Canada, IGEA (Australia e Nova Zelândia), entre outros, expressaram preocupação sobre tal conclusão, desconsiderando o consenso da comunidade acadêmica.
Por fim, destacam que apoiam um gameplay saudável, fornecendo ferramentas e informações para tal e que, como todas as coisas na vida, o equilíbrio é a parte essencial para uma atividade eletrônica segura.
Vício em games: Sony já se movimenta
“Já implantamos um sistema de restringir jogadores por idade e estamos tomando medidas baseadas nos nossos padrões”, disse Kenichiro Yoshida, CEO da Sony, em entrevista à imprensa japonesa.
Segundo ele, toda a indústria precisa se conscientizar disso e realizar ações de prevenção a esse distúrbio, que pode, sim, ser muito grave.